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O que é o Criticismo? Aprenda a filosofia de Immanuel Kant

O que é o Criticismo?

Os filósofos a partir do século XVI colocaram como um dos objetos principais de seus estudos a natureza e as formas de conhecimento humano. Duas grandes teorias surgiram: o racionalismo e o empirismo. No século XVIII, o filósofo Immanuel Kant procurou solucionar a disputa entre elas, formulando o Criticismo, que você conhece neste texto.

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Quem foi Immanuel Kant?

Antes de entendermos o Criticismo, precisamos conhecer um pouco de seu teórico e do contexto no qual ele floresceu.

Immanuel Kant foi um filósofo iluminista nascido em 1724, na Prússia, região da atual Alemanha. Ele cresceu na cidade de Köningsberg, onde viveu até sua morte, em 1804.

A família de Kant era bem humilde, seu pai era um artesão, que trabalhava com couro. Outro traço familiar importante é a educação pietista que ele recebeu. O pietismo é um ramo do Luteranismo, que combina os princípios da reforma com a abertura à expressão religiosa das emoções.

Kant estudou na universidade de sua cidade natal e obteve nela o título de livre docente, sendo designado como professor de Lógica e Metafísica em 1770. Permaneceu na função até 1797, quando pediu licença devido a questões de idade e debilidade física.

Quando Kant nasceu, estudou e publicou suas obras, os filósofos procuravam resolver um problema em torno do conhecimento iniciado com os trabalhos de René Descartes. Como é que as pessoas conhecem as coisas? É possível conhecer realmente?

No caso, a Filosofia abandonou o problema dos universais medievais para entender as questões de epistemologia. O Criticismo se insere nisso, como a solução kantiana dessas questões.

Vamos entender o que é epistemologia e ver quais são as duas teorias principais deste ramo filosófico, antes de tratarmos do Criticismo Kantiano.

O que é epistemologia?

Epistemologia é um conceito que vem dos termos gregos episteme (que significa conhecimento) e logia (que significa estudo). Ou seja, a Epistemologia é o ramo das ciências que estuda a natureza do conhecimento e as formas de conhecer.

As perguntas que direcionam o estudo epistemológico são principalmente estas:

  • O que é o conhecimento?
  • Como podemos adquiri-lo?

Essas questões geraram muitos debates ao longo da história. No século XVI surgiu a teoria racionalista, que foi respondida posteriormente pelos filósofos empiristas.

Racionalismo x Empirismo

Para entendermos o Criticismo de Kant, é necessário termos ciência da disputa entre racionalistas e empiristas, pois é este problema que ele queria resolver.

O Racionalismo é uma posição epistemológica cuja ideia central é que a razão é a única forma que o ser humano tem para chegar a conhecimentos verdadeiros de maneira completa.

Ou seja, os filósofos racionalistas admitem como único meio plausível e aceitável de conhecer a realidade, a capacidade de raciocinar que todos temos. A mente seria o lugar de armazenamento, organização e atribuição de sentido das informações.

Os filósofos que se identificam com o racionalismo entendem que os sentidos não são confiáveis, podendo nos dar conhecimentos enganosos. Por exemplo, a visão pode ser enganada pela luz que ilumina um objeto e modifica a apresentação da sua cor.

Já os empiristas pensam o contrário. Para eles, a base do conhecimento humano é a experiência, que se dá pelos sentidos.

Diferente dos racionalistas que diziam que as ideias nascem com o homem, os empiristas compreendiam que todos nascemos como uma folha em branco. Na medida em que vivemos, essa folha vai sendo escrita, ganhando informações.

Segundo a teoria empirista, o conhecimento se dá em graus, passando por estágios.

  • a sensação,
  • a percepção,
  • a imaginação,
  • a memória e
  • a experiência.

A sensação desperta o conhecimento e fornece dados para a percepção. Esta, por sua vez, ativa a imaginação. Da imaginação, se chega à memória e o acúmulo de informações da memória constitui a experiência.

Perceba que ambas as correntes apontam para a interação entre sujeito e objeto. A diferença é na forma como o sujeito conheceria o objeto: para o empirismo, pela experiência, para o racionalismo, pela reflexão.

O que é Criticismo?

