História

O que é cultura afro-brasileira? História e características

O que é cultura afrobrasileiraO que é cultura afrobrasileira?

Os africanos chegaram ao Brasil ainda no começo da colonização portuguesa no território. Apesar de terem sido escravizados e submetidos a uma situação hostil, eles contribuíram bastante para o desenvolvimento cultural do país.

Muitas palavras que falamos, comidas, danças e festividades tiveram influência dos africanos e seus descendentes, formando assim uma cultura afro-brasileira.

Porém, somente no século XX houve um movimento para valorizar a contribuição negra para a nossa identidade nacional. Antes, isso foi negado, devido às ideias racistas da época.

A seguir, vamos te explicar com mais detalhes o que é cultura afro-brasileira, sua história e suas principais características.

O que é cultura afro-brasileira?

Pode-se chamar de cultura afro-brasileira o conjunto de manifestações culturais do Brasil que possui algum grau de influência africana no seu desenvolvimento. Ela é fruto de um longo processo de resistência, mescla entre culturas e adaptações que ocorreu desde o período da escravidão.

A cultura afro-brasileira não é um bloco homogêneo, mas sim uma vasta e rica gama de elementos formada a partir das diversas etnias africanas trazidas ao país (como iorubás, bantos, jejes etc.) e sua interação com as culturas indígena e europeia.

Ela abrange manifestações religiosas, a música, a dança, a culinária e modos de vida que foram adaptados e transformados na história brasileira. 

Características da cultura afro-brasileira

As características da cultura afro-brasileira revelam aquilo que ela é, mas também sua origem variada e adaptações ao contexto da diáspora africana, que foi a saída forçada do continente africano para as Américas.

Sua expressão se dá em diversas áreas, como

Cultura afro-brasileira na música

A música é um dos pilares mais fortes da herança africana no Brasil, caracterizada pelo uso intenso de instrumentos de percussão, ritmos complexos e o estilo de chamar e responder (onde um líder canta uma frase e o coro responde, como ocorre em rodas de capoeira).

O Samba é a manifestação mais icônica e se desenvolveu no Rio de Janeiro com grande influência de migrantes baianos. Mas além dele temos também o Maracatu (de Pernambuco) e o Afoxé (da Bahia), que mantêm uma ligação mais direta com a religiosidade africana, e o Jongo e o Lundu, que são ritmos mais antigos de origem banto.

O atabaque, o agogô, o berimbau, o tamborim e o caxixi são exemplos de instrumentos de origem ou adaptação africana que se tornaram centrais na música brasileira.

Existe influência africana também na música erudita brasileira, como se pode notar nas peças de Heitor Villa-Lobos, compositor de “Danças Africanas”, “Xangô” e as “Bachianas Brasileiras”.

Cultura afro-brasileira na dança

A dança é uma das mais reconhecidas formas de cultura afro-brasileira, principalmente as danças populares como o samba de roda, o maracatu, o afoxé, o jongo, o caxambu e o coco de roda. Elas podem envolver sapateado, umbigada entre os participantes, e marcação de ritmo com as mãos e os pés entre outros movimentos.

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Cultura afro-brasileira nas festas populares

As festas populares são momentos cruciais de manutenção da memória, socialização e celebração da herança cultural, frequentemente misturando o sagrado e o profano.

O Carnaval brasileiro, com seus blocos, afoxés e escolas de samba, tem na matriz afro-brasileira sua força criativa e rítmica principal. A Lavagem do Bonfim na Bahia e a Festa de Iemanjá no Nordeste são celebrações que sincretizam o culto aos orixás com o catolicismo popular. O Congado ou Reinado, em Minas Gerais, une fé católica e a coroação dos reis e rainhas negros.

Cultura afro-brasileira na gastronomia

A culinária afro-brasileira é muito rica e uma das mais saborosas do país. Foram os africanos que introduziram no nosso cardápio vegetais como a melancia, o quiabo, o tamarindo e pratos como o vatapá, caruru e acarajé.

Cultura afro-brasileira na religião

Os africanos trazidos como escravos para o Brasil eram batizados na Igreja Católica ainda nos portos em que eram embarcados nos navios negreiros. Porém, apesar da obrigatoriedade da prática do catolicismo, procuraram meios de adaptar e acomodar suas tradições religiosas ao novo ambiente.

Assim, surgiram os candomblés, onde os africanos podiam cultuar seus ancestrais e entidades. Os candomblés são plurais, podendo haver os terreiros iorubanos, bantos e jejes.

Uma prática comum da religiosidade da cultura afro-brasileira é o sincretismo entre diversas fés, principalmente o candomblé e o catolicismo.

Cultura afro-brasileira nas artes

A presença de elementos africanos nas artes brasileiras é marcante e encontrada em variadas formas, desde a escultura até a pintura e a literatura. Boa parte dos nossos escritores eram negros e registraram o cotidiano dos afrodescendentes em seus livros.

Na arte plástica pode-se destacar o trabalho do argentino Carybé, que viveu na Bahia no século XX e esculpiu e pintou orixás e festas nos mínimos detalhes.

História da cultura afro-brasileira

A origem da cultura afro-brasileira remete à diáspora africana para o Brasil, durante o período do tráfico transatlântico de escravos iniciado no século XVI. Os africanos trazidos para o Brasil pertenciam principalmente a três grupos étnicos:

  • Iorubás: povo com origem na região conhecida no passado como Costa da Mina, composta por países como a Nigéria, Togo e Benim.
  • Jejes: é a antiga denominação para diversos povos, como os ashanti e fon que habitavam o Benim, antigo reino do Daomé.
  • Bantos: povos da África central que tiveram presença maciça no centro-sul brasileiro.

A sistematização dos estudos sobre os africanos no Brasil se dá no final do século XIX, quando historiadores percebem a necessidade de conhecer mais a África para entender melhor o próprio país.

Porém, a visão que eles tinham sobre a cultura afro-brasileira estava embaçada pelo racismo científico, que os fazia enxergar a contribuição africana como algo inferior a ser superado.

Somente com a publicação de Casa-grande e Senzala, de Gilberto Freyre, em 1934, o negro passaria a ser valorizado como um elemento civilizador da sociedade brasileira, ainda que sua obra possa apresentar problemas.

Outro ponto importante foi a formação de grupos de militância negra, como a Frente Negra Brasileira, fundada em 1931. A FNB atuava como um partido político, associação cultural e órgão de assistência social, buscando a integração social do negro e combatendo a discriminação.

A atuação do movimento negro foi importante para a implatação no ensino básico da obrigatoriedade da disciplina de História e Cultura Afro-Brasileira, através da Lei 10.369 de 2003. Também foi importante para a implementação das cotas raciais, como meio de reparação histórica.

Gostou de saber o que é cultura afro-brasileira? Continue estudando sobre a história do Brasil.

Redação Beduka
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