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O que foram as Revoluções Inglesas? Entenda a ascensão da burguesia na Terra da Rainha

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As Revoluções Inglesas são uma parte muito importante da história da Inglaterra. Pois foi por meio delas que a burguesia conseguiu chegar ao poder e modificar a estrutura política, econômica e religiosa do país.

Até hoje a Inglaterra colhe os resultados das revoluções, como a limitação do poder real e da nobreza.

Quer entender como isso aconteceu? Então continue lendo para aprender o que foram as Revoluções Inglesas.

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O que foram as revoluções inglesas?

Damos o nome de Revoluções Inglesas ao conjunto de transformações políticas e sociais que aconteceram na Inglaterra no século XVII. As duas principais foram a Revolução Puritana e a Revolução Gloriosa, que tiveram como resultado o fortalecimento da burguesia no país.

Além disso, elas deram fim ao absolutismo, reformulando o Estado e o papel do rei, de modo que a monarquia parlamentar fosse estabelecida de maneira definitiva em 1688.

Inclusive, temos um artigo sobre absolutismo em que explicamos todas as características desse sistema de governo. Leia para entender por completo.

Outra consequência das Revoluções inglesas foi o fortalecimento do Anglicanismo como religião de Estado, que foi algo iniciado cerca de um século antes.

Por isso, para entender bem o que foram as Revoluções Inglesas, vamos conhecer seus antecedentes.

Antecedentes das revoluções inglesas

Desde o começo do século XVI a Inglaterra passava por transformações muito profundas. Em 1534, o parlamento inglês emitiu um Ato de Supremacia, pelo qual declarava o rei como o único chefe da Igreja na Inglaterra.

Isso aconteceu em decorrência de problemas iniciados em 1527, quando Henrique VIII buscou a anulação de seu casamento com Catarina de Aragão, pois eles não tiveram filhos homens que garantissem a estabilidade da dinastia Tudor, da qual fazia parte. Mas isso foi negado pelo Papa.

Para realizar seu intento, Henrique recebeu as dignidades de chefe da igreja inglesa, separando-se de Roma. Isso não teve implicações apenas religiosas, mas também políticas e econômicas. Com a separação, as terras que pertenciam à Igreja foram confiscadas e transformadas em propriedades privadas individuais.

Isso possibilitou o longo processo de cercamentos das terras paroquiais, que dificultou o antigo uso coletivo delas. Antes disso, qualquer pastor poderia levar suas ovelhas para pastar nas terras da paróquia em que vivia, depois dos cercamentos isso foi impossível.

Outra modificação foi a supressão do imposto pago a Roma e a rivalidade entre católicos e anglicanos, principalmente com a marinha dos países, como a Espanha. Por isso, muitos piratas ingleses atacavam navios espanhóis para saqueá-los. Os produtos aqueciam o mercado inglês, enriquecendo a nação.

A rivalidade religiosa se estendia para a política. Não apenas entre católicos e anglicanos, mas entre anglicanos e puritanos, que eram a versão inglesa do Calvinismo. O puritanismo crescia principalmente entre a burguesia, pois lhe dava suporte ideológico para suas práticas econômicas e também para um discurso antiabsolutista.

Os Stuart, monarcas ingleses que sucederam a dinastia Tudor, notaram que se não freassem a burguesia no campo político veriam a monarquia ruir. Para isso, Jaime I, o primeiro rei Stuart, aumentou impostos, formou monopólios estatais e perseguiu os puritanos.

Óbvio que os prejudicados não iam deixar por isso mesmo. Eles ergueram uma confrontação contra o Rei Stuart na Câmara dos Comuns (um órgão do parlamento que era formado por pessoas que não eram nobres). A resposta do rei foi fechar o parlamento.

O parlamento só seria reaberto novamente no governo do filho de Jaime I, Carlos I. Porém, as relações continuaram hostis entre a coroa e a Câmara dos Comuns, chegando ao extremo da guerra civil, conhecida como Revolução Puritana.

Entender o que foram as Revoluções Inglesas é importante para saber o que foram as Revoluções Burguesas. Saiba mais com nosso resumo sobre elas.

O que foi a Revolução Puritana?

