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Redação nota 1000 corrigida e comentada – Intolerância religiosa

REDAÇÃO NOTA 1000 CORRIGIDA E COMENTADA – INTOLERÂNCIA RELIGIOSAREDAÇÃO NOTA 1000 CORRIGIDA E COMENTADA – INTOLERÂNCIA RELIGIOSA
Mentoria para o Enem

Poucos estudantes conseguem atingir a nota 1000 na redação, embora essa não seja uma missão impossível! Para isso, é necessário atender aos cinco critérios de avaliação: domínio da norma padrão, compreensão da proposta, defesa consistente do ponto de vista, formato dissertativo-argumentativo e uma proposta de intervenção clara.

O ideal é praticar regularmente, começando com antecedência. No entanto, é possível acelerar o processo ao entender como apresentar uma defesa sólida do ponto de vista,  seguir corretamente o formato da redação dissertativa e atender a  todos os requisitos de uma proposta de intervenção.

Neste artigo, você verá uma redação nota 1000 corrigida e comentada. A partir dela, entenderá o que os avaliadores buscam e como aplicar essas exigências ao seu texto. Essa análise ajudará a visualizar o que é necessário para melhorar sua redação e alcançar um excelente resultado!

Redação na íntegra

Essa redação nota 1000 é mais uma da nossa série de redações corrigidas e comentadas. Já fizemos o mesmo com redações sobre violência contra mulher e a questão dos surdos no Brasil. Quem escreveu essa redação foi a Marcela Sousa Araújo que é da Bahia e fez o Enem 2016, sobre o tema: Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil”

Primeiro ela está abaixo integral e sem comentários. Em seguida você verá a redação nota 1000 corrigida e comentada. Trata-se de uma redação nota 1000, logo, você aprenderá exatamente o que fazer para também ter uma nota assim! Agora, confira a redação na íntegra:

No meio do caminho tinha uma pedra

No limiar do século XXI, a intolerância religiosa é um dos principais problemas que o Brasil foi convidado a administrar, combater e resolver. Por um lado, o país é laico e defende a liberdade ao culto e à crença religiosa. Por outros, as minorias que se distanciam do convencional se afundam em abismos cada vez mais profundos, cavados diariamente por opressores intolerantes. 

O Brasil é um país de diversas faces, etnias e crenças e defende em sua Constituição Federal o direito irrestrito à liberdade religiosa. Nesse cenário, tomando como base a legislação e acreditando na laicidade do Estado, as manifestações religiosas e a disseminação de ideologias fora do padrão não são bem aceitas por fundamentalistas. Assim, o que deveria caracterizar os diversos “Brasis” dentro da mesma nação é motivo de preocupação. 

Paradoxalmente ao Estado laico, muitos ainda confundem liberdade de expressão com crimes inafiançáveis. Segundo dados do Instituto de Pesquisa da USP, a cada mês são registrados pelo menos 10 denúncias de intolerância religiosa e destas 15% envolvem violência física, sendo as principais vítimas fieis afro-brasileiros. Partindo dessa verdade, o então direito assegurado pela Constituição e reafirmado pela Secretaria dos Direitos Humanos é amputado e o abismo entre oprimidos e opressores torna-se, portanto, maior.

Parafraseando o sociólogo Zygmun Bauman, enquanto houver quem alimente a intolerância religiosa, haverá quem defenda a discriminação. Tomando como norte a máxima do autor, para combater a intolerância religiosa no Brasil são necessárias alternativas concretas que tenham como protagonistas a tríade Estado, escola e mídia.

O Estado, por seu caráter socializante e abarcativo deverá promover políticas públicas que visem garantir uma maior autonomia religiosa e através dos 3 poderes deverá garantir, efetivamente, a liberdade de culto e proteção; a escola, formadora de caráter, deverá incluir matérias como religião em todos os anos da vida escolar; a mídia, quarto poder, deverá veicular campanhas de diversidade religiosa e respeito às diferenças. Somente assim, tirando as pedras do meio do caminho, construir-se-á um Brasil mais tolerante.

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Redação Enem nota 1000 corrigida e comentada

No meio do caminho tinha uma pedra (Esta redação recebeu um título, o que não é obrigatório. Esse título faz referência a um famoso poema modernista de Carlos Drummond de Andrade chamado “No meio do Caminho”, sendo inclusive um dos versos deste poema. Nessa poesia o autor aborda as dificuldades encontradas na vida, logo, no título, já está dada uma referência ao que se vai encontrar na redação)

No limiar do século XXI, (Essa foi uma forma criativa e alternativa para se contextualizar o período de que se vai falar) a intolerância religiosa é um dos principais problemas que o Brasil foi convidado a administrar, combater e resolver. (Perceba-se a sequência lógica escolhida pelo aluno, já é uma organização do pensamento, o que é bem vindo numa dissertação argumentativa) Por um lado, (Expor que um mesmo tema tem várias faces, demonstra domínio do conteúdo, pois vê-se considerações de perspectivas diferentes) o país é laico e defende a liberdade ao culto e à crença religiosa. Por outros, (Nesse caso a palavra “lado” não precisou de ser repetida, pois já está implícita) as minorias que se distanciam do convencional se afundam em abismos cada vez mais profundos, cavados diariamente por opressores intolerantes. (No trecho em itálico há linguagem conotativa, ou seja, trata-se de uma linguagem figurada, afinal não há um abismo real. No Enem é preferível sempre usar a linguagem denotativa e não recorrer a figuras de linguagem. A redação dissertativa tem de ser clara, objetiva e impessoal como se fosse um texto jornalístico)

