Úrsula é considerado um dos primeiros romances abolicionistas e o primeiro escrito por mulher na literatura brasileira. Nele, Maria Firmina consegue pegar um típico enredo e recheá-lo de críticas e análises sociais, fazendo isso do ponto de vista negro e feminino. Fique conosco para saber tudo sobre o resumo de Úrsula de Maria Firmina!
Neste artigo com o resumo de Úrsula de Maria Firmina, você encontrará:
- Ficha técnica
- Resumo de Úrsula de Maria Firmina
- Análise
- Sobre a autora
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Informações gerais
É importante, principalmente se você não tiver muito tempo para ler a obra completa, conhecer e se recordar dos aspectos técnicos, que podem te guiar na leitura do resumo de Úrsula de Maria Firmina.
Ficha técnica:
Título: Úrsula
Autora: Maria Firmina
Ano de publicação: 1859
Nacionalidade: Brasileiro
Foco narrativo: 3° pessoa
PDF: Úrsula
Número de páginas: cerca de 150 (depende da edição)
Número de capítulos: 20
Movimento literário: Época do Romantismo, mas a obra apresenta algumas características únicas.
Resumo de Úrsula de Maria Firmina + Análise
Fique agora com o nosso resumo de Úrsula de Maria Firmina, intercalado com as análises da obra, para você já sair sabendo de tudo ao final da leitura!
Contextualização da obra
Úrsula é uma obra icônica desde sua origem: é considerado o primeiro romance escrito por uma mulher,no Brasil. Além disso, também é um romance precursor da temática abolicionista, pois é anterior até mesmo à poesia de Castro Alves.
Ainda pode ser visto como o primeiro romance da literatura afro-brasileira, cujo conceito é: produção de autoria afro-descendente que retrata o negro a partir de uma perspectiva interna. Isso porque Maria Firmina nasceu filha de um branco com uma negra, sendo, portanto, afrodescendente.
A autora, sabendo de sua posição social no século XIX, já diz logo no prólogo do livro:
“Pouco vale este romance, porque escrito por uma mulher, e mulher brasileira, de educação acanhada e sem o trato e conversação dos homens ilustrados.”
Também por este motivo, na obra original, ela publicou utilizando o pseudônimo “uma maranhense”.
Análise geral da obra
Pela primeira vez na nossa literatura houve uma narrativa tão crítica e realmente vivida. Por ser afrodescendente e estar num contexto anterior à Lei Áurea, a autora soube expor o que ela e sua família sentiram e viveram. Até então, só haviam produções de brancos falando sobre os negros.
Apesar de a “heroína” ser branca, a narrativa traz essa visão realística sobre a escravidão e há, dentre os principais personagens, uma tríade de negros com uma participação bem pensada. O trio começa atuando pontualmente e de forma discreta, depois vai crescendo e ganhando representatividade até que, ao final, o leitor já está completamente envolvido por eles e seus feitos.
Além disso, os integrantes estão presentes em cenas que falam muito: no primeiro capítulo “Duas Almas Generosas”, a escritora confronta a ideia vigente na época de que o negro era ruim por natureza. Também retrata elementos da cultura negra como sinônimo de algo forte e bom.
Início do enredo e interpretação – trio negro
O romance inicia-se com Túlio, um cativo genuinamente negro (a escritora não tentou fazê-lo parecer um “negro de alma branca”) que salvou a vida de Tancredo, um cidadão de família rica. A partir deste fato, o narrador deixa claro que apesar das diferenças ambos compartilham o mesmo espírito bondoso.
Quando questionado sobre a melhor forma de ser recompensado, Túlio afirma só desejar que os escravos que cruzarem o caminho de Tancredo sejam tratados com respeito.
Tancredo não só concorda como se mostra incomodado com a situação daquele que o salvou e de seus iguais. Mais que agradecimento, como forma de carinho com aquele que chamou de amigo, também devolveu a Túlio sua liberdade. A partir deste momento, por carinho, gratidão e ingenuidade, Túlio vê-se ligado ao companheiro de alma, Tancredo, e o segue até seu infeliz fim.
Portanto, as falas de Túlio são usadas como denúncia. A atuação de sua personagem não para por aí, ele passa a ser ouvinte e transmissor da história de Suzana e Antero. Suzana, a segunda que compõe o trio, é uma mulher que foi retirada de sua África, separada de marido, filhos e família. Foi jogada em um navio negreiro e presenciou as mais terríveis desumanidades.
Sua história é a representação do processo da diáspora negra: começando com a vida comum em sua terra, passando pelo relato doloroso do navio e fazendo o trajeto que tinha como destino a escravidão no Brasil. Tudo isso é descrito de uma forma que só a sensibilidade feminina seria capaz de captar, fazendo o leitor ter empatia.
Antero, o terceiro negro presente, já traz uma abordagem que fala sobre a África marcada pelo trabalho duro e, também, suas festas e comemorações culturais. Ele era um velho guardião que, agora escravo, trabalhava sem descanso e encontrou na bebida uma forma de suportar as condições de sua existência.
Apesar de não ser descrito da mesma forma sutil que os outros dois, Antero não é representado como alguém impiedoso, mas como vítima. É retratado como alguém que encontrou na falta de sobriedade e de obediência, as formas de garantir a sua própria sobrevivência.
O Romance entre Tancredo e Úrsula
Servindo como pano de fundo de toda a crítica, surge o amor entre Tancredo e Úrsula. Úrsula é descrita como doce, bela e cheia de compaixão, não possui pai e divide a solidão com sua mãe doente. No terceiro capítulo, há a declaração da verdadeira paixão entre o casal, mas há um obstáculo:
O tio da moça, Fernando P., é um homem desprezível. Possui olhar sinistro, violento e rancoroso. Ele cometeu crimes e maltratou sua irmã – a mãe de Úrsula, apenas para poder ter a menina para si. Além disso, é caracterizado como vilão também pela forma com que tratava seus escravos.
Aparentemente, é uma clássica história de amor impossível: uma moça pobre e um homem de família rica, assim como muitas de seu tempo. Porém, logo se nota que as preocupações presentes no romance são outras.
Apesar de ter sido escrito num período de nacionalismo exacerbado, destoa desse momento já que não foca na ideia de indivíduos formados para a nação. Além disso, o modo como mulheres e negros são retratados, também confrontam alguns pontos da mentalidade da época.
Ao final, enlouquecido de ciúmes, o tio vilão mata Tancredo na noite do casamento deste com Úrsula. Isso provocou a loucura e o falecimento de Úrsula que, por sua vez, gerou um remorso enorme em Fernando P. Com esse fato, ele começou a se afastar de sua antiga personalidade e desejar a morte. Contudo, antes de morrer, chegou a libertar seus escravos e até ficar recluso em um convento.
O texto não segue a ideia de final feliz e se aproxima de um romance gótico, trágico. Isso porque, assim, consegue mexer com as emoções do leitor e estabelecer melhor a empatia, gerando mais reflexões.
Análise estrutural
Do ponto de vista formal, o texto possui uma linearidade narrativa bem tradicional e personagens sem muita complexidade psicológica. A escritora utilizou das técnicas do romance conhecido popularmente a fim de empregá-las como um instrumento de aproximação. Dessa forma, há uma maior chance de o romance ser inicialmente aceito e transmitir sua mensagem.
Há uma grafia um pouco diferente da atual, como a palavra “dous” ao invés de “dois”, mas tudo se dá num aspecto estilístico da época.
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