O Bem Amado é uma peça de teatro escrita por Dias Gomes em 1962. A leitura dessa obra é obrigatória no vestibular da Unicamp, uma das melhores faculdades do Brasil e da América Latina. Veja o resumo do livro O Bem Amado de Dias Gomes, obra cuja leitura é obrigatória no vestibular Unicamp.
O Bem Amado é uma peça teatral do escritor baiano Dias Gomes. Ela retrata o típico político brasileiro que não mede esforços para atingir seus objetivos. A única promessa que Odorico Paraguaçu (o Grande, o Pacificador, o Bem-Amado) tinha de cumprir junto ao povo era a da inauguração de um cemitério.
A obra foi escrita de forma teatral, sendo de leitura fácil e rápida. A peça é de 1962, mas o dramaturgo Dias Gomes conseguiu expor com frieza a realidade política do país até hoje.
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Resumo do livro O Bem Amado por Capítulos
O subtítulo do livro é “farsa sociopolítico-patológica”. Sendo uma peça dramatúrgica, foi dividido em nove quadros. Vamos resumir cada um deles agora.
Quadro I
Neste primeiro quadro do nosso resumo do livro O Bem Amado, já somos introduzidos ao problema que conduzirá todos os acontecimentos da cidade de Sucupira e seus habitantes.
Inicialmente conhecemos Chico Moleza, um mulato preguiçoso e lerdo; Dermeval, um mulato gordo já em idade avançada e dono da venda; Mestre Ambrósio, um velho pescador, de pele meio avermelhada, muito respeitado; e Zelão, outro pescador, como Ambrósio.
A primeira cena acontece num quiosque que fica logo em frente à loja de Seu Dermeval. Moleza está no violão enquanto Zelão e Ambrósio chegam com um defunto na rede de pesca. Junto deles caminhava uma velha beata, fazendo orações.
Mestre Leonel era o defunto. Morreu muito pobre, abandonado pela família. Ele um dia foi dono de um pequeno barco e seu corpo foi achado na praia.
Os dois pescadores pararam para tomar uma bebida e reclamaram com Moleza e Dermeval sobre o fato de não haver cemitério na cidade. Por isso, eles tinham que andar muito, mais de três milhas, levando o corpo para outro município e lá pedir que o enterrem.
Eles já não aguentavam mais ter que andar tanto para enterrar os mortos.
Na sequência conhecemos o protagonista coronel Odorico Paraguaçu junto das irmãs Dorotéia, professora de modos indelicados, e Judicéia, muito estrondosa. Ambas tinham caso com ele. Esse militar aproveita-se da conversa e faz sua propaganda política para se lançar prefeito de Sucupira, cidade do interior da Bahia. Sua promessa principal era a construção de um cemitério. Ele dizia:
“Vote num homem sério e ganhe um cemitério!”
Houve um clamor geral do povo em torno dele. Surge a terceira irmã, Dulcinéia, e seu marido Dirceu, um caçador de borboletas. Surge também um jornalista inescrupuloso chamado Neco Pereira dispersando a multidão com um espanta-gato, que é uma buzina que faz som de tiro. Seu prazer era provocar o candidato.
Quadro II
Odorico Paraguaçu foi eleito prefeito. Começou a trabalhar tendo Dirceu como secretário. (Neste resumo do livro O Bem Amado já ressaltamos que trata-se de uma crítica a nomeação de familiares ou amigos sem especialização para cargos políticos, o nepotismo).
Esse secretário sai para buscar arquivos e nesse tempo chega o padre da cidade para discutir acordos financeiros entre a Igreja e o Governo.
Aos poucos Odorico e Dirceu percebem que não tem verba para a construção do cemitério da cidade. A única coisa que havia era falta de dinheiro, déficit. O prefeito então, começa a desviar verbas. Ele desvia fundos do conserto dos canos da cidade, da água, da luz, desvia verbas da educação, da saúde, etc, para a construção do tal cemitério.
Desviou dos vivos para fazer pelos mortos.
Certo dia Dulcinéia aproveitou-se de que seu marido estava em outra sala e foi conversar com Odorico Paraguaçu, seu amante. Ele foi o padrinho de casamento dela e Dirceu, mas mesmo assim tinham um caso e ela estava suspeitando de gravidez. Como o alarme foi falso, ela queria avisá-lo.
