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Quem foi Gregório de Matos? Biografia e poemas

Quem foi Gregório de MatosQuem foi Gregório de Matos?
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Gregório de Matos nasceu em Salvador, na Bahia. Sua poesia atravessou gerações e é tida como a melhor do período barroco brasileiro. Neste texto, vamos te mostrar quem foi Gregório de Matos, os tipos de poesia que ele fez e alguns poemas escritos por ele.

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Quem foi Gregório de Matos?

Gregório de Matos Guerra foi o mais importante poeta barroco da história do Brasil. Sua obra é conhecida pelas sátiras e pelos poemas religiosos que compôs.

Gregório nasceu em dezembro de 1636 e era membro de famílias abastadas da Bahia colonial. Seus pais eram Maria da Guerra e Gregório de Matos, que era um senhor de engenho.

Iniciou seus estudos aos 6 anos de idade, em 1642, no Colégio dos Jesuítas da Bahia. Aí ele faria o curso de Humanidades e depois seguiria para Portugal, onde estudaria Direito Canônico na Universidade de Coimbra, em 1661.

Em 1663, Gregório de Matos foi nomeado juiz de fora em Alcácer do Sal, cidade da região do Alentejo em Portugal. Para assumir o cargo, teve de se submeter às Provanças. No caso, investigaram a vida dele para saber se tinha o sangue puro, sem mistura com o de judeus, cristãos-novos (judeus conversos), negros ou índios.

Foi durante os anos em Alcácer do Sal que escreveu seus primeiros poemas satíricos, além de ter se casado com Micaela de Andrade. A família de Micaela era ilustre no reino, o que garantiu a Gregório um cargo como juiz cível em Lisboa em 1671.

Ficou viúvo e retornou à Bahia, onde foi nomeado em 1672 desembargador da Relação Eclesiástica da Bahia pelo Arcebispo Gaspar Barata.

Essa instituição era um tribunal de segunda instância que julgava as apelações e agravos das decisões de primeira instância nas causas que tinham bispos ou membros do juízo eclesiástico como parte.

Gregório também foi nomeado pelo rei, D. Pedro II de Portugal, tesoureiro-mor da Sé. Mas perdeu os cargos por não querer usar batina e se recusar a receber o sacramento da ordem, o que faria dele um padre.

Quem foi Gregório de Matos, o Boca do Inferno?

Depois desses acontecimentos, Gregório de Matos começou a satirizar a população baiana de sua época. Sua poesia não poupava ninguém. Criticava até mesmo clérigos e nobres.

Isso lhe rendeu o apelido de Boca do Inferno. E, somado ao fato de ter costumes liberais para o período, suas palavras fizeram o promotor eclesiástico denunciá-lo à Inquisição. Contudo, o inquérito não foi levado adiante.

Entretanto, isso não diminuiu as inimizades que ele foi criando. Tanto que após diversas outras acusações ele foi deportado para Angola. Essa condenação era vista como mais branda e possivelmente se deu por interferência do governador da Bahia, João de Lencastre, que mantinha cópias de seus poemas e era amigo de Gregório.

Em Angola, ele assumiu o cargo de conselheiro do governo e combateu uma conspiração militar. Graças a isso, recebeu permissão para voltar ao Brasil. Ele morreu no Recife, em 1695, com uma febre que contraiu na África.

Quais são as características literárias de Gregório de Matos?

Agora que sabe quem foi Gregório de Matos, saiba que ele nunca publicou suas obras. Os poemas que ele compôs circulavam pela Bahia em forma de manuscrito, isso até põe uma desconfiança sobre a autoria dos textos que são atribuídos a ele.

A obra de Gregório de Matos possui duas vertentes principais: a satírica e a amorosa. Esta última é dividida em temas sacros e do amor sensual. Nelas aparecem características típicas do período barroco, como a moralização, a contrarreforma, o dualismo e a angústia humana.

Neste aspecto, Gregório de Matos apresenta a dificuldade humana entre querer o que se vê como certo e fazer o que é tido como errado. Mas, ligado à religião, apresenta também o arrependimento e o desejo da conformidade com a doutrina.

A estrutura dos poemas é a dos sonetos, das quadras, das sextilhas e outras formas. As rimas são constantes e seguem métrica regular.

As características mais barrocas são vistas nos sonetos. Neles, Gregório usa bastante figuras de linguagem, jogos de palavras, silogismos e a tensão entre o sagrado e o profano.

