O Humanismo é um movimento que coloca o ser humano e suas capacidades como protagonistas, influenciando principalmente a filosofia e a literatura. Surgiu na Europa durante a transição do Medievo para a Modernidade. Tem o antropocentrismo como principal característica, ainda assim, existem diferentes vertentes! Leia o artigo completo com exemplos para entender o que é o Humanismo!
Neste texto sobre o que é Humanismo, você encontrará os tópicos abaixo. Se quiser, clique em um deles para ir diretamente ao conteúdo:
- O que é Humanismo?
- Contexto histórico em que surgiu.
- Quais são as principais características humanistas?
- Quais são os tipos de Humanismo?
- Curiosidade!
- Humanismo na Filosofia.
- Humanistas nas Artes e Literatura.
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O que é o Humanismo?
O Humanismo é um conjunto de valores que coloca o ser humano e suas capacidades naturais como protagonistas da vida. Essas ideias foram expressas principalmente na filosofia e na literatura (italiana e portuguesa).
Esse movimento surgiu na Itália entre os séculos XIV e XV, espalhando-se por toda a Europa, principalmente no início do Renascimento.
Hoje em dia, o conceito geral de humanismo tem sido erroneamente associado ao anticlericalismo (contra o clero e a Igreja). Na realidade, existem diversos tipos de humanismo.
Essa confusão acontece porque o tipo que mais se espalhou é, de fato, usado como base para o laicismo iluminista. Mas é importante deixar claro que há outras vertentes humanistas que não são anti-cristãs.
Vamos entender o que se passava no período em que ele surgiu e quais são as principais características desse pensamento:
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Em qual contexto histórico se originou o Humanismo?
O Humanismo se encontra no período de transição entre a Idade Média (Trovadorismo) e a Idade Moderna (Renascimento). Nesse contexto, podemos observar que seus ideais tiveram grande influência dos fatores sociais e econômicos.
O sucesso do comércio no medievo foi um dos fatores que levou ao fim do feudalismo, pois foi quando começou o surgimento da burguesia, um novo grupo social. Os burgos (centros urbanos) modificaram as relações de trabalho e a estrutura da sociedade.
Houve também a expulsão dos camponeses pelos senhores feudais, o período da Peste Negra que matou um terço da população e as crises sanitárias nos centros urbanos.
A solução que se julgou necessária para esse caos foi apostar no Absolutismo como forma de governo que ordenaria todos os aspectos da vida. Isso significava que os reis detinham todo o poder concentrado em suas mãos.
Assim, o Antigo Regime que tinha senhores feudais como autoridade política e a Igreja como autoridade espiritual e social, ia perdendo força e relevância. Toda uma cultura e modo de vida foi sendo misturada com uma nova mentalidade.
O homem medieval fazia tudo pensando em Deus e para agradar a Ele. O pensamento filosófico e racional medieval, bem como o científico, eram explorados de forma cautelosa. A isso damos o nome de Teocentrismo (Deus no centro da existência).
Porém, o homem que vivia em meio ao caos, à política centrada no rei e na busca por soluções rápidas, não se pôs satisfeito. Agora, as ações deveriam ser feitas pelos homens e para os seus próprios anseios. A isso chamamos de Antropocentrismo (o homem no centro da existência).
Sendo assim, a ciência e o pensamento racional que já existiam como um dos elementos da vida humana passaram a ganhar destaque.
O empirismo, que é o descobrir pelo uso dos sentidos e experiências humanas, se torna o ápice do modo de agir, investigar e criticar.
Quais são as principais características do Humanismo Renascentista?
As principais características do Humanismo como um todo são:
- Antropocentrismo: ideias fundadas nos interesses, potencialidades e faculdades do ser humano;
- Racionalismo: razão prática acima da fé e de qualquer outra forma de conhecimento deste tipo;
- Cientificismo empirista: tudo tem um um objetivo prático e útil ao homem, investigado pela ciência dos experimentos com os sentidos físicos;
- Naturalismo: o homem deve ser entendido de forma natural, como parte da natureza que é harmônica e refúgio;
- Descentralização do conhecimento: os clássicos foram preservados pelas bibliotecas dos mosteiros, mas passaram a ser mais divulgados e cada um interpretava à sua própria maneira;
- Hedonismo: valorização e busca pelos prazeres humanos e terrenos;
- Resgate da mitologia greco-romana: valoriza-se os ideais clássicos e a mitologia como eram na época do helenismo, não mais com a visão cristã que se adquiriu durante a Idade Média;
- Descrição da figura humana (masculina e feminina);
- Maior aprofundamento nas ciências naturais e antropológicas;
- Distinção entre poesia e música;
- Não aceita verdades pré-concebidas (dogmas). Busca investigá-las pelos próprios sentidos para decidir se quer considerar válido ou não.