Dirceu volta e se encontra com Odorico, dizendo-lhe que jurou diante de Deus ser casto. Disse também que sua mulher aceitou isso quando se casaram. Logo, não tinha jeito dela ficar grávida.
Quadro III
O cemitério foi construído, porém não havia sido inaugurado. O motivo era simples: na cidade ninguém morria, logo não tinha corpo para sepultar. Enquanto isso crescia a oposição a Odorico.
Neco Pereira, no jornal sensacionalista A Trombeta, alimentava as intrigas chamando-o de: “demagogo esbanjador dos dinheiros públicos”.
O prefeito Odorico, conversando com Dorotéia teve a ideia de contratar dois jagunços para dar uma surra em Neco. Não o fez porque ele se tornaria um mártir e a oposição seria fortalecida e eles pediriam seu impeachment.
Até pensaram em comprar um defunto, torciam para que algum turista morresse afogado, mas o turismo na cidade estava em crise.
As coisas ficarão cada vez mais absurdas nesse resumo do livro O Bem Amado…
Moleza tornou-se o coveiro e foi encarregado de encontrar moribundos pela cidade. Mas não achou ninguém tão doente que estivesse prestes a morrer.
Um bom sinal acontece. Juju chega toda esbaforida avisando da chegada de seu primo Ernesto, moribundo desacreditado pelos médicos. Odorico, na esperança de que ele morresse em Sucupira, bancou sua viagem e todas as despesas e prometeu também um grande funeral. Ele queria usá-lo para inaugurar o cemitério. Se ele já estava morrendo, porque não se aproveitar disso para lucrar?
Quadro IV
Continuando o resumo do livro O Bem Amado, nos deparamos com mais uma decepção para o prefeito.
Ernesto, primo de Juju que chegou moribundo, não morria por nada nesse mundo. Odorico nunca tinha visto alguém com vocação para ficar agonizando na cama sem morrer. Ele já até tinha memorizado seu discurso para o enterro e ensaiado a marcha fúnebre diversas vezes. Mas o homem simplesmente não morria.
Pelo contrário, o ar, a água e tudo o mais na cidade o ajudaram a recuperar-se de sua tuberculose. Ele ficou 100% bem de saúde.
Quadro V
Juju prometera um morto e o que aconteceu? Seu primo recuperou-se e estava com mais saúde do que todos juntos. Odorico foi cumprimentá-lo com muito desgosto e ainda descobre que ele estava noivo de Juju.
O prefeito, porém, tinha um segundo plano já em ação.
Mestre Ambrósio chegou com um “fazedor de defuntos”, um cangaceiro dos mais temidos chamado Zeca Diabo. Ele já tinha morado na cidade, mas fugiu porque tinha matado o delegado.
O que aconteceu foi que este assassino foi perdoado de seus crimes por Odorico e nomeado o novo delegado. Sua esperança era que ele na função de Chefe de polícia, usasse do poder para cometer algum crime e desse à cidade um defunto.
Agora haverá finalmente um morto na cidade? Não ainda. Mas continue lendo o resumo do livro O Bem Amado para descobrir quem será o primeiro a morrer.
Zeca Diabo disse que estava arrependido de seus crimes e que buscava perdão por seus pecados. Sua decisão foi de se tornar homem limpo diante de Deus e pela honra de padinho Ciço.
Mais uma vez Odorico se decepciona. Ora, trouxe Zeca para a cidade na esperança de que ele matasse alguém. Mesmo com o cangaceiro afirmando ser um novo homem, Odorico esperava por um banho de sangue a qualquer momento.
Deu a ele a primeira missão como delegado, que foi assustar a equipe de redação do jornal A Trombeta, do seguinte modo: “sacudindo a marreta em nome da lei e da democracia”.
Quadro VI
Alguns dias se passaram e A Trombeta foi invadida por Zeca após a publicação de um jornal com a manchete: “Odorico nomeia cangaceiro”. O prefeito estava muito satisfeito em seu escritório, apenas aguardando os pedaços de Neco, ainda mais que ouviu tiros vindos da gazeta.