Kant iniciou sua carreira influenciado pelo racionalismo. Contudo, por meio da leitura de David Hume, um filósofo empirista, disse que tinha despertado de seu sonho dogmatista e modificou sua forma de pensar.

No entanto, ele não se tornou um empirista. Na verdade, enxergava verdades em ambas as teorias e, por isso mesmo, entendia que nenhuma delas poderia ser totalmente desprezada ou vista como a única verdadeira.

Seu parecer era que antes de mais nada, deveria haver a pergunta acerca da possibilidade da inteligência humana conhecer as coisas.

Para responder à pergunta, Kant retomou termos usados na Filosofia Clássica: númeno e fenômeno. O primeiro seria a realidade em si mesma, enquanto o segundo seria a forma como ela aparece para nós, aquilo que podemos perceber dela.

Para Kant, nós só podemos conhecer o fenômeno, jamais o númeno. Isso se dá por uma limitação da nossa inteligência, que não consegue captar a coisa em si mesma.

No caso, se você estiver vendo um copo, sua compreensão sobre ele não é da substância do copo, daquilo que ele é em si mesmo. Você só consegue captar o fenômeno do copo, a forma como ele aparece para você.

Isso foi tido como uma espécie de Revolução Copernicana da Filosofia. Assim como Copérnico fixou o lugar real da Terra no universo, Kant estabeleceu o lugar correto do intelecto humano com relação aos objetos de conhecimento.

Para ele, o indivíduo é peça central da interação entre sujeito e objeto e conhece, antes de tudo, aquilo que tem interesse. Sua crítica às duas teorias do conhecimento anteriores é justamente porque elas não dão este papel principal ao sujeito.

Razão e sentidos no criticismo kantiano

Segundo Kant, há duas faculdades do conhecimento humano: a razão e a sensibilidade. A razão, ou entendimento, gera conceitos e fornece um conhecimento a priori, que consiste nas doze categorias conhecidas desde Aristóteles, como a substância, a quantidade, etc.

O conhecimento a priori dá a forma do conhecimento humano. No caso, a estrutura do conhecimento, segundo o Criticismo de Kant, é fornecida pela razão.

Já a sensibilidade fornece os conteúdos. Contudo, ela é uma faculdade vazia, preenchida pelas experiências que vamos tendo ao longo da vida, variando entre os indivíduos.

A matéria fornecida pela sensibilidade é estruturada pela razão. No caso, ganha uma categorização racional.

Desta forma, todas as vezes que vemos uma pessoa podemos criar conceitos sobre ela, colocando-a em categorias, a partir dos fenômenos.

Vamos ver um exemplo. Digamos que você conheceu alguém pela internet e marcou um encontro com essa pessoa. Você não sabe a altura dela, as fotos nunca indicaram isso. Mas você já tem o conhecimento, antes mesmo de vê-la, do que é ser baixo e do que é ser alto.

Assim, ao ver a pessoa chegando no local marcado, você a encaixa em uma dessas categorias. A visão forneceu a matéria do conhecimento sobre a pessoa, que foi racionalizada e categorizada.

Quais são as formas de conhecimento no Criticismo Kantiano?

Segundo Kant, há duas formas de conhecer: a priori e a posteriori.

Ele as compreendeu quando buscou criar um nexo entre as leis universais e a ideia de que o conhecimento é gerado por meio de experiências sensoriais. Desta busca, percebe-se que se o conhecimento vem dos sentidos, os eventos são únicos, o que impossibilitaria conhecer princípios gerais.

Assim, Kant, com seu criticismo, distingue juízos analíticos (que se dão a priori, independentes da experiência e da natureza), dos juízos sintéticos (que são dados a posteriori, pela experiência).

No entanto, Kant se perguntava se seria possível fazer um juízo sintético a priori. Esta questão é crucial para a ciência, pois uma resposta afirmativa permitiria formular juízos passíveis de generalização sem conexão com casos isolados.

Assim, no Criticismo, ao observar um objeto qualquer, é possível emitir um juízo a respeito de outro objeto a partir da experiência com o primeiro. Se você vê alguém caindo ao escorregar, pode julgar que todas as pessoas caem quando escorregam.

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Categorias: Filosofia
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