Para entender bem o que foram as Revoluções Inglesas precisamos saber que ela é dividida em duas fases: a Revolução Puritana e a Revolução Gloriosa.

A Revolução Puritana é a face violenta das Revoluções Inglesas, também conhecida como Guerra Civil Inglesa. Ela durou de 1642 a 1651 e teve como consequências a morte estimada de 15% da população e a instauração de uma república governada por Oliver Cromwell.

Em 1625 Carlos I subiu ao poder, sucedendo seu pai no trono, e se casou com Henrietta Maria, uma princesa católica francesa. Isso desagradou os puritanos, que tinham um terço das cadeiras do Parlamento. 

A situação se agravou graças à participação dos exércitos do rei em guerras europeias, pois elas eram consideradas cruzadas católicas.

O parlamento foi dissolvido em 1626, após os membros demitirem o duque de Buckingham do comando do exército, pois o rei achou isso um insulto pessoal.

Em 1628, um novo parlamento foi eleito, com Oliver Cromwell ocupando uma das cadeiras. Os parlamentares aprovaram uma petição de direitos exigindo:

  • O fim de detenções arbitrárias;
  • O consentimento do parlamento para todos os impostos;
  • A proibição do aquartelamento de soldados em casas particulares;
  • Proibição da lei marcial em tempos de paz.

Carlos I precisou recolher novas receitas e estendeu o imposto das cidades portuárias para todo o país, sem a aprovação do parlamento. Com o acirramento das polêmicas, novamente o parlamento foi dissolvido e só voltou a funcionar em 1640.

No retorno das atividades, os membros do parlamento aprovaram leis que obrigavam reuniões de três em três anos, como também impediam a criação de novos impostos pelo rei e permitiam o controle de seus ministros.

No mesmo ano, o parlamento mandou prender e executar um funcionário da administração de Carlos I, o católico Thomas Wentworth. Com isso, os católicos atacaram os puritanos, temendo um retorno protestante ao poder. Assim, a Guerra Civil Inglesa foi reiniciada.

Cromwell convocou a pequena burguesia e camponeses para formar o Novo Exército Modelo. Destacaram-se os Diggers, que eram radicais defensores da reforma agrária, e os Levellers, que defendiam a igualdade de direitos. Com esse exército, Cromwell derrotou as forças da coroa e iniciou uma ditadura militar.

Leia nosso artigo sobre a Reforma Protestante e Contrarreforma Católica para entender bem o que foram as Revoluções Inglesas.

República de Oliver Cromwell

A república de Cromwell foi proclamada em 19 de maio de 1649. O parlamento concedeu a ele o título de Lord Protetor.

Cromwell fez modificações políticas e econômicas que alavancaram a burguesia a postos cada vez mais altos na sociedade inglesa. Uma delas foi realizada pelos Atos de Navegação, de 1650, que proibiam o transporte de produtos ingleses em navios estrangeiros.

Porém, Cromwell passou a exercer o poder de maneira autoritária, ordenando o fechamento do parlamento e até mesmo o fuzilamento de lideranças dos Levellers que o apoiaram. Assim, percebeu-se que o único modo de se manter como Lord Protetor era uma ditadura militar ou a negociação com os agentes da velha ordem.

Em 1658, ele faleceu antes de reabilitar o parlamento e selar o acordo com seus membros. Seu filho, Richard Cromwell, tentou levar a política absolutista adiante, mas o parlamento tramou contra ele em benefício da monarquia e devolveu o poder aos Stuart e Carlos II assumiu o trono.

Teste seus conhecimentos sobre o que foram as Revoluções Inglesas com nossa lista de exercícios.

O que foi a Revolução Gloriosa?

Carlos II assumiu o trono em 1660, com a promessa de que respeitaria os interesses do Parlamento. Porém, tentou restaurar o absolutismo no país, aproximando-se de Luís XIV, o rei da França.

Além disso, ele iniciou campanhas de perseguição aos puritanos, que compunham a maioria do parlamento e repudiavam as atitudes do rei. Carlos II dissolveu-o e passou a governar sozinho até sua morte, em 1685. Seu irmão, Jaime II, assumiu o trono e reativou o parlamento, mas também buscou manter as práticas do predecessor.

