História

Quem descobriu o autismo?

quem descobriu o autismoQuem descobriu o autismo?

O termo autismo foi utilizado clinicamente pela primeira pelo psiquiatra suíço Eugen Bleuler, em 1908. No entanto, seu uso não foi para descrever um transtorno, mas uma característica que pacientes esquizofrênicos apresentam.

Somente na década de 1940 é que o autismo passou a servir como diagnóstico independente, englobando traços como a dificuldade de socialização, rigidez comportamental e prejuízos na fala.

Dois caminhos diferentes foram seguidos para chegar à conclusão de que o autismo era um transtorno destacado dos outros: um americano e outro, austríaco.

Continue lendo para saber quem descobriu o autismo, o contexto dos estudos com as crianças que levaram aos diagnósticos e as implicações que trouxeram.

O que é o autismo?

No livro Simplificando o Autismo, o doutor Thiago Castro define o transtorno do espectro autista como “um transtorno do neurodesenvolvimento, que afeta a comunicação, a interação social e os comportamentos repetitivos ou restritos”.

Este transtorno é reconhecido por gerar alguns prejuízos nas pessoas que o portam, como:

  • limitação na reciprocidade emocional;
  • dificuldade para compartilhar interesses e estabelecer conversas;
  • dificuldade no uso de gestos e expressões faciais para comunicação não verbal;
  • movimentos motores ou fala repetitivos e estereotipados;
  • adesão inflexível a padrões;
  • hiperfocos intensos;
  • reatividade desproporcional a estímulos sensoriais.

Por ser um espectro amplo, o autismo varia de pessoa para pessoa e pode ser dividido em três níveis, segundo o apoio exigido para cada uma.

  • Nível 1: leve, exigindo pouco suporte. É o indivíduo que consegue falar e exercer atividades práticas comuns, mas apresenta uma rotina ritualizada, necessidade de padrões e outros aspectos mais brandos.
  • Nível 2: moderado, exigindo mais suporte, ainda que haja funcionalidade em alguns aspectos. Possui dificuldades na socialização e comunicação mesmo com suporte e pode ter prejuízo no desenvolvimento intelectual.
  • Nível 3: severo. Mesmo com suporte, possui graves prejuízos de funcionalidade, déficits nas habilidades de comunicação e nas funções executivas (as que permitem gerenciar emoções e pensamentos).

De onde vem o autismo?

Não houve ainda a descoberta do agente que causa o autismo. Os especialistas entendem que ele é uma condição multifatorial, ou seja, tem várias fontes de origem envolvendo fatores genéticos e ambientais.

Entende-se que entre 64% e 92% dos fatores que causam o autismo são genéticos. É algo que se encontra no DNA da pessoa e não pode ser mudado, inclusive, está presente desde a gestação.

Entre os fatores ambientais mais importantes, listados pela médica Mariana Inácio Villas bôas, estão:

  • Idade avançada dos pais, principalmente do pai;
  • Tecnologias de reprodução assistida, como a fertilização in vitro;
  • Poluição ambiental e outros fatores químicos;
  • Estado nutricional materno (obesidade ou desnutrição);
  • Deficiência de ferro;
  • Abuso de substância, como álcool, cigarro e drogas psicoativas;
  • Infecções e inflamações pré-natais;
  • Diabetes gestacional.

Quem descobriu o autismo?

A palavra autismo vem de autos, que em grego significa por si mesmo. A primeira vez que ela foi utilizada no contexto clínico foi em 1908, quando o médico suíço Eugen Bleuler descreveu algumas características de pacientes com esquizofrenia.

Segundo Bleuler, eles fugiam para um mundo interior, ou seja, ficavam fechados em si mesmos.

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Até 1943, crianças autistas não eram necessariamente diagnosticadas com o transtorno. Como conta a historiadora Edith Sheffer, no livro Crianças de Asperger, os médicos utilizavam “o termo autístico como descritor, não como patologia”. Ou seja, aplicavam a palavra no mesmo sentido que Bleuler, mas de maneira mais ampla, para outras condições.

O diagnóstico do autismo se iniciou quando duas teses foram publicadas, uma nos Estados Unidos e outra na Áustria, em 1943 e 1944 respectivamente.

Elas foram elaboradas por Leo Kanner (1943) e Hans Asperger (1944), que podem ser considerados os descobridores do autismo como transtorno específico. No entanto, existem diferenças entre cada descrição.

Segundo Edith Sheffer, Kanner descreveu crianças que considerava relativamente parecidas entre si. Elas apresentavam distância social e emocional e preocupação com objetos e rituais, comportamento ou nenhuma fala e severas deficiências cognitivas.

Este hoje é conhecido como autismo de nível 3, o grau com maior necessidade de suporte.

Já Asperger definiu o autismo de maneira mais ampla, englobando crianças que hoje estariam incluídas nos níveis 1 e 2. Elas poderiam frequentar escolas regularmente e falar com fluência, mas possuíam interação social baixa, deficiência de afeto, pouca resistência à frustração etc.

Contexto das descobertas do autismo

A diferença entre as definições de Leo Kanner e Hans Asperger se deve, em partes, ao contexto em que eles estavam quando elaboraram suas teses.

Kanner trabalhava no Johns Hopkins, nos Estados Unidos, que tem uma cultura mais individualista. Asperger iniciou seus trabalhos após a anexação do seu país, a Áustria, pelos nazistas e a adesão quase geral à ideologia eugenista que eles pregavam.

Edith Sheffer diz que os nazistas tinham como objetivo criar uma comunidade nacional integrada, em que o indivíduo seria absorvido pelo coletivo. Todos aqueles que apresentassem impedimentos para isso precisariam passar por programas de reabilitação social.

Foi neste contexto que Asperger deu início a suas pesquisas com crianças com pouca ou nenhuma iniciativa de socialização, ensimesmadas, e utilizou o termo autismo como diagnóstico patológico para elas, destacando a prevalência em meninos, que apresentam falta de empatia, baixa capacidade de fazer amizades, conversação unilateral, foco intenso e movimentos descoordenados.

Entenda mais sobre o contexto da descoberta do autismo:

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Redação Beduka
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