Você que já leu até aqui o resumo do livro O Bem Amado, acha realmente que foi dessa vez que Odorico Paraguaçu conseguiu um defunto para enterrar?
Neco entrou na prefeitura com uma cópia de sua nova manchete para o prefeito: “A vida de Zeca Diabo contada por ele mesmo. De cangaceiro a delegado”.
O ex matador entendeu com a ajuda de Neco o que era a liberdade de expressão, e que essa lei permitia que o jornalista dissesse o que bem entendesse. E os tiros que foram ouvidos foram disparados por Zeca posando para a foto que estaria na capa de sua história.
Odorico fica furioso e cobra Zeca de tal forma que o ofende. O matador até ameaçou acabar com o prefeito, mas não o fez por promessa a padinho Ciço.
Dulcinéia entra em cena preocupada com Odorico, o pai de seu filho. Dessa vez ela tinha certeza de que estava grávida. Ele leva um choque. O que Dirceu pensaria? Ele a envia para a Gazeta pra tentar fazer um acordo com o jornalista antes dele descobrir o verdadeiro motivo da vinda da nomeação de Zeca Diabo como delegado.
Após a saída dela, chega Dirceu já desconfiado da traição de sua mulher. Ele estava recebendo cartas anônimas comunicando a infidelidade de sua esposa. Porém, as cartas não diziam com quem ela o traía.
Odorico se aproveita disso e convence Dirceu de que era tudo verdade, que sua mulher o traía com o jornalista. Assim ele resolveria dois problemas de uma vez só. O cenário era perfeito, pois o assassinato do jornalista seria plausível. Ele então dá ao amigo uma arma, porque “honra se lava com sangue”.
Houve um contratempo no caminho para a Gazeta. Lá, Dirceu perdeu os óculos, tropeçou e começou a atirar sem sequer ver para onde disparava. Correu de volta para o escritório para devolver a pistola a Odorico e, por conselho do prefeito mesmo, foi se esconder na igreja, junto do vigário.
Ele falhou em matar Neco Pereira, porém conseguiu outro defunto. Ele matou a mulher. Assim surge o primeiro defunto em um ano, da cidade de Sucupira. Algo que Odorico tanto aguardava. Neste resumo do livro O Bem Amado, você verá como isso termina de forma hilária e trágica.
Zeca Diabo foi até a prefeitura. Odorico disse onde o foragido estava escondido, já que ele era homem muito íntegro e não compactuava com injustiças.
Quadro VII
Todos estavam presentes ao lado do caixão de Dulcinéia. Nesse dia Odorico decretou feriado municipal. Era o único feriado em que se comemorava o adultério.
Tudo se realizaria: a marcha fúnebre há tempos ensaiada, o discurso que Odorico já havia decorado e a cova mais limpa que as ruas da cidade. Este era o momento que Odorico mais esperava nos últimos meses.
Porém, tudo muda com a chegada de tio Hilário. Temos mais uma reviravolta neste resumo do livro O Bem Amado.
Ele era o irmão do falecido pai da defunta e trouxe consigo uma carta que impedia o enterro.
Segundo ele, o corpo da sobrinha deveria ser enterrado ao lado do corpo do pai dela, no cemitério de Jaguatirica.
Outra traição! Jucinéia e Dorotéia passaram por cima de sua vontade para cumprir o desejo do finado pai.
“Meus convidados! Querem roubar à nossa terra o direito de enterrar seus próprios mortos”. Assim ele discursava para conseguir que o enterro continuasse. Seria capaz de iniciar uma guerra se necessário.
Quadro VIII
Este é o penúltimo quadro do resumo do livro O Bem Amado e aqui vemos o dia amanhecendo com Odorico ao lado do caixão vigiando, quando chega o vigário com péssimas notícias. Ele havia falhado em convencer as irmãs da defunta em permitir que o enterro fosse em Sucupira e não em Jaguatirica.
As irmãs requereram junto ao juiz a autorização para levar o corpo da irmã. Zeca Diabo, o delegado, entrou em cena para fazer prevalecer a lei.
O prefeito, vendo que Zeca não queria fazer sua vontade, o demite. O cangaceiro fica irado com a falta de caráter do prefeito e sai.
Todos estavam contra Odorico.
