História

Quem foi o Papa Francisco? Conheça a história do primeiro americano a governar a Igreja Católica

Quem foi o Papa FranciscoQuem foi o Papa Francisco?

O Papa Francisco foi o 266º papa da Igreja Católica Romana, ocupando o cargo entre 13 de março de 2013 e a sua morte, em 21 de abril de 2025. Mas antes de chegar à chefia da maior congregação cristã do mundo, percorreu um longo caminho na Igreja da Argentina, seu país de origem.

Sua carreira eclesiástica teve início na década de 1950, quando os argentinos atravessavam dificuldades políticas durante o governo de Juan Domingo Perón. Como Papa, promoveu reformas na Igreja, buscando fazê-la mais próxima dos necessitados.

Continue lendo para descobrir quem foi o Papa Francisco, sua vida antes de ser papa e seus posicionamentos à frente da Igreja.

Quem foi o Papa Francisco?

O nome verdadeiro do Papa Francisco era Jorge Mario Bergoglio. Ele nasceu em 17 de dezembro de 1936, em Buenos Aires, capital da Argentina de família de imigrantes italianos. Seu pai, Mario Bergoglio, era um ferroviário, com origem em Portacomaro, cidade do norte da Itália. Ele precisou emigrar devido ao avanço do Fascismo.

A aversão de seu pai ao regime político de Mussolini seria muito marcante em Jorge Bergoglio. Uma de suas memórias era a de ouvir no rádio notícias sobre a situação europeia durante a Segunda Guerra Mundial.

Sua mãe, Regina, era dona de casa filha de imigrantes genoveses. O Papa Francisco cresceu no bairro de Flores, sendo o mais velho de cinco irmãos, e em um lar enraizado em suas origens italianas e católicas.

Ele foi batizado no natal de 1936 e durante a infância estudou em um colégio pertencente à congregação dos Salesianos. Posteriormente, estudou na escola secundária industrial Hipólito Yrigoyen, onde obteve o grau técnico em química.

Já neste período sentiu o chamado ao sacerdócio, mas escondeu até que terminasse a escola e tivesse de escolher uma faculdade. Conversou primeiro com seu pai, que aceitou tranquilamente. Como imaginava a oposição da mãe, disse que faria medicina.

Depois de um tempo, por acidente, Regina descobriu os livros de Teologia do filho, que contou sua opção pelo seminário. Apesar da resistência da mãe, Jorge Bergoglio iniciou sua preparação para a vida eclesiástica.

Como foi a vida eclesiástica do Papa Francisco antes de ser eleito papa?

O Papa Francisco ingressou no noviciado da Companhia de Jesus (Ordem dos Jesuítas) em março de 1958 e foi ordenado padre 11 anos depois, em 1969. Neste meio tempo, fez o juniorado, graduou-se em Filosofia, lecionou Literatura e Psicologia e concluiu Teologia.

Foi também neste período que se tornou diretor espiritual de jovens católicos defensores do governo de Juan Domingo Perón, que sofreu um golpe de Estado em 1955.

Em 1973, após professar seus últimos votos na Companhia de Jesus, tornou-se mestre de noviços. Algo próximo a um diretor de faculdade, mas direcionado à vida religiosa. Neste mesmo ano, foi eleito provincial da Companhia, ou seja, a autoridade máxima no país entre os jesuítas.

Envolveu-se com padres perseguidos pela ditadura militar argentina iniciada em 1974, pedindo às autoridades para que fossem libertados quando alguns foram presos.

Terminado o período de provincialato em 1980, Bergoglio se dedicou ao ensino em uma das escolas da ordem. Até 1986, foi reitor da Faculdade de Filosofia e Teologia de San Miguel.

Em 1992, o Papa João Paulo II o nomeou bispo auxiliar de Buenos Aires. Em 1998, substituiu o bispo titular Antonio Quarracino, falecido no mesmo ano. Recebeu o título de cardeal em 2001, tornando possível sua eleição como Papa, e participou de diversas organizações em Roma.

Já neste período, o Papa Francisco mostrou quem ele foi e o que marcaria seu papado. Segundo Fortunato Mallimaci, sociólogo argentino, o cardeal Bergoglio teve presença importante contra o tráfico humano e entre vítimas de tragédias e pessoas marginalizadas.

Pontificado do Papa Francisco

Em 2013, o então Papa Bento XVI decidiu renunciar ao cargo, alegando que sua idade não permitia mais ter a energia necessária para guiar um povo composto por mais de 1 bilhão de pessoas.

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Na eleição que escolheria o novo Papa, o nome do cardeal Bergoglio foi o mais votado, apesar de não ter sido cotado entre os favoritos.

