Estude com o resumo do livro Mayombe, romance do escritor Pepetela publicado em 1980, abordando o tempo em que ele participou da guerrilha pela libertação de Angola. O livro é uma das obras obrigatórias da FUVEST, o sistema de seleção da Universidade de São Paulo (USP).
Você conhece o romance Mayombe (1980), do escritor angolano Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos, mais conhecido como Pepetela? Apresentaremos aqui um resumo de Mayombe por capítulo para os estudantes que planejam participar do vestibular FUVEST.
Se você estiver pensando na USP – Universidade de São Paulo, terá de ler essa obra.
Tudo se passa nos anos 70 e Angola estava em luta por sua independência (Guerra Colonial), pois ainda era uma colônia portuguesa. Neste artigo fizemos um resumo do livro Mayombe por capítulo e também a análise deles, confira!
Se estiver pensando em prestar o processo seletivo da Fundação Universitária para o Vestibular (FUVEST), deve saber que esta é uma das leituras obrigatórias. Saiba quais são os outros livros exigidos aqui.
Ao final deste resumo do livro Mayombe não deixe de testar seu conhecimento com algumas questões de vestibular sobre a obra.
Mayombe faz referência a uma região da África Ocidental. Ela inclui os seguintes países:
- Angola (província da Cabinda)
- República do Congo
- República Democrática do Congo
- Gabão
Resumo de Mayombe por capítulo
Faremos o resumo separadamente para que você tenha noção de tudo o que acontece de mais importante na obra.
Estrutura do livro em 6 capítulos:
- A Missão
- A Base
- Ondina
- A Surucucu
- A Amoreira
- Epílogo
Principais personagens em Mayombe:
- Sem Medo: Comandante da guerrilha (MPLA).
- Chefe de Operações: Um dos líderes do MPLA.
- Comissário: Um dos líderes políticos do MPLA.
- Ondina: Professora em Dolisie e noiva do Comissário.
- André: Responsável por conseguir mantimentos para a Base. É o primo do Comandante.
- Teoria: Professor do grupo, filho de uma africana com um português
- Lutamos: Guerrilheiro do MPLA.
- Ingratidão: Guerrilheiro do MPLA
- Vewê: Guerrilheiro do MPLA.
Capítulo 1 – A Missão
Enredo: Neste resumo do livro Mayombe, saiba que este é o nome de uma selva que abriga um grupo de guerrilheiros que pertence a um movimento chamado MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola). Este grupo, de orientação marxista-leninista, tinha a missão de lutar contra exploradores portugueses que tiravam madeira da floresta.
Além de interromper a madeireira, também queriam politizar os trabalhadores. Sendo assim, invadiram, quebraram as máquinas, tomaram equipamentos e sequestraram os funcionários, porém, sem feri-los. Depois de terem ouvido o Comandante lhes explicar como os portugueses estavam explorando a terra, foram todos libertados.
Porém, um dos trabalhadores angolanos que foi liberto teve seu dinheiro roubado. Isso leva a uma crise, pois muitos na colônia se perguntavam se o movimento da guerrilha não passava de um grupo de ladrões.
Para causar mobilização no povo, Sem Medo, o Comandante do MPLA, organiza um ataque aos portugueses e vence sem nenhuma baixa em seu grupo.
Após isso, descobrem que o guerrilheiro Ingratidão foi quem roubou o trabalhador e prendem-no. Também conseguem realizar uma operação para devolver o dinheiro ao dono.
Cada cão que ladrava trazia-lhes a impressão de ladrões esperando a vítima. No entanto, eles esperavam um homem para lhe entregar o seu dinheiro.
Capítulo 2 – A Base
Enredo: Chegam ao local da resistência oito novos guerrilheiros. A base deles (MPLA) foi construída no interior da floresta Mayombe. O capítulo descreve a floresta como uma entidade viva e sua relação com os guerrilheiros. Pepetela também descreve a rotina deles e as aulas que tinham com Teoria, o professor da base.
As árvores enormes, das quais pendiam cipós grossos como cabos, dançavam em sombras com os movimentos das chamas. Só o fumo podia libertar-se do Mayombe e subir, por entre as folhas e as lianas dispersando-se rapidamente do alto, como água precipitada por cascata estreita que se espalha num lago.
