O teste de Scott é um exame feito em laboratório para identificar se há presença de cocaína em um material. Ele é realizado usando uma solução de tiocianato de cobalto em meio ácido (cor rosa), que produzirá um complexo de cobalto (cor azul) se houver a droga. São os cientistas forenses que fazem esse teste, muitas vezes mostrados em filmes e séries!
Neste artigo sobre Teste de Scott, você encontrará:
- O que é Teste de Scott
- Como ele funciona
- Entendo um pouco sobre a Cocaína
- O que o teste de Scott tem a ver com o galinho do tempo?
- Reações e resultados do teste
- Como a física se relaciona com a química
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O que é Teste de Scott?
O teste de Scott é um experimento que foi desenvolvido por L. J. Scott Jr., no ano de 1973. Seu objetivo era detectar a cocaína por meio de uma reação química que envolve o composto chamado “tiocianato de cobalto”.
Você é um daqueles super fãs de séries, documentários e filmes de investigação? Se sim, provavelmente já viu uma cena de apreensão de pessoas ou cargas relacionadas ao tráfico de drogas.
Logo depois, eles entregam para a perícia e encaminham para um laboratório para fazer aqueles testes que confirmem, não é? Hoje, nós vamos aprender como funciona um desses testes!
Entendendo um pouco sobre a Cocaína
A cocaína é uma droga ilícita que causa o efeito de hiper estimular o Sistema Nervoso Central (SNC). O seu princípio ativo é um potente anestésico local, mas com efeitos de curta duração e ocasionando um estado de depressão depois.
Ela é definida como um alcaloide tropânico e é extraída das folhas do vegetal Erytroxylum coca. A cocaína costuma ser consumida como sal cloridrato de cocaína (pó) ou na forma de pasta base (o crack, uma pedra).
Segundo o relatório de 2011 da ONU sobre Drogas e Crimes (UNODC), a cocaína é a segunda droga mais consumida em todo o mundo. Como consequência, o tráfico de drogas vem desestruturando a sociedade, pois interfere negativamente nos indicadores sociais e econômicos (segurança, saúde, violência e qualidade de vida).
Na América do Sul o seu consumo tem aumentado e o Brasil é o país que mais o consome nesta região. Além disso, faz fronteira com os três principais países produtores (Bolívia, Colômbia e Peru). A comprida costa litorânea é um fator que facilita o tráfico de drogas para a Europa e África.
A identificação dessa droga é de fácil identificação quando associada aos excretas biológicos (sangue, urina, cabelo, suor e saliva).
Porém, a apreensão da droga não consumida, estocada, ainda é baixa. O teste de Scott é um dos mecanismos usados para identificar a droga nesses casos.
Como funciona o teste de Scott?
Alguns anos depois, os cientistas Fasanello e Higgins deram um “upgrade” no Teste de Scott, que passou a ser chamado de teste de Scott modificado. Essa atualização passou a permitir a identificação do crack, a forma base da cocaína.
Independente da forma com que vêm ou dos outros compostos presentes, qualquer uma das moléculas que contém o princípio ativo da coca (a substância que causa o efeito) reagem com o tiocianato de cobalto (Co(SCN)2).
Antes da reação o cobalto tinha uma cor rosada, mas depois dessa reação química ele passa a ser azul por causa da formação do complexo de Cobalto. São os profissionais chamados de peritos criminais e químicos forenses (de investigação) que realizam este teste.
Dessa forma, se o resultado do Teste de Scott for uma cor azulada, teremos a indicação e comprovação de que há cocaína no material analisado.
Resultado do Teste de Scott
Um pouquinho de física na química…
Você já deve ter aprendido na Física que tudo o que move o universo é permeado por ondas. Na física, essas ondas podem ser mecânicas (o som, por exemplo) ou eletromagnéticas (luz e cores).
É com base nessa ideia que certas substâncias químicas produzem cores. Assim, quando o tiocianato de cobalto reage com a cocaína, o composto formado atinge uma frequência de onda que emite a cor azul.
