Os vícios de linguagem podem ser separados em barbarismo, arcaísmo, neologismo, solecismo, ambiguidade, cacófato, eco e pleonasmo. Leia o resumo e faça os exercícios sobre vícios de linguagem.
Vícios de Linguagem
Na prova do ENEM, os vícios de linguagem são cobrados frequentemente. No caderno de Linguagens, Códigos e sua Tecnologias, as questões sobre o assunto podem surgir e é claro que você não quer ser pego de surpresa, certo? Por isso, revise a matéria e teste os seus conhecimentos com os exercícios sobre vícios de linguagem.
Os vícios de linguagem são palavras que alteram as normas gramaticais de modo que o texto fiquem em sua forma correta. São construções que se desencontram com as regras da gramática.
Normalmente, os vícios de linguagem ocorrem pela falta de conhecimento das regras da língua portuguesa ou até mesmo por descuido e falta de atenção.
Pleonasmo Vicioso ou Redundância
O pleonasmo vicioso, diferente do tradicional, é quando existe uma repetição desnecessária de uma mesma informação na frase. Como por exemplo:
Entrei para dentro do escritório quando começou a chover.
Ontem eu tive uma surpresa inesperada.
Barbarismo
O barbarismo pode ser definido como a mudança da norma que acontece nos seguintes casos:
- Pronúncia:
Silabada: erro ao pronunciar o acento tônico da palavra.
Cacoépia: erro ao pronunciar os fonemas.
Cacografia: erro ao escrever ou na flexão de uma palavra.
- Morfologia: ocorre quando a norma é desviada, como exemplo:
Se eu ir aí, vou chegar atrasada no salão.
Nesse caso, o certo não seria a palavra “ir”, mas sim a palavra “for”.
- Semântica:
Ana comprimentou sua amiga Rafaela ao sair de casa.
A semântica está desviada da norma, pois o certo seria “cumprimentou”.
- Estrangeirismos: é a utilização incorreta de palavras estrangeiras, como por exemplo:
Vamos no show hoje e tomar um drink?
O correto seria trocar as palavras “show e drink” por “espetáculo e drinque”.
- Solecismo
O solecismo é o desvio de sintaxe, podendo ocorrer nos seguintes casos:
1.Concordância:
Haviam vários estudantes no colégio.
O correto seria trocar a palavra “haviam” por “havia”.
2. Regência:
Eu fui no banheiro.
O certo seria “eu fui ao banheiro”.
3. Colocação:
Dancei tanto no carnaval que não aguentei-me em pé.
O certo seria, “…não me aguentei em pé”.
- Arcaísmo
É o emprego de palavras ou antigas estruturas que não são mais utilizadas. Como, por exemplo, a utilização das palavras “Vossa Mercê”, que possui o mesmo sentido de “Você”.
- Neologismo
É a utilização de novas palavras que não ainda não foram incorporadas pelo idioma. Como por exemplo as palavras “desamar e malamar”.
- Ambiguidade
Ambiguidade, como o próprio nome já diz, é quando uma frase possui duplo sentido de interpretação. Como:
O menino brincou com seu amigo dentro de sua casa (na casa do menino ou do amigo?).
- Cacófato
Refere-se ao mau som que resulta da união de duas ou mais palavras no interior da frase.
- Eco
Ocorre quando há terminações iguais. Como por exemplo:
Ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão.
Exercícios sobre Vícios de Linguagem
1 – (FEI-SP) – Identifique a alternativa em que ocorre um pleonasmo vicioso:
a) Ouvi com meus próprios ouvidos.
b) A casa, já não há quem a limpe.
c) Para abrir a embalagem, levante a alavanca para cima.
d) Bondade excessiva, não a tenho.
e) N.D.A
2 – (UFOP-MG) – Qual o vício de linguagem que se observa na frase: “Eu não vi ele faz muito tempo”.
