O Tempo e o Vento é uma série literária de Érico Veríssimo. Dividido em O Continente, O Retrato e O Arquipélago, o romance conta uma parte da história do Brasil vista a partir do Sul. Acompanhe agora um resumo do livro O Tempo e o Vento.
Veja o resumo do livro O Tempo e o Vento, obra de Érico Veríssimo, composta em três romances: O continente (1949), O Retrato (1951) e O Arquipélago (1962). São 200 anos de histórias e acontecimentos épicos que contam a formação do estado do Rio Grande do Sul.
Érico Lopes Veríssimo, o escritor da obra, nasceu no interior do estado do Rio Grande do Sul em 17 de dezembro de 1905. Faleceu em 28 de novembro de 1975.
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Resumo do livro O Tempo e o Vento – Visão geral
Tudo começa com uma mulher que deu à luz a um menino: Pedro Missioneiro. Era um índio e nasceu na colônia dos jesuítas.
Foi o padre Alonzo que encontrou uma mulher entrando em trabalho de parto, no qual morreu. Pedro Missioneiro ficou aos cuidados dele, era um jovem inteligente e um bom católico. Já crescido casou-se com Ana Terra e com ela constituiu família. Seu filho recebeu o nome de Pedro Terra.
Saiba mais sobre a ação dos jesuítas neste artigo: a colonização portuguesa no Brasil – História Completa
Ana Terra, esposa de Pedro Missioneiro, era filha dos paulistas Maneco Terra e Henriqueta. Eles viviam em Sorocaba.
Tendo seu pai descoberto sua gravidez mandou que seus próprios filhos fossem assassinar Pedro. Algum tempo depois um grupo de castelhanos invadiu a fazenda da família Terra e mataram um dos irmãos e o pai de Ana e ainda a violentaram.Os que sobreviveram partiram para Santa Fé, onde se desenvolverá o restante do romance que você confere neste resumo do livro O Tempo e o Vento.
Pedro Terra cresceu em Santa Fé, conheceu lá sua esposa e com ela tem uma filha: Bibiana Terra. E as gerações não param por aí. Veja abaixo, no resumo do livro O Tempo e o Vento – detalhado, como a narrativa se desenvolve.
A trilogia de O tempo e o Vento: “O Continente”, “O Retrato”, “O Arquipélago”
Essas novelas que compõe a trilogia são independentes, mas há traços comuns que se complementam.
São dois séculos da história rio-grandense narrados e tentamos sintetizar da melhor forma neste resumo do livro O Tempo e o Vento. Por isso, vamos falar de cada parte individualmente.
De todo o tempo do romance épico de Érico Veríssimo, lendo “O Continente”, você já terá 150 anos de história, sobrando 50 anos para os outros dois volumes. Na primeira parte o período começa em 1745 com as missões dos jesuítas e vai até o cerco ao sobrado dos Cambará em 1895. Já os capítulos finais retratarão a queda de Getúlio Vargas em 1945.
Por falar em Getúlio Vargas, os temas envolvendo Estado Novo são recorrentes nas provas de humanas também, por isso fizemos exercícios sobre a Era Vargas para você treinar.
Resumo das obras separadas
Livro 1 – O Continente
A primeira publicação desta saga ou trilogia “O Tempo e o Vento” foi em 1949. Inicia-se com “O Continente” em dois volumes. A primeira parte é dedicada à narração do nascimento do estado do Rio Grande do Sul por meio de algumas famílias. São elas: Amaral, Cambará, Caré e Terra.
Neste resumo do livro O Tempo e o Vento você nunca mais esquecerá os sobrenomes Terra e Cambará.
Logo de início a conquista e a ocupação do território é retratada. São os aventureiros sorocabanos e lagunenses que, dirigindo-se ao sudoeste buscando boas planícies para pastorear e plantar, conquistam a região.
O que ajudou foi o Estado Português estabelecendo lá, fortificações militares, o que levou também a uma migração açoriana.
Aos poucos surgem as primeiras famílias dominantes.
Os personagens mais conhecidos são Ana Terra e Capitão Rodrigo. Este último foi combatente das tropas de Bento Gonçalves. No enredo há mistura de ficção e história! Ao longo deste resumo do livro O Tempo e o Vento você saberá outros aspectos históricos que se misturam à ficção.
Capítulo “Um certo Capitão Rodrigo”
Há certos capítulos que merecem destaque e tem de ser melhor resumidos, com mais detalhes. Este em especial, por causa do estilo e da temática, presente em “O Continente” é um dos que merece um cuidado minucioso.
Este é o capítulo que retrata a imagem do homem gaúcho forte com as típicas características de ser também destemido e bravo. A personagem que o figura é a do capitão Rodrigo Cambará, o protagonista.
O sucesso dele foi tanto, que a Editora Globo publicou separadamente, um capítulo inteiramente dedicado a ele, chamado ‘Um certo Capitão Rodrigo’.
