Confira o resumo de Sagarana, um livros de contos modernistas publicado em 1946 por Guimarães Rosa. O livro é obra obrigatória da FUVEST, vestibular utilizado pela Universidade de São Paulo (USP).
Dessa vez preparamos um resumo de Sagarana (1946) de Guimarães Rosa (1908-1967) e, como sempre, uma análise também. Ele é um dos livros obrigatórios para quem prestará o vestibular FUVEST.
Saiba quais são as outras leituras obrigatórias da Fundação Universitária para o Vestibular (FUVEST) aqui, e fique preparado. Também fizemos resumos de outras obras, por isso não deixe de conferir.
Vai realizar o ENEM também? Conheça os livros mais cotados para essa prova. São onze principais que também foram resumidos e analisados.
Ao final do artigo teste seu conhecimento com algumas questões de vestibular sobre Sagarana. Bem…sem delongas, vamos começar o resumo.
Resumo de Sagarana de Guimarães Rosa
Trata-se de um livro de contos, são 9 ao todo. Por isso faremos o resumo de Sagarana por capítulo ou por novela, como também são chamados.
Lista dos 9 contos presentes em Sagarana:
- O Burrinho Pedrês
- A volta do Marido Pródigo
- Sarapalha
- Duelo
- Minha Gente
- São Marcos
- Corpo Fechado
- Conversa de Bois
- A Hora e a Vez de Augusto Matraga
Resumo dos 9 contos de Sagarana:
Agora que você já conhece a estrutura da obra, veja o detalhamento principal em cada um deles, com foco no mais cobrado nos vestibulares, o último dos nove: A Hora e a Vez de Augusto Matraga.
O Burrinho Pedrês
Enredo: Um burrinho chamado Sete-de-ouros, já velho e considerado inútil acompanha a movimentação de uma boiada conduzida pelo Major Saulo rumo à uma estação de trem. Paralela à narrativa da boiada, há muitas outras que em geral abordam o problema do mal.
O clímax se dá quando uma chuva torrencial inunda tudo, matando todos os boiadeiros. Ironicamente, o inútil Burrinho Pedrês sobrevive. Badu e Francolin que estavam junto ao burro também conseguem escapar.
Antes de começar a análise geral da obra, vale ressaltar neste resumo de Sagarana, que neste conto temos dois temas bíblicos. Há uma alegoria ao dilúvio e ao cristianismo que valoriza o humilde, afinal o sobrevivente foi o burrinho desprezado.
Era um burrinho pedrês, miúdo e resignado
Personagens principais: Sete-de- Ouros (burrinho pedrês), Major Saulo, Francolim e Badu.
A Volta do Marido Pródigo (Traços biográficos e Lalino Salathiel)
Enredo: Esta é a história de um malandro chamado Lalino. Ele deixa sua família e vai para o Rio de Janeiro. Acaba, porém, tendo que voltar e se torna cabo eleitoral do Major Anacleto. Consegue também se reconciliar com sua mulher, Maria Rita.
Basicamente, por esta narrativa percebemos a vitória da malandragem sobre o esforço do trabalho. É assim que Lalino sobrevive.
E os bate-paus abandonam o foguinho do pátio, e, contentíssimos, porque há muito têm estado inativos, fazem coro:
Pau! Pau! Pau!
Pau de jacarandá!…
Depois do cabra na unha,
quero ver quem vem tomar!…
Personagens principais: Lalino Salathiel, Maria Rita, Ramiro e Major Anacleto.
Sarapalha
Enredo: O título é o nome de uma região tomada pela malária. Lá conhecemos 2 primos: Ribeiro e Argemiro. Um deles, o Ribeiro, era casado com Luiza e não sabia que seu primo havia se apaixonado por ela.
Luiza, no entanto, foge de Sarapalha com um vaqueiro, deixando os dois entregues à doença e ao sofrimento.
Nesta situação, Argemiro resolve contar a Ribeiro que havia se apaixonado por sua esposa. Após a confissão o primo expulsou Argemiro das terras sem qualquer complacência.
Ao redor, bons pastos, boa gente, terra boa para o arroz. E o lugar já estava nos mapas, muito antes da malária chegar.
Personagens principais: Primo Ribeiro e Primo Argemiro.