a) solecismo
b) cacófato
c) arcaísmo
d) barbarismo
e) colisão
3 – (Enem/2003) –
No ano passado, o governo promoveu uma campanha a fim de reduzir os índices de violência. Noticiando o fato, um jornal publicou a seguinte manchete:
CAMPANHA CONTRA A VIOLÊNCIA DO GOVERNO DO ESTADO ENTRA EM NOVA FASE
A manchete tem um duplo sentido, e isso dificulta o entendimento. Considerando o objetivo da notícia, esse problema poderia ter sido evitado com a seguinte redação:
a) Campanha contra o governo do Estado e a violência entram em nova fase.
b) A violência do governo do Estado entra em nova fase de Campanha.
c) Campanha contra o governo do Estado entra em nova fase de violência.
d) A violência da campanha do governo do Estado entra em nova fase.
e) Campanha do governo do Estado contra a violência entra em nova fase.
4 – (Enem – 2010) –
Carnavália
Repique tocou
O surdo escutou
E o meu corasamborim
Cuíca gemeu, será que era meu, quando ela passou por mim?
[…]
ANTUNES, A.; BROWN, C.; MONTE, M. Tribalistas, 2002 (fragmento).
No terceiro verso, o vocábulo “corasamborim”, que é a junção coração + samba + tamborim, refere-se, ao mesmo tempo, a elementos que compõem uma escola de samba e à situação emocional em que se encontra o autor da mensagem, com o coração no ritmo da percussão.
Essa palavra corresponde a um:
a) estrangeirismo, uso de elementos linguísticos originados em outras línguas e representativos de outras culturas.
b) neologismo, criação de novos itens linguísticos, pelos mecanismos que o sistema da língua disponibiliza.
c) gíria, que compõe uma linguagem originada em determinado grupo social e que pode vir a se disseminar em uma comunidade mais ampla.
d) regionalismo, por ser palavra característica de determinada área geográfica.
e) termo técnico, dado que designa elemento de área e de atividade.
5 – (Enem 2012 – Segundo Dia) –
“eu gostava muito de passeá… saí com as minhas co legas… brincá na porta di casa di vôlei… andá de patins… bicicleta… quando eu levava um tombo ou outro… eu era a… a palhaça da turma… (risos)… eu acho que foi uma das fases mais… assim… gostosas da minha vida foi… essa fase de quinze… dos meus treze aos dezessete anos…”
A.P.S., sexo feminino, 38 anos, nível de ensino fundamental. Projeto Fala Goiana, UFG. 2010 (inédito).
Um aspecto da composição estrutural que caracteriza o relato pessoal de A.P.S. como modalidade falada da língua é
a) predomínio de linguagem informal entrecortada por pausas.
b) vocabulário regional desconhecido em outras varidades do português.
c) realização do plural conforme as regras da tradição gramatical.
d) ausência de elementos promotores de coesão entre os eventos narrados.
e) presença de frases incompreensíveis a um leitor inciante.
A substituição do haver por ter em construções existenciais, no português do Brasil, corresponde a um dos processos mais característicos da história da língua portuguesa, paralelo ao que já ocorrera em relação à aplicação do domínio de ter na área semântica de “posse”, no final da fase arcaica. Mattos e Silva (2001:136) analisa as vitórias de ter sobre haver e discute a emergência de ter existencial, tomando por base a obra pedagógica de João de Barros. Em textos escritos nos anos quarenta e cinquenta do século XVI, encontram-se evidências, embora raras, tanto de ter “existencial”, não mencionado pelos clássicos estudos de sintaxe histórica, quanto de haver como verbo existencial com concordância, lembrado por Ivo Castro, e anotado como “novidade” no século XVIII por Said Ali.
Como se vê, nada é categórico e um purismo estreito só revela um conhecimento deficiente da língua. Há mais perguntas que respostas. Pode-se conceber uma norma única e prescritiva? É válido confundir o bom uso e a norma com a própria língua e dessa forma fazer uma avaliação crítica e hierarquizante de outros usos e, através deles, dos usuários? Substitui-se uma norma por outra?