Temos a cena em que o capitão chega à cidade de Santa Fé. Basta ela para percebermos o típico gaúcho por causa da descrição das vestes e da personalidade:
Além disso, em 2014 foi lançada uma minissérie em 3 capítulo pela Globo: O Tempo e o Vento.
A minissérie fez um apanhado geral, e nelas vemos muitos dos personagens que mencionamos aqui. Vale a pena assistir, trata-se de um filme dividido em três partes e está completo no Youtube.
Neste resumo do livro O Tempo e o Vento, confira um trecho que retrata a chegada do capitão Rodrigo Cambará:
Toda a gente tinha achado estranha a maneira como o capitão Rodrigo Cambará entrara na vida de Santa Fé. Um dia chegou a cavalo, vindo ninguém sabia de onde, com o chapéu de barbicacho puxado para a nuca, a bela cabeça de macho altivamente erguida, e aquele seu olhar de gavião que irritava e ao mesmo tempo fascinava as pessoas. Devia andar lá pelo meio da casa dos trinta, montava um alazão, trazia bombachas claras, botas com chilenas de prata e o busto musculoso apertado num dólmã militar azul, com gola vermelha e botões de metal.
Tinha um violão a tiracolo; sua espada, apresilhada aos arreios, rebrilhava ao sol daquela tarde de outubro de 1828 e o lenço encarnado que trazia ao pescoço esvoaçava no ar como uma bandeira. Apeou na frente da venda do Nicolau, amarrou o alazão no tronco dum cinamomo, entrou arrastando as esporas, batendo na coxa direita com o rebenque, e foi logo gritando, assim com ar de velho conhecido:
– Buenas e me espalho! Nos pequenos dou de prancha e nos grandes dou de talho!”
Percebeu como a descrição foi imponente e que foi retratada a valentia deste capitão adentrando um vilarejo bem pacato? Em poucas palavras também fica notório que ele é do tipo que pode incomodar, por causa do gênio forte.
Assim que chega, logo de cara conhece Juvenal Terra, que o responde de forma curta e grossa. No entanto não serão rivais já que o Capitão Rodrigo se apaixona perdidamente por Bibiana Terra, irmã de Juvenal. Logo, eles tornam-se cunhados.
O capitão Rodrigo a conquistou vencendo um duelo com Bento Amaral, filho do coronel Ricardo Amaral, que era rico e era pretendente de Bibiana.
A união de Rodrigo Cambará e de Bibiana Terra representa a união de duas das famílias que serão responsáveis, principalmente, pela formação do Rio Grande do Sul.
E o capitão não conquista somente Bibiana, mas muitos outros moradores de Santa Fé. Por exemplo, ele também caiu no gosto do padre Lara e do irmão de sua amada, Juvenal Terra. Juntos, os dois cunhados montam um negócio.
Contudo Rodrigo não é o que se chamaria de bom moço, pois mesmo já estando casado continua gostando do carteado, da bebedeira e até de outras mulheres.
Claro que o antagonista dele é Bento Amaral que perdeu a pretendente e o duelo. Eles travaram uma luta atrás do muro do cemitério. Foram lutar por causa de um desentendimento ocorrido numa festa de casamento. No embate, o filho do coronel humilhado pela derrota, utiliza-se de uma arma de fogo contra Rodrigo.
Rodrigo estava talhando a letra R de seu nome na testa de Bento, não teve tempo de completar, ficando somente o P, pois foi surpreendido por um disparo. Na cena final do capítulo o casarão da família Amaral é invadido.
Rodrigo Cambará morreu e deixou órfão seu filho Bolívar.
Foi tiroteio madrugada a dentro e o padre escutava atentamente os disparos seguidos de momentos de trégua. Por fim, já com o dia raiando um oficial dos farrapos foi bater em sua porta.
Com lágrimas nos olhos noticiou o padre de que o casarão fora tomado, mas que Rodrigo havia sido morto com bala no peito. O vigário ficou arrasado com essa notícia e o oficial chorava como criança, com olhar de quem espera um milagre. Assim terminamos o resumo do livro O Tempo e o Vento – Parte I.
Esses eventos têm marcas históricas da farroupilha. Saiba também um pouco mais sobre outra revolta de Canudos: está tudo nesse resumo de Os Sertões.
Livro 2 – O Retrato
Este é o segundo romance da saga e nele retrata-se a decadência social em Santa Fé na virada do séc XX por motivações e joguetes políticos. Aos poucos Santa Fé foi perdendo o caráter rural e ficando mais urbana.
Rodrigo Terra Cambará (bisneto do capitão que já conhecemos) resolveu voltar à Santa Fé, sua terra natal, depois de um tempo estudando para ser médico em Porto Alegre.
Vemos nele a transformação de um homem. Ele era culto, médico com costumes requintados e torna-se um gaúcho machão, violento e com incontroláveis desejos sexuais.
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Livro 3: O Arquipélago
Continuando o nosso resumo do livro O Tempo e o Vento, chegamos ao último romance da trilogia. Nele acompanhamos a desintegração das famílias originárias e das pessoas. Aos poucos a decadência dos estancieiros deixa lugar para os imigrantes.