Duelo
Enredo: Dando continuação ao nosso resumo de Sagarana, chegamos ao quarto conto. Ele é uma história de vingança. Turíbio Toro quer matar Cassiano Gomes, um ex-militar. O motivo? Ele estava se envolvendo com a sua mulher. Porém, mata o irmão de Cassiano. Este percorre todo o sertão atrás de Turíbio para conseguir se vingar, sem conseguir.
Cassiano, no desenvolver da história, acaba morrendo de sopro no coração. Contudo, conseguiu indiretamente a morte de seu inimigo. Ele havia ajudado um capiau conhecido como Vinte-e-um.
Para honrar a ajuda que recebeu de Cassiano, o capiau mata Turíbio Toro.
Respirava fundo e a sua cabeça trabalhava com gosto, compondo urdidos planos e vingança.
Personagens principais: Turíbio Todo, Cassiano Gomes, Silvana e Vinte-e-um.
Minha Gente
Enredo: Neste conto o protagonista é um inspetor de ensino chamado Emílio. O que ele mais quer é conquistar sua prima Maria Irma. Porém, ela inteligentemente manipula tudo, fazendo com que seu primo se case com uma amiga, a Armanda. Sabem o porquê de toda essa manipulação? Maria Irma queria se casar com o ex de Armanda, chamado Romero… e conseguiu.
Viva Santana, com os seus peões! Viva o xeque-do-pastor! Viva qualquer coisa!…
Personagens principais: Emílio (narrador), Maria Irma, Ramiro Gouveia e Armanda.
São Marcos
Enredo: Agora, no nosso resumo de Sagarana, somos apresentados a Izê (José), um homem inculto que adora andar pelo mato. Ele irrita um feiticeiro chamado Mangolô, que por meio de um vodu faz com que Izê, perca a visão. Isso foi feito, pois ele debochava da feitiçaria, não acreditava em nada disso.
Por isso o feiticeiro vendou um boneco seu, deixando-o sem ver.
Mas, passando a acreditar, Izê reza a poderosa oração de São Marcos, recupera sua visão e vence seu oponente.
Olho que deve ficar fechado, p´ra não precisar ver negro feio…
Personagens principais: José, ou Izé (narrador), Aurísio Manquitola e João Mangolô.
Corpo Fechado
Enredo: Neste conto acompanhamos uma grande disputa e no nosso resumo de Sagarana não poderíamos deixar de detalhá-la um pouco. Manuel Fulô é um bobão metido a valentão numa cidade repleta de valentões. Ele quer muito uma sela que o feiticeiro Antônio das Pedras-Águas possui. Este, por sua vez, quer muito a mula que Manuel tem.
Targino de Tal é o real valentão da cidade e diz a Manuel que vai tirar a virgindade da noiva dele. Para evitar isso, Manuel Fulô consegue um feitiço para fechar seu corpo, à troca de sua mula. Assim tornou-se resistente à golpes, armas de fogo, etc e conseguiu enfrentar Targino. Ele consegue, o mata e ainda livra a cidade de um bandido.
Conheceu, gente, o que é sangue de Peixoto?!…
Personagens principais: Manuel Fulô, feiticeiro Antonico das PedrasÁguas e Targino.
Conversa de Bois
Enredo: 8 bois puxam uma carroça onde estão Argenor Soronho e um cadáver. O morto é o pai de Tiãozinho, o menino que vai à frente abrindo o caminho.
Nesta novela surreal, os bois estão contando várias histórias. Uma entre elas é a do boi Rodapião que era considerado estranho por andar demais com os homens. Esse boi também filosofava e pensava sobre a existência.
Há até mesmo um momento em que Tiãozinho e os bois andam dormindo. Acontece uma ligação de pensamentos e eles decidem se livrar de Argenor Soronho, que maltratava o menino e os bois.
Eles derrubam Argenor da carroça e passam com a roda sobre o pescoço dele. A caminhada prossegue mais alegre com dois defuntos.
Que tudo o que se ajunta espalha…
Personagens principais: Tiãozinho, Didico, Agenor, Soronho e o boi Brilhante.
A Hora e a Vez de Augusto Matraga
Enredo: Destacamos neste resumo de Sagarana de Guimarães Rosa que esse é o conto mais importante e que costuma ser mais cobrado nos vestibulares. Muita atenção!
Trata-se da história de um bandido desregrado que consegue escapar de um linchamento. Antes de contarmos como ele acabou sendo linchado, vamos a mais características dele.