O Brasil é um país de diversas faces, etnias e crenças e defende em sua Constituição Federal o direito irrestrito à liberdade religiosa. (Essa primeira frase é chamada “tópico frasal”. Ela é direta e anuncia o tema central do parágrafo, que na sequência deve ser explicado ou contextualizado) Nesse cenário, tomando como base a legislação e acreditando na laicidade do Estado, (O trecho em itálico que está entre vírgulas aponta a base donde se procederá para a argumentação e defesa das ideias) as manifestações religiosas e a disseminação de ideologias fora do padrão não são bem aceitas por fundamentalistas. Assim, (Este é um conectivo que aponta para uma consequência) o que deveria caracterizar os diversos “Brasis” (O uso do plural está correto, mas há muito conteúdo implícito em seu uso e uma interpretação é necessária. Brasis nesse caso é uma forma figurada de falar do Brasil de cada brasileiro, da cultura e crença de cada um. Foi inteligente? Foi. E arriscado? Também, pois se essas referências não forem imediatamente entendidas, a redação pode ficar confusa. O ideal é que o corretor das redações não tenha o trabalho de ter de interpretar o que você quer dizer, tudo tem que estar claro e bem estruturado com coesão e coerência) dentro da mesma nação é motivo de preocupação. 

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Paradoxalmente ao Estado laico, (Essa expressão em itálico introduz uma outra perspectiva, que é muito bem vinda, pois demonstra que o aluno conhece a amplitude do problema discutido) muitos ainda confundem liberdade de expressão com crimes inafiançáveis. (Essa frase inicial foi outro tópico frasal. Essa estratégia é muito recomendada. A primeira frase do seu parágrafo já anuncia o que será abordado, de forma direta, clara e objetiva. O restante do parágrafo desenvolve a argumentação, justificando) Segundo dados do Instituto de Pesquisa da USP, (Citar uma instituição de autoridade é um bom exemplo de como argumentar objetivamente, sem recorrer simplesmente à própria opinião) a cada mês são registrados pelo menos 10 denúncias de intolerância religiosa e destas 15% envolvem violência física, sendo as principais vítimas fieis afro-brasileiros. (Esta sentença introduziu um exemplo concreto. É recomendável que para cada argumentação haja um exemplo evidenciando a verificabilidade do que se diz) Partindo dessa verdade, o então direito assegurado pela Constituição e reafirmado pela Secretaria dos Direitos Humanos é amputado e o abismo entre oprimidos e opressores torna-se, portanto, maior. (Mais uma vez o aluno recorreu a uma linguagem metafórica. É um risco, mas se bem feita demonstra habilidade com a língua portuguesa)

Parafraseando o sociólogo Zygmun Bauman, (A menção a um especialista no assunto ajuda a sustentar a argumentação e também demonstra que o aluno possui conhecimentos gerais juntamente com a capacidade de interliga-los) enquanto houver quem alimente a intolerância religiosa, haverá quem defenda a discriminação. Tomando como norte (o mesmo que “rumo”, “direção”, guia para a argumentação e defesa da tese) a máxima do autor, (Significa “seu pensamento principal” e que pode resumir brevemente seu autor. Também cumpre o papel de retomar o início do parágrafo sem usar repetições) para combater a intolerância religiosa no Brasil são necessárias alternativas concretas que tenham como protagonistas a tríade Estado, escola e mídia.

O Estado, por seu caráter socializante e abarcativo (Capacidade de abarcar, ou seja, algo abrangente) deverá promover políticas públicas que visem garantir uma maior autonomia religiosa e através dos 3 (Em uma redação é preferível escrever o número por extenso) poderes deverá garantir, efetivamente, a liberdade de culto e proteção; a escola, formadora de caráter, deverá incluir matérias como religião em todos os anos da vida escolar; a mídia, quarto poder, deverá veicular campanhas de diversidade religiosa e respeito às diferenças. Somente assim, (Essa expressão conduz a uma conclusão inevitável) tirando as pedras do meio do caminho, (Percebe-se o fechamento da referência. Foi demonstrada a capacidade de relacionar o tema da intolerância religiosa a um poema que dela não travava diretamente, mas cuja relação era possível. Isso demonstra muito habilidade e é bem visto) construir-se-á (Chama-se mesóclise e substitui, por exemplo, “Poderá ser construído”, e seu uso é uma excelente demonstração da norma padrão culta) um Brasil mais tolerante. (Este parágrafo final cumpriu o papel de oferecer uma proposta de intervenção para a resolução do problema, o que é um critério obrigatório nas redações do Enem)

Gostou da redação nota 1000 corrigida e comentada? Siga as dicas apontadas entre parênteses ao longo da redação e faça o mesmo na sua!

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