É importante lembrar que, em um primeiro momento, o humanismo não se opõe totalmente à religião. Os primeiros humanistas acreditavam que os homens poderiam ter uma fé, mas ela não deveria ser expressada exteriormente, só no íntimo de cada um.
Esse pensamento afronta diretamente algumas doutrinas que se veem completas na realização de sinais internos e externos, mas não podemos generalizar dizendo que era contra a prática de todas as religiões.
Mais tarde, existirão algumas vertentes que se opõem a qualquer manifestação religiosa.
Outro ponto importante é saber que aqui a ciência ganha todo o tamanho que tem hoje. Ela já havia sendo desenvolvida antes disso, mas de forma devagar e cautelosa. É a partir do humanismo renascentista que há um avanço marcante.
Tipos de Humanismo
- Humanismo cristão: também chamado de religiosismo, é uma corrente em que a liberdade e o individualismo humanos são partes naturais e compatíveis com a doutrina e a prática cristãs. É uma união dos ideais cristãos e humanistas.
- Humanismo renascentista: propõe o antropocentrismo como ápice e é desvinculado da religião que se expressa de forma pública.
- Humanismo positivista: afirma o ser humano e rejeita a teologia e a metafísica. Segue os princípios próprios da religião positivista universal.
- Humanismo logosófico: propõe a realização de um processo de evolução que o leve a superar suas qualidades até alcançar a excelência de sua condição humana. Humanismo marxista: é a linha interpretativa social e cultural, geralmente oposta à ideia de enxergar o marxismo somente como economia ou fator histórico. Enxergar o humano como transformador da natureza e de si mesmo.
- Humanismo universalista: possui como um dos principais valores o de ser internacionalista, aspira uma nação humana universal, porém não quer um mundo uniforme, mas sim um mundo múltiplo. Não quer dirigentes, chefes, nem nenhum representante. Outro valor é a não-violência.
Curiosidade
No início da Idade Média existia o estudo das Artes Liberais pelo Trivium e Quadrivium, que investigavam as matérias mais próximas de “exatas” e “natureza”. No fim da Idade Média, começam a surgir os conteúdos esquematizados para entender o homem.
Então, o termo “humanismo” era inicialmente usado para se referir aos estudos de “humanas”: literatura clássica, história, dialética, retórica, aritmética, filosofia natural e línguas modernas.
Como esse conhecimento levou ao surgimento de novas ideias filosóficas e literárias, a palavra passou a ser usada como o nome do movimento!
Outra curiosidade é que, também nesta época, algumas ciências modernas começaram a ser criadas:
- Filologia: estudo da origem das palavras;
- Historiografia: estudo da escrita da história;
- Anatomia: estudo do funcionamento do corpo humano.
Humanistas na filosofia
O Humanismo na filosofia é uma escola presente no Renascimento e com fortes influências para as correntes de pensamento do século XX. Aí que ela recebe o nome de filosofia humanista.
Veja o nome de alguns filósofos dessa época e suas ideias:
- Giannozzo Manetti (1396-1459): as experiências terrenas do homem é que valem, sendo o ser humano um animal racional dotado de inteligência e sagacidade.
- Marsilio Ficino (1433-1499): defende que a vida espiritual deve se basear numa devoção interior, não exterior.
- Giovanni Pico della Mirandolla (1463-1494):eRessaltou as características: questionamento, tolerância cultural e conhecimento a partir de diferentes saberes.
- Lorenzo de Médici (1449-1492): manteve o mecenato iniciado por seu avô (financiamento de artistas para retratar seus novos valores). Além disso, enviava artistas a outras cortes europeias. Uma de suas obras mais conhecidas é o “O triunfo de Baco e Ariadne”.