No gráfico acima, você pode observar a diferença entre as propriedades da onda da cocaína e de outros elementos.
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Você já ouviu falar no “galinho do tempo”?
Se não ouviu falar, não tem problema. A gente te explica: o galinho do tempo é aquele enfeite de um galo pequenino que pode ter na casa dos seus avós! É o famoso bibelô que troca de cor para indicar alguma mudança climática (chuva).
Curiosamente, esse objeto sofre uma reação muito parecida com o Teste de Scott. Ela também usa o elemento Cobalto, além de ocorrer uma mudança na coloração e chegar em tons de azul.
Incrível não é? Mas pode ficar tranquilo, ele não indica presença de cocaína não… Nós só dissemos que a reação era parecida, não a mesma!
O que acontece no galinho é que ele possui um sal de cobalto. Esse sal, chamado de cloreto de cobalto di-hidratado (CoCl2(H2O)), é muito reativo e influenciado pela umidade relativa do ar, então facilmente se converte em outro composto.
Novamente, a coloração muda dependendo de qual composto foi formado. Mas não se confunda:
É a baixa umidade do ar que faz o galinho ficar em tons de azul. Isso acontece porque o cloreto de cobalto fica menos hidratado (falta umidade), então moléculas de água são produzidas para compensar essa ausência.
Quando a presença de umidade é detectada, o galinho assume cores rosadas. Assim, a alta umidade faz com que o sal se converta em um composto bem complexo, mas que produz a cor rosa.
Agora você já sabe: se o galinho ficar rosa, provavelmente haverá chuva ainda nesse dia ou nos próximos!
Fórmulas das reações
A química sempre esteve ao seu redor e se esconde em muitas outras coisas legais do cotidiano. Basta que você abra seus olhos e deixe sua curiosidade te guiar! Assim a gente entende melhor a grandeza das coisas que nos cercam.
Agora que você já entendeu como essas reações acontecem e diminui o “medo da química”, nós vamos te propor um desafio!
Logo abaixo, vamos deixar as fórmulas do Teste de Scott e da reação do Galinho. Tente ler com calma as reações e identificar os compostos mencionados no texto. Assim você vai se familiarizando e vendo que a química não é um bicho de 7 cabeças!
(cor rosa) Co2+ + 4SCN + 2B ⇋ [Co(SCN)4B2]2- (cor azul)
(cor azul) [CoCl4]2+ + 6H2O ⇋ [Co(H2O)6]2+ + 4Cl– (cor rosa)
Note que o galinho funciona porque a reação é do tipo que sofre equilíbrio químico. Então, dependendo da umidade e temperatura, o equilíbrio se desloca ora para a direita ora para a esquerda, causando a alteração de cor .
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4 Comentários
Gostei do artigo ! Mas senti falta da fórmula estrutural plana da cocaína e da formula estrutural plana do complexo tiocianato de cobalto /cocaína. Mas, tá bem didático o artigo. Parabéns !
Que bom que gostou do conteúdo, Romênio! Obrigado pelo comentário. Mas por mais que seja piada, como professores somos obrigados a falar: “fique longe dessas substâncias, viu”!
Achei interessante a explicação do método, porém o teste colorimétrico, por si só não serve de comprovação de que há cocaína na amostra analisada. Medicamentos alcaloídicos tais como escopolamina, prometazina e outros podem gerar resultados falsos positivos neste teste de Scott, que serve de teste preliminar e indicativo. Para que haja realmente comprovação da presença de cocaína é necessário realizar outros testes analíticos, tais quais Cromatografia em fase líquida ou gasosa, espectrometria de massas, espectroscopia no infravermelho, ressonância magnética nuclear, entre outras. Muitas pessoas já foram condenadas injustamente por análises feitas de maneira errada ou precipitada. O papel do perito é fundamental neste processo.
Pedro, é ótimo ver uma dedicação como a sua, mas tenha em mente que o objetivo era apenas explicar como o teste funcionava para que estudantes entendessem. Mas obrigada pelas considerações de qualquer forma.