  • Depois de saber quem foi Gregório de Matos, veja nosso artigo sobre estrofação, um dos temas essenciais da poesia.

Como eram as obras de Gregório de Matos?

Como se disse acima, Gregório de Matos não deixou livros publicados. Suas obras circulavam em panfletos feitos por seus admiradores.

Alguns dos poemas satíricos eram colados nas portas das igrejas e lidos em voz alta por quem passava por elas.

Somente no século XVIII, após a morte do poeta, os poemas começaram a ser compilados e publicados.

Gregório de Matos abordou temas variados nos seus poemas. Vamos ver quais foram eles.

Poesia lírico-amorosa

Como é característico do período barroco, Gregório de Matos aborda o amor por meio da dualidade entre carne e espírito. A carne como tentação que leva ao pecado e à culpa, refletida pelo espírito.

A mulher é associada aos elementos da natureza, naquilo que ela tem de belo.

Em outros momentos, Gregório de Matos surge refletindo sobre a vida e a morte, a ferocidade e a compaixão. Os poemas destes temas são frutos de momentos meditativos.

Poesia religiosa

Gregório de Matos viveu no período em que a Igreja Católica combatia o protestantismo, conhecido como Contrarreforma. Isso refletiu na sua poesia, como em toda a arte barroca.

A dualidade entre matéria e espírito também aparece aqui, na inconstância da vida terrena e na busca pela compaixão de Deus e reforma interior.

Poesia Satírica

Foi a poesia satírica que fez a fama de Gregório de Matos. A todos que se perguntam quem foi Gregório de Matos, em geral se tem como resposta o apelido de Boca do Inferno graças a isso.

Com ela, o poeta teceu inúmeras críticas à sociedade colonial da Bahia. Não somente no âmbito dos costumes, Gregório de Matos também colocou em xeque a validade do orgulho de pessoas que apresentavam o que na época era visto como impureza de sangue.

A poesia satírica de Gregório de Matos é composta de ironias e vocabulário incisivo contra abusos de poder de autoridades e a hipocrisia.

Agora que você já sabe quem foi Gregório de Matos e sua poesia, vamos ver alguns poemas dele.

Poemas de Gregório de Matos

Vamos dividir os poemas pelos temas da poesia gregoriana.

Poema lírico-amoroso

A mesma D. Ângela

Anjo no nome, Angélica na cara

Isso é ser flor, e Anjo juntamente

Ser Angélica flor, e Anjo florente

Em quem, se não em vós se uniformara?

Quem veria uma flor, que a não cortara

De verde pé, de rama florescente?

E quem um Anjo vira tão luzente

Que por seu Deus, o não idolatrara?

Se como Anjo sois dos meus altares

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Fôreis o meu custódio, e minha guarda

Livrara eu de diabólicos azares

Mas vejo, que tão bela, e tão galharda

Posto que os Anjos nunca dão pesares

Sois Anjo, que me tenta, e não me guarda

Poema religioso

Pequei, Senhor; mas não porque hei pecado,

Da vossa alta clemência me despido;

Antes, quanto mais tenho delinquido,

Vos tenho a perdoar mais empenhado.

Se basta a vos irar tanto pecado,

A abrandar-vos sobeja um só gemido:

Que a mesma culpa, que vos há ofendido,

Vos tem para o perdão lisonjeado.

Se uma ovelha perdida já cobrada,

Glória tal e prazer tão repentino

Vos deu, como afirmais na Sacra História:

Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada,

Cobrai-a; e não queirais, Pastor Divino,

Perder na vossa ovelha a vossa glória.

Poema satírico

Neste mundo é mais rico, o que mais rapa:

Quem mais limpo se faz, tem mais carepa:

Com sua língua ao nobre o vil decepa:

O Velhaco maior sempre tem capa.

Mostra o patife da nobreza o mapa:

Quem tem mão de agarrar, ligeiro trepa;

Quem menos falar pode, mais increpa:

Quem dinheiro tiver, pode ser Papa.

A flor baixa se inculca por Tulipa;

Bengala hoje na mão, ontem garlopa:

Mais isento se mostra, o que mais chupa.

Para a tropa do trapo vazio a tripa,

E mais não digo, porque a Musa topa

Em apa, epa, ipa, opa, upa.

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Redação Beduka
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