Lemos o retorno de Rodrigo Cambará à cidade de Santa Fé após os longos anos passados no Rio de Janeiro junto do presidente da época e que era seu amigo e aliado, Getúlio Vargas, atuando na vida pública e política.
Getúlio foi presidente no tempo em que Hitler já estava no poder. Treine com as questões sobre Segunda Guerra Mundial do ENEM.
Rodrigo Cambará chegou a ser deputado federal republicano. Mais uma vez é forte a mistura de personagens reais com fictícios. Por exemplo, temos em “O Arquiélago” a presença de Getúlio Vargas, Osvaldo Aranha e Luís Carlos Prestes junto aos personagens fictícios da obra.
A família Terra Cambará até então somente tinha poder local. No entanto, neste terceiro livro a vemos adquirir influência em nível nacional. Com o fim do Estado Novo, Rodrigo doente e derrotado politicamente luta para não morrer na cama considerando que “Cambará macho não morre na cama”.
A trilogia termina de forma metalinguística sendo encerrada da mesma forma que começou. Assim começou e assim terminou a narrativa das lutas e conquistas das famílias rio-grandenses:
“Sentou-se à máquina, ficou por alguns segundos a olhar para o papel, como que hipnotizado, e depois escreveu dum jato:
Era uma noite fria de lua cheia. As estrelas cintilavam sobre a cidade de Santa Fé, que de tão quieta e deserta parecia um cemitério abandonado.”
Análise do livro O Tempo e o Vento
Importância do livro
“O Continente”, primeiro livro da trilogia “O Tempo e o Vento” de Érico Veríssimo, foi um importantíssimo marco para a literatura regional do Brasil. A região sul brasileira foi retratada como nunca antes e os elementos históricos rio-grandenses foram magistralmente unidos aos episódios às personagens fictícias.
Outras obras com temáticas regionalistas:
- Resumo de Grande Sertão Veredas de Guimarães Rosa
- Análise e resumo de Sagarana de Guimarães Rosa
- Análise e resumo de Vidas Secas de Graciliano Ramos
História
Érico Veríssimo possui uma complexa relação com a história. Acontecimentos reais são pano de fundo para sua ficção. Vemos a mistura de seu enredo à presença dos jesuítas em missão no sul, conflitos internos como a Guerra dos Farrapos e até problemas com países vizinhos.
Linguagem
Veríssimo reproduziu a mestiçagem linguística, conforme era comum na época. É possível notar a influência do espanhol e das línguas indígenas nas falas das personagens.
Marcantes e notórios também, são seus personagens. Principalmente destacamos os traços do capitão Rodrigo. Ana Terra por sua vez, é a figura feminina em meio a realidade machista e violenta. Por meio do povo o autor conta a história do Estado.
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O Tempo e o Vento é resultado das mãos de um escritor modernista da geração de 30. A escrita é simples. Há o regionalismo, debates de assuntos religiosos e sócio-políticos, contextualizados pelos eventos do período em que a obra foi escrita: A Guerra Fria.
Durante toda a trama com o embate entre as família Terra e Amaral há uma tensão que lembra as grandes potências.
A maior parte dos escritores cobrados no vestibular é modernista. Você sabe o que isso quer dizer? Conheça os autores da primeira e da segunda fase do modernismo no Brasil.
Tempo
O tempo é psicológico e não cronológico. Não segue a ordem temporal, segue a memória das personagens, principalmente Bibiana Terra. Os capítulos se alternam entre a narração presente e os acontecimentos das gerações passadas.
Bibiana já uma matriarca de família e se recorda do passado, de sua avó Ana Terra e do Capitão Rodrigo Cambará. A história começa mesmo em 1895 na Revolução Federalista. havia guerra entre margatos (federalistas) e pica-paus (republicanos). As terras da família Terra Cambará estão cercadas.
Enquanto tudo isso ocorre é que aos poucos vamos conhecendo os fatos passados até a chegada desses no Sobrado em 1895.
Leia o resumo e análise de Os Lusíadas de Camões. Vemos um enredo numa interessante relação com o tempo também.
Explicação do título O Tempo e o Vento
O título do livro significa a passagem do tempo e também a sucessão de gerações das famílias que fundaram o Rio Grande do Sul. A obra transcorre de um modo não linear, pois conhecemos as gerações passadas através das memórias de Bibiana Terra, que é quem conhecemos primeiro. Há sucessão de tempo na leitura.
O vento faz alusão ao próprio clima típico da região e também confirma o caráter passageiro do tempo, pois o vento “passa” assim como o tempo.
A narrativa reflete a ideia de transitoriedade: uma saga dos heróis do passado, que tiveram sua importância e estão com os nomes marcados na história. Além disso, já fazem parte do passado e se tornaram espectros, “fantasmas”.
Assim terminamos nosso resumo do livro O Tempo e o Vento!
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