Enquanto isso, chega Neco com um exemplar da nova edição da gazeta. Ele havia conversado com Dirceu na cadeia e descoberto toda a armação do prefeito.
O jornal foi publicado e todos ficaram sabendo que Odorico matou Dulcinéia para inaugurar o cemitério. Encurralado, Odorico tentou, em seu escritório, armar contra si um atentado para que todos ficassem do seu lado.
Porém, Zeca chegou primeiro e concretizou o atentado que era para ser fictício. Matou Odorico. Segundo ele, traidor não merece viver, ainda mais traidor de “moça donzela”.
Quadro IX
Não acham que foi uma honra? O cemitério, o campo santo, foi inaugurado com seu próprio pai.
Para fechar com chave de ouro esta obra irônica, quem discursou no enterro de Odorico Paraguaçu foi o jornalista Neco Pereira. Ele o descreveu como “exemplo de probidade e caráter, perseverança e lealdade, de justiça e amor ao próximo”.
Todos lamentavam-se. O prefeito Odorico tornou-se um mártir.
Assim terminamos o nosso resumo do livro O Bem Amado de Dias Gomes. Gostou? Ainda temos muito mais, mas não deixe de seguir o Beduka no Facebook e no Instagram para não perder nossas atualizações com dicas para os vestibulares de todo o Brasil.
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Análise do livro O Bem Amado
O livro é uma sátira da política nacional. A estrutura é bem definida, com problema, solução e drama. Sendo um teatro não há narrador, por isso cada personagem demanda atenção.
O Livro O Bem Amado não fez sucesso somente nas livrarias, mas também na televisão e nos cinemas brasileiros. Veja o trailer do filme que foi produzido em 2010. É muito ENGRAÇADO:
A demagogia de Odorico e dos políticos brasileiros
Odorico Paraguaçu é carismático e tem belos discursos, sempre mantendo a simpatia das massas. Não faz o que prometeu e tem como inimiga a imprensa. Ele é uma sátira das mazelas que afligem o povo brasileiro na figura do típico político com vocação para demagogia.
Demagogia é manipular as massas com discursos agradáveis. Odorico Paraguaçu é símbolo do cinismo e da malícia. Costumava subir aos palanque de terno branco dizendo: “Vim de Branco que é pra ser mais claro.” Fazia isso para convencer o povo.
Ele é demagogo, manipulador, corrupto, mesquinho e ignorante. É o retrato perfeito de um enorme número de políticos brasileiros.
Os discursos de Odorico, eram construídos com palavras inventadas para que soassem pomposos. Por exemplo, ele usava as incríveis “prafrentemente” e “agoramente” para engrandecer-se e iludir o povo.
Isso expõe a tradição de políticos que buscam atingir o poder manipulando o povo mais deslumbrado. Cativando a audiência com seu exagero verborrágico, Odorico encontrava quase um passe livre para as suas maquinações, sempre sob um demagógico discurso de atender aos interesses do povo.
O Bem Amado – Uma dramaturgia
Essa história foi escrita como peça teatral em 1962. A peça foi encenada pela primeira vez apenas em 1969, em Pernambuco. No entanto, após algumas montagens, a peça tornou-se a primeira novela em cores que a Rede Globo produziu, adaptada pelas mãos do próprio autor Dias Gomes.
Gênero: Farsa
O gênero farsa é composto por uma sucessão de jogos de trapaças e de armações entre as personagens, com o qual Dias Gomes lida com desenvoltura.
O objetivo da farsa é divertir e criticar ao mesmo tempo.
Inspirado em uma história real
Dias Gomes disse que a inspiração para o personagem Neco Pereira foi Carlos Lacerda, famoso jornalista carioca do período. Ele começou como dono de jornais,mas depois chegou a ser eleito governador do RJ; seus discursos inflamados são considerados responsáveis, ao menos em parte, pelo suicídio de Getúlio Vargas, a quem tanto criticava.
Em sua biografia o autor conta que a história do cemitério que não consegue ser inaugurado ocorreu realmente no interior do Espírito Santo e lhe foi narrada por um amigo e cronista de jornal.
Veja muito mais sobre Carlos Lacerda e Getúlio Vargas neste artigo: Toda a matéria sobre a Era Vargas com exercícios
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