Seu nome é Augusto Estêves, homem até diabólico. Participa de leilões de mulheres da vida, comporta-se como machão, fanfarrão, tem capangas e influência política. Também tem família, esposa e filhas, mas as trata muito mal.
Contudo, elas não dão mais conta e fogem, abandonando-o e seus capangas migram para o bando de outro valentão. Então, Augusto vai até o novo grupo onde estão seus ex-capangas para tirar satisfação. Agora sim, você já sabe o que acontece. Ele apanha até quase a morte. Só escapa porque rola o corpo e cai de um barranco.
Quase morto é encontrado por um preto (sim, é a linguagem do livro). Pai Serapião o leva para sua casa e cuida dele junto de sua mulher, a Mãe Quitéria. O casal também o ajuda com muita oração.
Augusto se torna um bom cristão, reza pela família e pede perdão em pensamento. Em síntese, ele com muito arrependimento passa por uma redenção. Ouve de um padre que a hora e a vez dele iriam chegar, querendo com isso dizer que a salvação dele chegaria.
Para o céu eu vou, nem que seja a porrete!
Matraga é o seu nome de regenerado. E de fato, sua hora e vez chegaram ao enfrentar Joãozinho Bem-Bem, para impedir a morte de um inocente. Matraga e ele morrem em combate, até honroso por sinal, reconhecendo o valor um do outro.
Personagens principais: Augusto Esteves (Matraga), Pai Serapião, Nhô Augusto e Joãozinho Bem-Bem.
Este conto se tornou tão famoso que virou filme. Veja o trailer que também é como um resumo da história:
O que achou do resumo de Sagarana? Não é só, continue para acompanhar os detalhes técnicos da obra que são muito importantes na hora de fazer as questões.
Análise de Sagarana de Guimarães Rosa
Nessa obra, Rosa realiza uma manutenção da contação de causos. Ele era um grande fabulista e a dica já está no título que é um hibridismo. “Saga” tem origem germânica e significa “conto heróico” ou “lenda”. Já “Rana” tem origem no Tupi e significa “que possui semelhança”.
Nossa obra é então um conjunto de contos que possuem se assemelham a lendas.
Simplificando, Sagarana é um conjunto de lendas ou sagas.
Última fase do modernismo e regionalismo universal
É um livro da terceira fase do modernismo. É regionalista, passando-se longe dos grandes centros urbanos (RJ e SP). Porém, não se assemelha ao regionalismo de Vidas Secas de Graciliano Ramos. O de Rosa é diferente porque ele possui maior transcendência, seu regionalismo é universalista, porque passa ensinamentos que servem para todos, como você provavelmente deve ter percebido ao ler o resumo de Sagarana.
Também se diz que Guimarães escreveu com regionlismo fantástico, pois alguns de seus contos são surreais, com elementos místicos ou fantasiosos.
Espaço do Enredo
O sertão retratado é o do norte de Minas Gerais (MG) ou do sul da Bahia (BA). Normalmente acontece um verdadeiro Faroeste Caboclo, já que prevalece a lei do mais forte. Ainda assim, a barbárie convive com o progresso em alguns aspectos. Em suas narrativas, a civilização não chegou ao sertão, apesar de que em alguns momentos o arcaico convive com o moderno.
Linguagem
O detalhismo com o qual Guimarães Rosa escreve é documental. E como se trata do sertão, ele opta por uma linguagem caipira, um mineirês ou algo criado a partir do sotaque mineiro.
Rosa mistura termos técnicos a termos cotidianos e o estrangeiro ao regional. Ao ler você perceberá uma prosa poética e a incorporação da fala do sertanejo. Ele cria novas palavras (neologismos), muitas delas, também faz uso de arcaísmos, eruditismo e coloquialismo.
Narradores
Os contos são narrados em terceira pessoa, exceto “Minha Gente” e “São Marcos” que são narrados em primeira pessoa. Os narradores são orais, ou seja, não se comportam como quem escreve um texto, mas como quem o conta.
Há uma fusão do oral com o literário, pois eles conversam com musicalidade, de forma poética e com muitas rimas e figuras de linguagem.
Agora que já leu o resumo de Sagarana, se quiser ler a obra completa, está fácil:
PDF de Sagarana
Sobre o autor: João Guimarães Rosa
João Guimarães Rosa foi um brasileiro nascido em 1908 em Cordisburgo, Minas Gerais. Foi escritor, médico e diplomata. Escreveu romances, contos e poesias.