Com novos guerrilheiros que precisam ser treinados, começa a faltar comida. Como eram poucos os mantimentos, o Comissário é destacado para ir até a cidade de Dolisie, no Congo, para pedir alimentos ao dirigente André. Este, porém, envia suprimentos para poucos dias, o que deixa o Comandante incomodado.
Ao ir para a cidade, o Comissário também aproveitou para ver sua noiva Ondina, mas a relação entre eles não estava indo muito bem.
Dois personagens começam a ter divergências de ideias, o Comissário e o Comandante. Isso preocupou os demais guerrilheiros quanto ao foco da operação, mas depois tudo ficou entendido.
Capítulo 3 – Ondina
Enredo: A base estava vivendo uma tensão por causa da falta de comida. André enviou suprimentos, mas eles demoraram a chegar. Quando finalmente os mantimentos chegaram à Mayombe houve alívio na tensão.
A sensação de fome aumentava o isolamento
Neste resumo de Mayombe é válido ressaltar que além dos conflitos entre angolanos e portugueses, há também conflitos entre os próprios guerrilheiros, bem como problemas amorosos.
Somos nós, com a nossa fraqueza, o nosso tribalismo, que impedimos a aplicação da disciplina. Assim nunca mudará nada.
O Comissário e Ondina apenas simulavam atração um pelo outro. Acrescente-se a isso que André foi pego com Ondina. Por isso ela escreve uma carta ao seu ex-noivo, dizendo que deixaria a cidade onde era professora.
Neste capítulo, o Comissário revelou como era a sua história de amor com Ondina e, para surpresa do leitor, quando eles se encontram, sentem-se atraídos como nunca acontecera antes. Ele a pede que não deixe a cidade por causa dos acontecidos, mas mesmo assim ela não aceita reatar o relacionamento.
André, por pertencer a uma tribo diferente, teve de ser enviado para julgamento por causa de seu ato desonroso. Sem Medo assumiu o posto dele. É neste capítulo também que o guerrilheiro Ingratidão foge da base.
No desenrolar da trama, descobrem que os portugueses instalaram uma base em Pau Caído, próximo à base do MPLA. O Comissário retorna a Mayombe para comandar.
Capítulo 4 – A Surucucu
Enredo: Sem Medo começou a se envolver com Ondina na cidade de Dolisie, conversam sobre o papel da mulher e sua liberdade.
Vewê, um dos guerrilheiros, aparece dizendo que Mayombe foi atacada pelos portugueses.
Na maior parte do capítulo é descrita a preparação estratégica do contra-ataque. Dividiram-se em dois grupos. O Comandante Sem Medo lideraria pelo rio e pelas montanhas iria o Chefe de Operações.
Porém, tudo não passara de um grande engano. Descobriram isso ao se encontrarem com Teoria, que os explicou que não havia nenhum ataque em andamento. O que aconteceu foi que próximo ao rio viu uma cobra surucucu e nela atirou.
Tendo ouvido o tiro, Vewê ficou desesperado e correu pedindo ajuda. Ainda assim, Sem Medo começa a planejar um ataque à base portuguesa, porque sabe que é uma questão de tempo até que encontrem Mayombe.
Capítulo 5 – A Amoreira
Enredo: No nosso resumo do livro Mayombe, chegamos ao quinto capítulo. Na cidade de Dolisie, Mundo Novo foi nomeado o chefe. O Comandante sem medo foi transferido para o leste e o Comissário ficou responsável pelo ataque aos Tugas (portugueses) no Pau Caído.
Os guerrilheiros foram em direção à base dos portugueses e dormiram por perto para atacar logo pela manhã. A maior parte do ataque deu certo, pois conseguiram avançar sobre uma grande parte do território que estava em posse dos colonizadores.
Apesar disso, temos duas baixas para relatar neste nosso resumo de Mayombe: Lutamos, da tribo Cabindas, e Sem Medo morreram, fora alguns guerrilheiros feridos.
O nome do capítulo inclusive se refere a um pensamento que Sem Medo teve antes de morrer. Para ele a amoreira tem um tronco único como os homens, e aos pés de uma foi enterrado.