Contudo, ele foi além e decretou uma série de medidas em favor dos católicos, com reação imediata dos parlamentares. Eles, temendo uma manobra pró-católica ainda mais firme, fizeram uma manobra política que evitasse um conflito armado. Convocaram Maria, a filha de Jaime II, e seu marido, Guilherme de Orange, para assumir o trono.

Guilherme invadiu a Inglaterra em 1688 e depôs Jaime II, que se exilou na França com a permissão do genro. Com isso, Guilherme se tornou o rei da Inglaterra, mas com poderes limitados pela Declaração de Direitos de 1689.

Por não ter havido derramamento de sangue, essa parte das Revoluções Inglesas ficou conhecida como Revolução Gloriosa.

Agora que você já sabe o que foram as Revoluções Inglesas, teste seus conhecimentos com algumas questões que separamos logo abaixo.

Questões sobre as Revoluções Inglesas

Um bom jeito de entender o que foram as Revoluções Inglesas é ver como elas são cobradas em questões de vestibular. Por isso, trouxemos duas questões para você responder. Confira o gabarito no final.

Questão 1 – (Unesp-SP) … o período entre 1640 e 1660 viu a destruição de um tipo de Estado e a introdução de uma nova estrutura política dentro da qual o capitalismo podia desenvolver-se livremente.

HILL, Christopher. A Revolução Inglesa de 1640. Lisboa, Presença, 1981.

O autor do texto está se referindo:

a) À força da marinha inglesa, maior potência naval da Época Moderna.

b) Ao controle pela coroa inglesa de extensão de áreas coloniais.

c) Ao fim da monarquia absolutista, com a crescente supremacia política do parlamento.

d) Ao desenvolvimento da indústria têxtil, especialmente dos produtos de lã.

e) Às disputas entre burguesia comercial e agrária, que caracterizavam o período.

Questão 2 – (Enem) TEXTO I 

Macaulay enfatizou o glorioso acontecimento representado pela luta do Parlamento contra Carlos I em prol da liberdade política e religiosa do povo inglês; significou o primeiro confronto entre a liberdade e a tirania real, primeiro combate em favor do Iluminismo e do Liberalismo.

ARRUDA, J. J. A. Perspectiva da Revolução Inglesa. Rev. Bras. Hist. n. 7, 1984 (adaptado)

TEXTO II 

A Revolução Inglesa, como todas as revoluções, foi causada pela ruptura da velha sociedade, e não pelos desejos da velha burguesia. Na década de 1640, camponeses se revoltaram contra os cercamentos, tecelões contra a miséria resultante da depressão e os crentes contra o Anticristo a fim de instalar o reino de Cristo na Terra.

HILL. C. Uma revolução burguesa? Rev. Bras. Hist. n. 7. 1984 (adaptado)

A concepção de Revolução Inglesa apresentada no Texto II diferencia-se da do Texto I ao destacar a existência de

a) pluralidade das demandas sociais.

b) homogeneidade das lutas religiosas.

c) unicidade das abordagens históricas.

d) superficialidade dos interesses políticos.

e) superioridade dos aspectos econômicos.

Gabarito comentado

Exercício resolvido da questão 1:

Alternativa correta: c) Ao fim da monarquia absolutista, com a crescente supremacia política do parlamento.

Como vimos, uma das transformações que ocorreram no fim das Revoluções Inglesas foi a limitação do poder através da Declaração de Direitos de 1689. Com isso, o Parlamento, principalmente a Câmara dos Comuns, passou a ganhar cada vez mais protagonismo.

Exercício resolvido da questão 2:

Alternativa correta: a) pluralidade das demandas sociais.

Christopher destaca mais agentes além do próprio Parlamento, como os camponeses, mostrando a pluralidade dos interesses e das demandas. Não foi apenas por liberdade, mas por muitas outras coisas.

As Revoluções Inglesas e as demais revoluções liberais são um tema constante da prova de Humanas do Enem.

E nós podemos te ajudar a se preparar para respondê-las!

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Esperamos que tenha entendido o que foram as Revoluções Inglesas. Bons estudos!

Categorias: História
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