Muitos estudantes se sentem intimidados ao encarar a redação, especialmente quando se trata do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Além disso, muitos acreditam que alcançar a nota máxima de 1000 pontos é algo impossível, ou que apenas alunos extremamente inteligentes conseguem atingir esse nível.
No entanto, não é bem assim. Com dedicação e a estratégia certa, alcançar pelo menos 850 pontos é uma meta completamente viável. O primeiro passo para isso é conhecer a estrutura da redação dissertativa-argumentativa, o formato exigido pelo Enem.
Neste artigo, vamos apresentar um modelo de redação que obteve a nota 1000, cujo tema foi “os desafios para a formação educacional de surdos no Brasil”. A redação está corrigida e comentada para que você possa aprender com os exemplos e aplicar as técnicas em sua própria escrita.
Por que é importante analisar um modelo nota 1000?
Um modelo de redação nota máxima apresenta todos os pontos e competências exigidas pelo edital do Exame Nacional do Ensino Médio, como estrutura básica de uma dissertação (introdução, conclusão e desenvolvimento), repertório, contextualização, entre outros pontos importantes. Por isso, nós do Beduka, resolvemos apresentar a você um desses modelos com correção e comentários.
Quem a escreveu foi o estudante cearense Marcus Vinícius Monteiro Oliveira. O tema é “Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil”, proposta da edição de 2017.
Primeiro ela será apresentada de forma integral e sem comentários. Em seguida, você verá a redação ENEM corrigida e comentada. Trata-se de um modelo
Uma redação nota máxima atende a todos os critérios e competências exigidos pelo edital do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Isso inclui uma estrutura básica de dissertação (introdução, desenvolvimento e conclusão), repertório sociocultural, contextualização adequada, entre outros aspectos importantes. Pensando nisso, nós do Beduka decidimos apresentar a você um desses modelos, já corrigido e comentado.
A redação foi escrita pelo estudante cearense Marcus Vinícius Monteiro Oliveira, com o tema “Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil”, proposta da edição de 2017.
Primeiramente, você verá a redação de forma integral e sem comentários. Em seguida, ela será apresentada corrigida e analisada, mostrando o porquê de ter atingido a nota máxima. Assim, você poderá entender exatamente o que é necessário para também alcançar uma nota 1000!
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Redação na íntegra:
No Brasil, o início do processo de educação de surdos remonta ao Segundo Reinado. No entanto, esse ato não se configurou como inclusivo, já que se caracterizou pelo estabelecimento de um “apartheid” educacional, ou seja, uma escola exclusiva para tal público, segregando-o dos que seriam considerados “normais” pela população.
Assim, notam-se desafios ligados à formação educacional das pessoas com dificuldade auditiva, seja por estereotipação da sociedade civil, seja por passividade governamental. Portanto, haja vista que a educação é fundamental para o desenvolvimento econômico do referido público e, logo, da nação, ela deve ser efetivada aos surdos pelos agentes adequados, a partir da resolução dos entraves vinculados a ela.
Sob esse viés, pode-se apontar como um empecilho à implementação desse direito, reconhecido por mecanismos legais, a discriminação enraizada em parte da sociedade, inclusive dos próprios responsáveis por essas pessoas com limitação. Isso por ser explicado segundo o sociólogo Talcott Parsons, o qual diz que a família é uma máquina que produz personalidades humanas, o que legitima a ideia de que o preconceito por parte de muitos pais dificulta o acesso à educação pelos surdos.
Tal estereótipo está associado a uma possível invalidez da pessoa com deficiência e é procrastinado, infelizmente, desde o Período Clássico grego, em que deficientes eram deixados para morrer por serem tratados como insignificantes, o que dificulta, ainda hoje, seu pleno desenvolvimento e sua autonomia.
Além do mais, ressalte-se que o Poder Público incrementou o acesso do público abordado ao sistema educacional brasileiro ao tornar a Libras uma língua secundária oficial e ao incluí-la, no mínimo, à grade curricular pública. Contudo, devido à falta de fiscalização e de políticas públicas ostensivas por parte de algumas gestões, isso não é bem efetivado.
Afinal, dados estatísticos mostram que o número de brasileiros com deficiência auditiva vem diminuindo tanto em escolas inclusivas – ou bilíngues -, como em exclusivas, a exemplo daquela criada no Segundo Reinado. Essa situação abjeta está relacionada à inexistência ou à incipiência de professores que dominem a Libras e à carência de aulas proficientes, inclusivas e proativas, o que deveria ser atenuado por meio de uma maior gerência do Estado nesse âmbito escolar.
Diante do exposto, cabe às instituições de ensino com proatividade o papel de deliberar acerca dessa limitação em palestras elucidativas por meio de exemplos em obras literárias, dados estatísticos e depoimentos de pessoas envolvidas com o tema, para que a sociedade civil, em especial os pais de surdos, não seja complacente com a cultura de estereótipos e preconceitos difundidos socialmente.
