A revolta do cangaço foi um movimento de banditismo social, que existiu no Brasil entre o final do século XIX e começo do século XX.
Surgiu em um contexto de violência, pobreza e mandonismo na região sertaneja, onde o urbanismo e o Estado estavam distantes e o controle da sociedade estava na mão de latifundiários.
Entenda o que foi a revolta do cangaço, as formas de atuação dos cangaceiros e como ela chegou ao fim.
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- O que foi a revolta do cangaço?
- Contexto da revolta do cangaço
- Como o cangaço chegou ao fim?
- Quem foram os principais cangaceiros?
- Revolta do cangaço na cultura
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O que foi a revolta do cangaço?
A revolta do cangaço foi um movimento de banditismo social que existiu entre o final do século XIX e começo do século XX, em diversos estados do atual Nordeste brasileiro.
Os cangaceiros eram grupos de homens armados que atacavam certas localidades e cometiam pilhagens, assassinatos e estupros. Suas principais vítimas eram os chefes políticos e latifundiários locais e a região em que se encontravam era o sertão.
O nome deriva de canga, instrumento que auxilia os animais no transporte de carga. Como os cangaceiros eram nômades, eles carregavam muitas coisas nos ombros, lembrando uma canga.
Apesar da violência utilizada, os cangaceiros eram vistos com bons olhos por parte da população. Isso chegou a ser registrado na Literatura, como no livro Fogo Morto de José Lins do Rego. Em uma passagem do romance, o protagonista diz:
“E Manuel de Úrsula vinha lhe falar em direito. Pobre não tinha direito. Quem sabia dar direito aos pobres era o capitão, era Jesuíno Brilhante, era o cangaço que vingava, que arrasava um safado como Quinca Napoleão”.
Jesuíno Brilhante é conhecido como o primeiro cangaceiro da história e Quinca Napoleão era um importante fazendeiro na história de Lins do Rego.
Contexto da revolta do cangaço
Para entender melhor o que foi a revolta do cangaço, é preciso compreender o contexto em que ela surgiu.
O sertão nordestino sempre enfrentou muitas dificuldades agravadas pela estrutura social que se formou ao longo da colonização portuguesa, da história do Brasil e até pelo clima. A desigualdade, o mandonismo, a violência e as secas constantes eram muito fortes na região.
No final do século XIX não foi diferente. Apesar da modificação da monarquia para a república, a organização regional continuou a mesma. As grandes famílias dominavam tanto os meios produtivos quanto as instituições. Além disso, tinham suas próprias milícias armadas, os jagunços que praticavam todo tipo de violência.
Para entender o que foi a revolta do cangaço, saiba o que foi a República Velha, período em que ela aconteceu por mais tempo.
Deste modo, o Estado acabava ficando a serviço dos chefes políticos locais, que se articulavam com representantes do poder central e estadual e trocavam favores. A população mais pobre ficava de fora dos acordos e não tinha seus direitos assegurados.
O povo era explorado pelo trabalho e via a seca agravar sua condição de vida ruim. Obviamente que os proprietários também sofriam perdas, mas eles tinham mais recursos para enfrentar as dificuldades.
Foi neste cenário de penúria e mandonismo que o cangaço surgiu. O primeiro deles, Jesuíno de Melo Calado, era visto como um Robin Hood, que tirava dos ricos para dar aos pobres. Ele atuou por 8 anos, de 1871 a 1879, ano de sua morte.
Contudo, somente no começo do século XX o cangaço ganhou uma maior projeção, com bandos que viviam de maneira nômade pela caatinga. O bando mais famoso foi o liderado por Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião.
Ele entrou para o cangaço após jurar vigança pelo assassinato de seu pai em 1919 em um contexto de disputa por terras e violência policial. Primeiro integrou o bando de Sinhô Pereira, mas logo Lampião assumiu o comando. Sinhô Pereira entregou as armas em 1922 a pedido de Padre Cícero.
Como o cangaço chegou ao fim?
O cangaço chegou ao fim quando o bando de Lampião foi emboscado em 1938, na fazenda Angicos, em Sergipe. Neste período, o Brasil era governado por Getúlio Vargas, que tinha instaurado uma ditadura chamada Estado Novo e reprimiu fortemente quem estivesse fora da ordem.
Na ocasião, Lampião e sua companheira Maria Bonita, com mais 11 membros do bando, foram mortos. Os demais fugiram. Um deles, conhecido como Corisco, tentou prosseguir com o cangaço, mas foi morto em 1940.
A cabeça dos 13 mortos em Angicos ficou exposta e seus corpos foram deixados para os urubus. Somente na década de 1960 é que houve o sepultamento das cabeças.
Quem foram os principais cangaceiros?
Quando pensamos o que foi a revolta do cangaço, a imagem que temos geralmente é a de Lampião e seu bando. Mas houve outros. Os principais foram:
- Adolfo Meia-Noite
- Anisio Marculino (Gasolina)
- Antonio dos Santos (Cobra Verde)
- Antônio Inácio (Moreno)
- Antônio Silvino
- Ezequiel Ferreira da Silva (Beija-Flor)
- Domingos dos Anjos (Serra do Uman)
- Hermínio Xavier, vulgo Chumbinho
- Izaias Vieira (Zabêlê)
- Januário Garcia Leal (Sete Orelhas)
- Jesuíno Alves de Melo Calado (Jesuíno Brilhante)
- Joaquim Mariano Antonio de Severia (Nevoeiro)
- José de Souza (Tenente)
- João Mariano (Andorinha)
- Laurindo Virgolino (Mangueira)
- Lucas Evangelista (Lucas da Feira)
- Manoel Baptista de Morais (Antônio Silvino)
- Sebastião Pereira e Silva (Sinhô Pereira)
- Virgulino Ferreira da Silva (Lampião)
Revolta do cangaço na cultura
Um modo de conhecer o que foi a revolta do cangaço é ver as representações dela na cultura, que aparece tanto na literatura de cordel, quanto no teatro e na alta literatura.
Como vimos, em Fogo Morto, de José Lins do Rego, importante escritor regionalista da segunda geração modernista, o autor põe a força dos cangaceiros a serviço da população mais pobre contra os ricos. Inclusive, sendo ajudados pelos pobres.
As pessoas que faziam esse serviço de auxílio ao cangaço eram chamadas de coiteiras.
Os cangaceiros aparecem também no Auto da Compadecida, peça teatral de Ariano Suassuna. Existem bandos semelhantes em A Hora e a Vez de Augusto Matraga, de João Guimarães Rosa.
No conto Serena, de Paulo Cantarelli (autor recifense da nova geração), a protagonista que dá nome à obra faz parte de um bando de cangaceiros.
Tanto o que foi a revolta do cangaço quanto as representações sobre ela podem cair em vestibulares e no Enem.
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Obrigado por ter lido este resumo sobre o que foi a revolta do cangaço. Bons estudos!