O Comissário ressaltou que mesmo sendo da tribo Kimbundo, foi salvo por homens de duas tribos diferentes: Cabinda e Kikongo. Eles conseguiram superar as diferenças étnicas.
Capítulo 6 – Epílogo
Enredo: Terminando o nosso resumo do livro Mayombe, vemos neste último capítulo, o Comissário refletir sobre a morte do Comandante Sem Medo. Por fim, ele é enviado à leste para ocupar o lugar dele.
Agora que você terminou de ler o resumo de Mayombe por capítulo, confira a análise e a relação desta com as outras obras de leitura obrigatória da FUVEST.
Análise de Mayombe
Tipo de romance e narrador
Este romance é de um estilo documental. Pepetela começou a escrevê-lo como se fosse uma reportagem. Por isso, a linguagem é polifônica: várias vozes. Acompanhamos narrador em terceira pessoa (onipresente e onisciente), mas também há vozes em primeira. Isso acontece por causa dos vários momentos em que os guerrilheiros fazem seus relatos.
Tribalismo
Ao tornar Angola uma colônia, os portugueses uniram sob seu comando, diferentes tribos. Tribalismo é o nome dado ao processo de unificação das diferentes tribos, tendo o português como linguagem oficial e a autoridade portuguesa imperando sobre todas.
Porém, membros de tribos diferentes desconfiam uns dos outros, têm línguas maternas diferentes. Em Mayombe isso causa muitos conflitos internos, pois antes de se sentirem como um único povo angolano, cada um se sente pertencente á sua região.
Reflexão socialista
Nesta análise da obra Mayombe ressaltamos que a narrativa é uma crítica ao socialismo. Há uma crítica aos grupos diferentes que não se unem por um ideal comum. Os guerrilheiros são os agentes da revolução e os portugueses os opressores.
Em teoria os socialistas tentam fazer valer a voz do povo, mas para isso a voz do partido e sua burocracia acabam se constituindo numa ditadura.
Ideal Nacionalista
Há a proposta de unir os povos constituindo uma única nação, deixando o sistema colonialista. O MPLA é uma tentativa de manter unidos sob um mesmo propósito, guerrilheiros de etnias diferentes.
Problema colonial
O MPLA realmente existiu e o romance é sobre uma de suas frentes. Porém nesta luta pela libertação de Angola, quando o movimento alcançou o poder houve guerra civil dividindo o país, pois a FNLA (Frente Nacional de Libertação de Angola) não aceitava o regime comunista.
Mayombe – personagem
Você leu no resumo do livro Mayombe que a floresta dá nome à obra. Mas saiba que ela é também uma personagem. Ela é descrita com características humanas. É uma floresta tropical fechada e montanhosa. Suas características interferem no enredo.
Por exemplo, não se trata de uma mata com abundância de espécies para caça ou repleta de frutos. A fome aumenta a tensão na base. Em compensação seu tipo de terreno e vegetação protege os guerrilheiros e os esconde.
Por falar em personagem, eles não recebem nomes, mas são comumente tratados por apelidos que representam suas características.
O Prometeu de Angola
Sem Medo morreu para proteger o Comissário, comandou um combate que serviu para reunir um povo separado por causa do tribalismo. Ele é homenageado como o Prometeu africano, em analogia ao Prometeu grego que também se sacrifica contrariando os deuses. No caso, Sem Medo se sacrifica indo contra os portugueses.
Acesse aqui o PDF de Mayombe
Sobre o autor: Pepetela
Pepetela é angolano nascido em Bengela em 29 de outubro de 1941 Seu verdadeiro nome é Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos. O grupo MPLA realmente existiu e ele foi um de seus membros.
Sua escrita é sobre uma realidade que ele viveu. Entre 1961 e 1974 ele viveu as experiências de guerrilheiro.
Por causa deste livro Pepetela ganhou o Prêmio Camões.
Relações com outras obras
Mayombe se relaciona em alguns aspectos com mais duas obras de leitura obrigatória da FUVEST. Confira o resumo delas também!
Iracema – José de Alencar: Ambas retratam problemas tribais e a tentativa de escapar do colonizador.
O Cortiço – Aluísio Azevedo: Tanto o Cortiço quando a Mayombe são espaços retratados como personagens, com características humanas.
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Após a análise da obra Mayombe, aproveite para testar seus conhecimentos.