Pertencia ao modernismo, mas também escreveu com regionalismo e pós modernismo.
Sua principal obra é Grande Sertão: Veredas
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Confira ainda:
- Quais as profissões mais bem pagas do Brasil?
- Resumo e análise de MAYOMBE
- Resumo e análise de CLARO ENIGMA
Gostou da análise e do resumo de Sagarana de Guimarães Rosa? Fale com a gente, deixe seu comentário.
Questões de vestibular sobre Sagarana
1 – (PUC-SP) O conto Conversa de bois integra a obra Sagarana, de João Guimarães Rosa. De seu enredo como um todo, pode afirmar-se que:
a) A os animais justiceiros, puxando um carro, fazem uma viagem que começa com o transporte de uma carga de rapadura e um defunto e termina com dois.
b) a viagem é tranqüila e nenhum incidente ocorre ao longo da jornada, nem com os bois nem com os carreiros.
c) os bois conversam entre si e são compreendidos apenas por Tiãozinho, guia mirim dos animais e que se torna cúmplice do episódio final da narrativa.
d) a presença do mítico-lendário se dá na figura da irara, “tão séria e moça e graciosa, que se fosse mulher só se chamaria Risoleta” e que acompanha a viagem, escondida, até à cidade.
e) a linguagem narrativa é objetiva e direta e, no limite, desprovida de poesia e de sensações sonoras e coloridas.
2 – (FUVEST) Ele se aproximou e com voz cantante de nordestino que a emocionou, perguntou-lhe:
— E se me desculpe, senhorinha, posso convidar a passear?
— Sim, respondeu atabalhoadamente com pressa antes que ele mudasse de idéia.
— E, se me permite, qual é mesmo a sua graça?
— Macabéa.
— Maca — o quê?
— Bea, foi ela obrigada a completar.
— Me desculpe mas até parece doença, doença de pele.
Eu também acho esquisito mas minha mãe botou ele por promessa a Nossa Senhora da Boa Morte se eu vingasse, até um ano de idade eu não era chamada porque não tinha nome, eu preferia continuar a nunca ser chamada em vez de ter um nome ue nin uém tem mas arece ue deu certo — arou um instante retomando o fôlego perdido e acrescentou desanimada e com pudor — pois como o senhor vê eu vinguei… pois é…
— Também no sertão da Paraíba promessa é questão de grande divida de honra.
Eles não sabiam como se passeia. Andaram sob a chuva grossa e pararam diante da vitrine de uma loja de ferragem onde estavam expostos atrás do vidro canos, latas, parafusos grandes e pregos. E Macabéa, com medo de que o silêncio já significasse uma ruptura, disse ao recém-namorado:
— Eu gosto tanto de parafuso e prego, e o senhor?
Da segunda vez em que se encontraram caia uma chuva fininha que ensopava os ossos. Sem nem ao menos se darem as mãos caminhavam na chuva que na cara de Macabéa parecia lágrimas escorrendo. (Clarice Lispector, A hora da estrela)
Ao dizer: “(..) promessa é questão de grande dívida de honra”, Olímpico junta, em urna só afirmação, a obrigação religiosa e o dever de honra. A personagem de Sagarana que, em suas ações finais, opera uma junção semelhante é:
a) Major Saulo, de O burrinho pedrês.
b) Lalino, de Traços biográficos de Lalino Salãthiel ou A volta do marido pródigo.
c) Primo Ribeiro, de Sarapalha.
d) João Mangolô, de São Marcos.
e) Augusto Matraga, de A hora e vez de Augusto Matraga.
3 – (FUVEST) Dentre os contos de Sagarana existe um em que o narrador sustenta um duelo literário com outro poeta, chamado Quem Será, e no qual se fazem várias considerações sobre a natureza da poesia. Numa metáfora do condicionamento do homem, resistente à aceitação do novo e diferente, o autor leva a personagem a passar por um período de cegueira. A partir daí a personagem descobre a mutilação dos sentidos, que agora se abrem a outras vertentes da realidade.
Em qual dos contos abaixo se discute essa questão?
a) “A hora e a vez de Augusto Matraga”.
b) “Duelo”.
c) “Conversa de bois”.
d) “São Marcos”.
e) “Corpo fechado”.
Depois de ter lido a análise e o resumo de Sagarana ficou fácil, certo? Agora confira as respostas.
Gabarito:
1 – a
2 – e
3 – d
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