Assim, ele se tornou o primeiro americano a ser eleito Papa, além de ser o primeiro jesuíta, o primeiro do hemisfério sul e o primeiro não europeu desde o sírio Gregório III (731-741) a ocupar o cargo.

Escolheu como lema a frase retirada de um sermão de São Beda “miserando atque eligendo”, que significa “com misericórdia o chamou” e faz referência ao chamado de Jesus a Mateus, um de seus apóstolos. Ela está presente no seu brasão, que possui ainda uma mitra (chapéu de bispo), duas chaves cruzadas e ligadas por um cordão vermelho associando o poder temporal e espiritual.

O Papa Francisco manteve seu estilo discreto durante seu papado e foi considerado por muitos como um Papa progressista, devido a suas posições sobre os direitos das minorias. Em diversas ocasiões, apoiou o acolhimento a grupos marginalizados e atenção às periferias existenciais.

Seu pontificado foi marcado por uma Igreja em saída, que busca os outros e deixa de ser autorreferenciada. Para ele, a Igreja precisa deixar Jesus sair para chegar ao próximo.

Ainda assim, manteve o pensamento tradicional da Igreja acerca de temas polêmicos como o casamento, papel das mulheres no meio eclesiástico entre outros.

Foi um defensor implacável das vítimas de abusos por clérigos e outras lideranças religiosas. Tanto abusos sexuais como morais e espirituais.

Significado do nome Francisco

O Papa Francisco foi o primeiro a utilizar este nome. Sua opção se deu logo após a eleição, quando o cardeal brasileiro Claudio Hummes pediu que ele se lembrasse dos pobres.

Assim, ele associou o pedido à figura de Francisco de Assis, santo padroeiro da Itália, fundador da ordem dos franciscanos, que pregava a abnegação dos bens materiais e o cuidado com os pobres.

Em entrevista a jornalistas após ser eleito, Francisco disse:

“Alguns não sabiam porque é que o Bispo de Roma queria ser chamado de Francisco. Alguns pensaram em Francisco Xavier, Francisco de Sales, até mesmo Francisco de Assis.(…) imediatamente, em relação aos pobres, pensei em Francisco de Assis. Depois, pensei nas guerras, à medida que o escrutínio prosseguia. E Francisco é o homem da paz. E assim, o nome veio, no meu coração: Francisco de Assis. Para mim, ele é o homem da pobreza, o homem da paz, o homem que ama e cuida da criação; neste momento, também nós temos uma relação não tão boa com a criação, não é verdade? É o homem que nos dá este espírito de paz, o homem pobre… Ah, como eu gostaria de uma Igreja pobre e para os pobres!”

Posicionamentos do Papa Francisco

Para entendermos mesmo quem foi o Papa Francisco, vamos conhecer alguns de seus posicionamentos.

Igreja em saída

A ideia de Igreja em saída foi cunhada pelo Papa Francisco na exortação apostólica Evangelii Gaudium, de 2013. Ela apoia a decisão de colocar a missão da Igreja de maneira descentralizada, na direção dos mais distantes, das periferias tanto geográficas quanto existenciais.

Desigualdade social

Segundo o Papa Francisco, não há democracia se existe fome. Além disso, defendeu uma economia mais inclusiva, em que fosse possível à maioria ter acesso aos bens produzidos atualmente.

Meio ambiente

Defendeu por diversas vezes o cuidado com a nossa casa comum, dedicando um documento importante para o tema: Laudato Si.

Abusos na Igreja

Francisco deu o importante passo em reconhecer que os abusos de diversas esferas aconteciam na Igreja Católica, entre eles os sexuais. Em 2019, publicou o documento Vos Esti Lux Mundi, que obrigou os bispos a criar mecanismos de denúncias. Também permitiu investigações contra bispos.

Celibato

A norma da Igreja Católica proíbe os sacerdotes de se casarem. Contudo, o Papa Francisco reiterou várias vezes que o celibato é uma disciplina, podendo ser revogado em algum momento. Todavia, sua posição foi quase sempre de reafirmação da norma atual.

Obras do Papa Francisco

Alguns livros publicados pelo Papa Francisco ao longo de sua vida foram:

  • Homilías y mensajes;
  • Dios em la ciudad: primer Congreso pastoral urbana región Buenos Aires;
  • Mente abierta, corazón creyente;
  • Sobre el cielo y la tierra.

Ele também produziu quatro encíclicas, o tipo mais importante de documento papal, no qual ele transmite algum ensinamento para o povo católico. Foram elas:

  • Dilexit nos (24 de outubro de 2024)
  • Fratelli tutti (3 de outubro de 2020)
  • Laudato si’ (24 de maio de 2015)
  • Lumen fidei (29 de junho de 2013)
Redação Beduka
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