Questões de vestibular sobre Mayombe
(FUVEST 2017) Observe a imagem e leia o texto, para responder às questões de 1 a 3
O Comissário apertou-lhe mais a mão, querendo transmitir-lhe o sopro de vida. Mas a vida de Sem Medo esvaía-se para o solo do Mayombe, misturando-se às folhas em decomposição.
[…] Mas o Comissário não ouviu o que o Comandante disse. Os lábios já mal se moviam.
A amoreira gigante à sua frente. O tronco destaca-se do sincretismo da mata, mas se eu percorrer com os olhos o tronco para cima, a folhagem dele mistura-se à folhagem geral e é de novo o sincretismo. Só o tronco se destaca, se individualiza. Tal é o Mayombe, os gigantes só o são em parte, ao nível do tronco, o resto confunde-se na massa. Tal o homem. As impressões visuais são menos nítidas e a mancha verde predominante faz esbater progressivamente a claridade do tronco da amoreira gigante. As manchas verdes são cada vez mais sobrepostas, mas, num sobressalto, o tronco da amoreira ainda se afirma, debatendo-se. Tal é a vida. […]
Os olhos de Sem Medo ficaram abertos, contemplando o tronco já invisível do gigante que para sempre desaparecera no seu elemento verde.
Fonte: Pepetela, Mayombe.
1 – Considerando-se o excerto no contexto de Mayombe, os paralelos que nele são estabelecidos entre aspectos da natureza e da vida humana podem ser interpretados como uma
a) reflexão relacionada ao próprio Comandante Sem Medo e a seu dilema característico entre a valorização do indivíduo e o engajamento em um projeto eminentemente coletivo.
b) caracterização flagrante da dificuldade de aceder ao plano do raciocínio abstrato, típica da atitude pragmática do militante revolucionário.
c) figuração da harmonia que reina no mundo natural, em contraste com as dissensões que caracterizam as relações humanas, notadamente nas zonas urbanizadas.
d) representação do juízo do Comissário a respeito da manifesta incapacidade que tem o Comandante Sem Medo de ultrapassar o dogmatismo doutrinário.
e) crítica esclarecida à mentalidade animista – que tende a personificar os elementos da natureza – e ao tribalismo, ainda muito difundidos entre os guerrilheiros do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA).
2 – Consideradas no âmbito dos valores que são postos em jogo em Mayombe, as relações entre a árvore e a floresta, tal como concebidas e expressas no excerto, ensejam a valorização de uma conduta que corresponde à da personagem
a) João Romão, de O cortiço, observadas as relações que estabelece com a comunidade dos encortiçados.
b) Jacinto, de A cidade e as serras, tendo em vista suas práticas de beneficência junto aos pobres de Paris.
c) Fabiano, de Vidas secas, na medida em que ele se integrava na comunidade dos sertanejos, seus iguais e vizinhos.
d) Pedro Bala, de Capitães da Areia, em especial ao completar sua trajetória de politização.
e) Augusto Matraga, do conto “A hora e vez de Augusto Matraga”, de Sagarana, na sua fase inicial, quando era o valentão do lugar.
3 – Mayombe refere-se a uma região montanhosa em Angola, dominada por floresta pluvial densa, rica em árvores de grande porte, e localizada em área de baixa latitude (4o 40’S). Levando em conta essas características geográficas e vegetacionais, é correto afirmar que
a) esse tipo de vegetação predomina na maior parte do continente africano, circundando áreas de savana e deserto.
b) se trata da única floresta pluvial sobre áreas montanhosas, pois esse tipo de floresta não ocorre em outras áreas do mundo.
c) a vegetação da região é semelhante à da floresta encontrada, no Brasil, na mesma faixa latitudinal.
d) nessa mesma faixa latitudinal, no Brasil, há regiões áridas, de altas altitudes, em que predominam ervas rasteiras.
e) tais florestas pluviais só ocorrem no hemisfério sul, devido ao regime de chuvas e às altas temperatura
Após a leitura do resumo e da análise da obra Mayombe, foi moleza responder, certo? Confira as respostas:
Gabarito:
1 – a
2 – d
3 – c
Veja os nossos vídeos com o resumo e a analise da obra Mayombe:
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