Outrossim, o próprio público deficiente deve alertar a outra parte da população sobre seus direitos e suas possibilidades no Estado civil a partir da realização de dias de conscientização na urbe e da divulgação de textos proativos em páginas virtuais, como “Quebrando o Tabu”.
Por fim, ativistas políticos devem realizar mutirões no Ministério ou na Secretaria de Educação, pressionando os demiurgos indiferentes à problemática abordada, com o fito de incentivá-los a profissionalizarem adequadamente os professores – para que todos saibam, no mínimo, o básico de Libras – e a efetivarem o estudo da Língua Brasileira de Sinais, por meio da disponibilização de verbas e da criação de políticas públicas convenientes, contrariando a teórica inclusão da primeira escola de surdos brasileira.
Redação ENEM corrigida e comentada:
No Brasil, (Foi uma ótima forma de começar, pois o mais comum é “atualmente”, considerado um grande clichê) o início do processo de educação de surdos remonta ao Segundo Reinado. (Esta primeira sentença foi curta e direta, fez um apontamento histórico) No entanto, esse ato não se configurou como inclusivo, já que se caracterizou pelo estabelecimento de um “apartheid” educacional, ou seja, uma escola exclusiva para tal público (“tal público” substitui “surdos”), segregando-o (O artigo “o” substitui “público”) dos que seriam considerados “normais” pela população. (Esta sentença já foi mais longa, mas bem estruturada por meio dos conectivos em itálico, o que ajuda na coesão. As substituições apontadas foram boas para evitar repetição de palavras)
Assim, notam-se (É uma forma impessoal, que é a exigência para as redações do ENEM) desafios ligados à formação educacional das pessoas com dificuldade auditiva, seja por estereotipação da sociedade civil, seja por passividade governamental. (O conectivo em itálico apontou duas causas para o problema apresentado, cumpre o papel de “ora…ora…” e “ou…ou…”) Portanto ( Conectivo de conclusão, a ideia do parágrafo já será completada), haja vista que (Este conectivo cumpre o papel de “cientes de que”, fazendo uma retrospecção do que se deve saber para extrair uma consequência) a educação é fundamental para o desenvolvimento econômico do referido público e, logo, da nação, ela deve ser efetivada aos surdos pelos agentes adequados, a partir da resolução dos entraves vinculados a ela. (Estes dois últimos conectivos em itálico foram importantíssimos na estrutura complexa da frase. “Logo” introduziu uma consequência lógica e “a partir da” o ponto de partida para a efetivação da ideia. A última palavra do parágrafo é “ela” e substitui “educação”. Isso é feito para evitar repetição de termos na redação, o que é ótimo)
Sob esse viés, pode-se apontar como um empecilho à implementação desse direito, reconhecido por mecanismos legais, (O trecho em itálico, que está entre vírgulas, explica melhor a situação do direito das pessoas surdas à educação) a discriminação enraizada em parte da sociedade, inclusive dos próprios responsáveis por essas pessoas com limitação. (Essa última parte da sentença é o apontamento prometido no início do parágrafo) Isso por ser explicado segundo o sociólogo Talcott Parsons, o qual (Remete ao sociólogo sem dizer seu nome novamente) diz que a família é uma máquina que produz personalidades humanas, o que legitima a ideia de que o preconceito por parte de muitos pais dificulta o acesso à educação pelos surdos. (Neste parágrafo foi adotada a seguinte estrutura: foi apresentada uma razão para um problema que vinha sendo tratado: a discriminação. Mostrou-se de onde vem a discriminação e ainda foi dado um exemplo de alguém que é autoridade no assunto, o sociólogo Parsons. Isso é o que se espera encontrar em uma redação dissertativa-argumentativa, pois não há marca de opinião, como “eu acho”, mas sim argumentos objetivos acompanhados de exemplos claros)
Tal estereótipo (Substitui a ideia de que os surdos não dão conta, são menosprezados) está associado a uma possível invalidez da pessoa com deficiência e é procrastinado, (Sinônimo de adiar) infelizmente (Foi usado para qualificar como ruim a associação descrita), desde o Período Clássico grego, em que deficientes eram deixados para morrer por serem tratados como insignificantes, o que dificulta, ainda hoje, seu pleno desenvolvimento e sua autonomia. (Este é um parágrafo frasal, todo ele é uma única frase, e apesar da redação ter sido nota 1000, parágrafos assim não são recomendados. Nesse trecho, ele deu mais razões para argumentar a favor do que está defendendo, voltando à história para apontar as raízes de ações que se verificam no presente. Além disso, o aluno que escreveu essa redação usa muito bem palavras ou expressões entre vírgulas para explicar melhor o que está dizendo, sem criar novas frases para isso. Essa estratégia é boa se usada com moderação, pois o excesso de vírgulas pode deixar a frase muito longa e confusa, a clareza sempre deve ser o foco)
Além do mais, ressalte-se (Nunca escreva, por exemplo: “ressalto” ou “ressaltamos”, pois isso é marca de pessoalidade – nesse caso, primeira pessoa do singular ou do plural – e é incorreto em redações dissertativas) que o Poder Público incrementou o acesso do público abordado (Essa foi outra forma de evitar repetir termos, falando do mesmo grupo, o dos surdos) ao sistema educacional brasileiro ao tornar a Libras uma língua secundária oficial e ao incluí-la, no mínimo, à grade curricular pública. Contudo, (Conectivo com ideia de adversidade, ou seja, esperava-se algo e não aconteceu) devido à falta de fiscalização e de políticas públicas ostensivas por parte de algumas gestões, isso (Remete à tentativa do Poder Público de tentar incrementar o acesso dos surdos à educação, melhor do que escrever tudo de novo, certo?) não é bem efetivado.