CALLOU, D. A propósito de norma, correção e preconceito linguístico: do presente para o passado, In: Cadernos de Letras da UFF, n.° 36, 2008. Disponível em: www.uff.br. Acesso em: 26 fev. 2012 (adaptado).
Para a autora, a substituição de “haver” por “ter” em diferentes contextos evidencia que
a) o estabelecimento de uma norma prescinde de uma pesquisa histórica.
b) os estudo clássicos de sintaxe histórica enfatizam a variação e a mudança na língua.
c) a avaliação crítica e hierarquizante dos usos da língua fundamenta a definição da norma.
d) a adoção de uma única norma revela uma atitude adequada para os estudos linguísticos.
e) os comportamentos puristas são prejudiciais à copreensão da constituição linguística.
7 – (Enem 2012 – Segundo Dia) –
Entrevista com Marcos Bagno
Pode parecer inacreditável, mas muitas das prescrições da pedagogia tradicional da língua até hoje se baseiam nos usos que os escritores portugueses do século XIX faziam da língua. Se tantas pessoas condenam, por exemplo, o uso do verbo “ter” no lugar de “haver”, como em “hoje tem feijoada”, é simplesmente porque os portugueses, em dado momento da história de sua língua, deixaram de fazer esse uso existencial do verbo “ter”.
No entanto, temos registros escritos da época medieval em que aparecem centenas desses usos. Se nós, brsileiros, assim como os falantes africanos de português, usamos até hoje o verbo “ter” como existencial é porque recebemos esses usos dos nossos ex-colo nizadores. Não faz sentido imaginar que brasileiros, angolanos e moçambicanos decidiram se juntar para “errar” na mesma coisa. E assim acontece com muitas outras coisas: regências verbais, colocação pronominal, concordâncias nominais e verbais etc. Temos uma língua própria, mas ainda somos obrigados a seguir uma gramática normativa de outra língua diferente. Às vésperas de comemorarmos nosso bicentenário de independência, não faz sentido continuar rejeitando o que é nosso para só aceitar o que vem de fora.
Não faz sentido rejeitar a língua de 190 milhões de brasileiros para só considerar certo o que é usado por menos de dez milhões de portugueses. Só na cidade de São Paulo temos mais falantes de português do que em toda a Europa!
Informativo Parábola Editorial. s/d.
Na entrevista, o autor defende o uso de formas linguísticas coloquiais e faz uso da norma padrão em toda a extensão do texto. Isso pode ser explicado pelo fato de que ele
a) adapta o nível de linguagem à situação comunicativa, uma vez que o gênero entrevista requer o uso da norma padrão.
b) apresenta argumentos carentes de comprovação cietífica e, por isso, defende um ponto de vista difícil de ser verificado na materialidade do texto.
c) propõe que o padrão normativo deve ser usado por falantes escolarizados como ele, enquanto a norma coloquial deve ser usada por falantes não escolrizados.
d) acredita que a língua genuinamente brasileira está em construção, o que o obriga a incorporar em seu cotidiano a gramática normativa do português europeu.
e) defende que a quantidade de falantes do português brasileiro ainda é insuficiente para acabar com a hegemonia do antigo colonizador.
Confira as respostas dos exercícios sobre vícios de linguagem com o nosso gabarito abaixo.
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Respostas dos Exercícios sobre Vícios de Linguagem
Exercício resolvido da questão 1
c) Para abrir a embalagem, levante a alavanca para cima.
Exercício resolvido da questão 2
a) solecismo
Exercício resolvido da questão 3
e) Campanha do governo do Estado contra a violência entra em nova fase.
Exercício resolvido da questão 4
b) neologismo, criação de novos itens linguísticos, pelos mecanismos que o sistema da língua disponibiliza.
Exercício resolvido da questão 5
a) predomínio de linguagem informal entrecortada por pausas.
Exercício resolvido da questão 6
e) os comportamentos puristas são prejudiciais à copreensão da constituição linguística.
Exercício resolvido da questão 7
a) adapta o nível de linguagem à situação comunicativa, uma vez que o gênero entrevista requer o uso da norma padrão.
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