- Nicolau Maquiavel (1469-1527): considerado o fundador da ciência política, escreveu “O Príncipe”, defendendo que os interesses do Estado devem estar acima de tudo, que “é melhor ser temido que amado” e que “os fins justificam os meios”.
- Cardeal Cisneros (1436-1517): arcebispo de Toledo, fundou a Universidade de Alcalá e patrocinou a Bíblia poliglota. Reformou a ordem dos franciscanos e assumiu o Tribunal da Inquisição dando a possibilidade de pagar penas com doação de dinheiro.
- Nícolas de Cusa (1401-1464): era cardeal, jurista e teólogo, sua obra mais conhecida é “Da Douta Ignorância”. Fala sobre a impossibilidade de alcançar todo o conhecimento, mas sem deixar de tentar alcançar o que é possível.
Humanistas na literatura e na Arte
O Humanismo também foi principalmente presente na arte e na literatura. Nesta época, a poesia e a música andavam juntas por causa das trovas. Contudo, tornaram-se independentes.
Os autores recuperaram a temática da mitologia greco-romana e com isso escreveram obras de teatro, poesia e prosa.
O hedonismo (busca pelos prazeres dos sentidos humanos) se faz presente , valorizando principalmente a mulher jovem, graciosa e de formas harmônicas. Este traço é bem evidente nas pinturas e esculturas.
Além disso, a natureza é tida como um refúgio, um ambiente harmônico e de paz. Vemos aqui uma mudança nos temas das pinturas: antes retratavam a fé, mas agora retratam pessoas e lugares da natureza.
Porém, não abandonam totalmente as menções a alguns aspectos cristãos. Contudo, isso pode ser feito com um tom de crítica e ironia, embora ainda haja outras obras moralizantes.
Autores como Erasmo de Roterdã e Thomas Morus são os principais nomes do Humanismo cristão, com livros sobre espiritualidade e conduta moral.
O Humanismo português ficou famoso com Gil Vicente (1465 -1536?) que escreveu o “Auto da Barca do Inferno”.
Este é um pequeno texto escrito em forma de teatro feito para criticar a sociedade da época, com as personagens de diferentes condições sociais entrando no barco do Anjo ou do Diabo.
Outros autores dessa época são:
- Francesco Petrarca;
- Dante Alighieri;
- Giovanni Bocaccio;
- Erasmo Roterdã;
- Fernão Lopes;
- Michel Montaigne.
Veja algumas características de cada tipo textual da época;
- Poesia palaciana: possuía as mesmas características das cantigas trovadorescas, mas houve uma separação entre a música e a poesia. Passou a ser declamada nos palácios, não mais em público.
- Crônicas históricas: relatavam a vida dos reis por meio de documentos históricos, buscando rigor e objetividade, embora ainda houvesse uma cultura de enaltecer a honra do rei.
- Novelas de cavalaria: histórias ficcionais de aventuras em que as personagens demonstravam heroísmo, lealdade e religiosidade. No entanto, os feitos humanos eram o destaque, não a fé em si.
- Textos teatrais: eram divididos em autos (curtas e com menções bíblicas) e farsas (cotidiano, muita comicidade e crítica desmedida).
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2 Comentários
Senhores, quero deixar registrado o meu agradecimento pelos momentos agradáveis e instrutivos que desfrutei lendo esta postagem. Tenho 68 anos e raras foram as vezes em que pude voltar à minha adolescência, como o fiz agora, acordando saberes adormecidos desde então, quando me preparava para conquistar uma vaga na Universidade.
Estava procurando algum registro na internet, em sites independentes, a respeito do Humanismo Logosófico. Encontrei aqui o registro da participação do grande humanista Carlos Bernardo Gonzáles Pecotche, no trabalho de conduzir o ser humano, de todas as latitudes, mediante a realização de um processo de evolução consciente, a alcançar e evidenciar em si mesmo a condição de humano, em sua tríplice configuração.
A todos os colaboradores desse blog, meus votos de saúde, sabedoria e vida longa!
Eliane, o que nos mantém neste trabalho são comentários como o seu. Muito obrigado por ele!