Afinal, dados estatísticos (Caso você saiba, citar dados estatísticos é bom, pois você demonstra com isso que não presume o que argumenta. Isso serve como uma prova, um parâmetro objetivo) mostram que o número de brasileiros com deficiência auditiva vem diminuindo tanto em escolas inclusivas – ou bilíngues -, como em exclusivas, a exemplo daquela criada no Segundo Reinado. (Nesta sentença com muita ponderação, sem deixar a frase complicada, o aluno usou novamente explicações “extras” para dar exemplos, entre vírgulas ou entre hífens) Essa situação abjeta (sinônimo de desprezível) está relacionada à inexistência ou à incipiência (O incipiente está principiando, ou seja, no início. Pode ter a conotação de desconhecimento) de professores que dominem a Libras e à carência de aulas proficientes, inclusivas e proativas, o que deveria ser atenuado por meio de uma maior gerência do Estado nesse âmbito escolar. (Esta última frase do parágrafo é um show de domínio da norma padrão culta, com correto uso de crase, com o primeiro trecho sublinhado substituindo a situação inteira dos surdos, que é ruim, abjeta e com o correto o uso de “essa”, pois não foi uma situação mencionada neste parágrafo, está mais distante.)
Diante do exposto, cabe às instituições de ensino com proatividade o papel de deliberar acerca dessa limitação em palestras elucidativas (O que elucida é o que torna mais claro, explica bem) por meio de exemplos em obras literárias, dados estatísticos e depoimentos de pessoas envolvidas com o tema, para que a sociedade civil, em especial os pais de surdos, não seja complacente (Este singular concorda com “sociedade complacente”, não com “pais de surdos”. É comum o aluno errar realizando a concordância com o termo ou expressão mais próxima, o que nem sempre é o caso, como vimos) com a cultura de estereótipos e preconceitos difundidos socialmente. (Este parágrafo cumpriu o papel de uma conclusão, fez uma retomada do exposto anteriormente e foi novamente um parágrafo frasal. A frase foi longa, porém não confusa. O que permite isso é o bom uso de vírgulas para as pausas e separação de orações ou termos, dos conectivos e das relações de finalidade na argumentação)
Outrossim, (Este é um sinônimo de “igualmente”, usá-lo demonstra presença de bom vocabulário) o próprio público deficiente (Mais uma forma de evitar repetição, tantas formas diferentes também demonstram domínio de vocabulário) deve alertar a outra parte da população sobre seus direitos e suas possibilidades no Estado civil a partir da realização de dias de conscientização na urbe (Sinônimo de cidade) e da divulgação de textos proativos em páginas virtuais, como “Quebrando o Tabu”. (O aluno deu um exemplo do que está dizendo. Esta é uma estrutura recomendada: O argumento é anunciado, é defendido de forma impessoal e lógica e depois um exemplo é dado)
Por fim, (Típico conectivo de conclusão) ativistas políticos devem realizar mutirões no Ministério ou na Secretaria de Educação, pressionando os demiurgos (Palavra de origem grega, que dentre outras significações pode ser entendida como aquele que trabalha para o público) indiferentes à problemática abordada, com o fito de incentivá-los a profissionalizarem adequadamente os professores – para que todos saibam, no mínimo, o básico de Libras – e a efetivarem o estudo da Língua Brasileira de Sinais, por meio da disponibilização de verbas e da criação de políticas públicas convenientes, contrariando a teórica inclusão da primeira escola de surdos brasileira. (Neste parágrafo, as ideias apresentadas são uma possibilidade para a resolução do problema tratado ao longo da redação, cumprindo um dos critérios de avaliação modelo Enem, que é a proposta de intervenção, ou seja, o apontamento de algo concreto que auxilie na melhora do que está em questão)
Gostou do modelo de redação ENEM corrigida e comentada? Siga as dicas apontadas entre parênteses ao longo da redação e faça o mesmo na sua!
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