A Reforma Protestante foi um movimento reformista cristão que tinha o objetivo de trazer a renovação da Igreja. A Reforma teve início na Europa Central, ocorreu no século XVI e seu líder foi Martinho Lutero. Através deste movimento, várias igrejas foram criadas, e estas se declararam fora da autoridade do Papa.
Você sabe o que foi a Reforma Protestante? Foi um movimento de renovação da Igreja iniciada por Martinho Lutero, monge agostiniano alemão e professor. Muitas das práticas comuns na Igreja foram colocadas em cheque por Lutero, como por exemplo a venda de indulgências. Nesse artigo vamos falar o que foi a Reforma Protestante, quais suas causas e consequências.
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O que foi a Reforma Protestante?
O relacionamento entre a Igreja e os reis se tornava a cada dia mais tenso, principalmente por causa do processo de centralização da monarquia que predominava na Europa desde o fim da Idade Média. A Igreja Católica, até então, era o centro do poder político e administrativo dos reinos e do domínio espiritual sobre o povo.
No entanto, parte do clero usava a autoridade que tinha para se privilegiar, através da comercialização de bens eclesiásticos, como a venda de cargos na Igreja. Porém, a atitude de maior escândalo da parte dos maus padres foi a venda de indulgências, isto é, o perdão das penas consequentes dos pecados mediante pagamento em dinheiro à Igreja Católica.
Esses motivos somaram-se a disputas teológicas, diferenças interpretativas e conceituações filosóficas divergentes. Por isso, Martinho Lutero encabeçou um movimento hoje conhecido como Reforma Protestante.
Martinho Lutero
Martinho Lutero foi monge, doutor em Teologia e professor na Universidade de Wittenberg. Revoltado com a venda de indulgências e outras atitudes totalmente erradas dos maus padres e bispos, Lutero redigiu um documento com 95 pontos criticando a Igreja e o próprio papa – as chamadas As 95 teses de Lutero.
Esse documento foi fixado na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg e, dentre suas principais ideias, continham duras críticas ao poder papal e à venda de indulgências. As 95 Teses foram pregadas com o intuito de que os alunos de Lutero as lessem e as debatessem em sala de aula.
Entretanto, alguns estudantes decidiram imprimi-las e lê-las para a população, espalhando as censuras à Igreja Católica. Os textos de Lutero com as críticas à venda de indulgências se espalharam e ganharam popularidade rapidamente e deram relevo ao descontentamento da população com a Igreja Católica.
A liturgia começava, então, a ser alterada. Em 1520, o papa Leão X redigiu uma bula condenando Lutero e exigindo sua retratação. Lutero queimou a bula em público, o que agravou a situação.
Apesar das inúmeras ameaças, como a revolta dos camponeses e os conflitos causados por humanistas entre os anos de 1520 e 1530, a Reforma Protestante se impôs e gerou inúmeras mudanças na Eclésia.
Vários grupos protestantes que eram ameaçados pelo imperador Carlos V se uniram em 1531 e, por esse motivo, o imperador declarou a liberdade religiosa.
Várias igrejas foram criadas e, apesar de suas inúmeras diferenças, todas elas frisavam importância da Bíblia como o meio essencial da revelação divina.
Os princípios fundamentais extraídos da Reforma Protestante são conhecidos como os Cinco Solas.
Os Cinco Solas
Os cinco ensinamentos principais que distinguem as igrejas protestantes são:
- Sola scriptura: Somente as Escrituras devem ser a base de toda e qualquer doutrina; as tradições da igreja só têm valor se tiverem bom embasamento na Bíblia – Atos dos Apóstolos 17:11;
- Sola gratia: Somente a graça de Deus nos salva, porque ninguém consegue merecer a salvação; é um presente gratuito de Deus – Romanos 6:23;
- Sola fide: Somente pela fé somos salvos e justificados do pecado; nossas obras não nos salvam – Efésios 2:8-9;
- Solus Christus: Somente Cristo salva; o sacrifício de Jesus na cruz é suficiente para todos os pecados; ninguém mais pode nos salvar do pecado – Hebreus 10:12-14;
- Soli Deo gloria: Somente Deus merece glória, ninguém mais merece nossa adoração – nem outros deuses, nem santos, nem Maria, nem qualquer outra pessoa – Isaías 42:8.
A Igreja Luterana
O princípio da doutrina Luterana consistia em que todo fiel deveria ter acesso e ler a Bíblia. Toda a população luterana teve de ser alfabetizada e os livros bíblicos foram traduzidos.
O que permitiu a Lutero a distribuição de exemplares foi a invenção da imprensa, que tornava a cópia muito mais fácil e rápida.
A Igreja Luterana teve um papel essencial para o desenvolvimento da imprensa, uma vez que a leitura da Bíblia seria o início da criação de uma cultura de leitura.
Também, enquanto os rituais católicos eram em latim, os luteranos realizavam seus cultos em sua própria língua, aproximando a população da Igreja.
As diversas interpretações da Bíblia propostas por Lutero resultaram também para que novas versões do cristianismo, como o calvinismo, nascessem.
O Calvinismo
João Calvino foi um intelectual católico e, inspirado pelos ideais de Lutero e pelo humanismo, ele se converteu ao protestantismo. Diferentemente do Luteranismo, a Igreja Calvinista pregava a ideia de predestinação do homem.
Isso significa que a decisão da salvação do homem vem de Deus, e que, nesse caso, ler a Bíblia e valorizar a fé não adiantava, pois seria a vontade de Deus que prevaleceria entre a ida ao céu ou ao inferno.
Segundo os ideais de Calvino, a dedicação ao trabalho seria um jeito de fugir do pecado, já que a maior parte do tempo estaria sendo dedicada ao serviço, e não à prática do pecado.
A prosperidade e o ajuntamento de riquezas seriam uma resposta de Deus a quem se esforçava e se mantinha longe da transgressão. Esses dois seriam então um dos sinais de que tal pessoa seria salva.
A Igreja Luterana se estabeleceu territórios alemães, já os ideias de Calvino se espalharam para a Inglaterra, Holanda, Escócia e outros territórios europeus. Há uma forte associação entre a doutrina calvinista e o capitalismo emergente da burguesia.
Isso ocorreu graças à valorização do trabalho e da riqueza pregadas pela doutrina. Houve elevado desenvolvimento econômico nos lugares onde a religião calvinista se instalava.
O que foi a Contra-reforma?
Devido ao grande número de fiéis que aderiram às ideias da reforma Protestante, a Igreja Católica tomou como principal medida o início do Concílio de Trento. Ele foi instituído por Pio V e Gregório XIII e foi a principal tentativa de reestruturação do catolicismo.
O objetivo era analisar os questionamentos do movimento protestante e estudar como a Igreja Católica poderia se situar perante esses acontecimentos. Foi decidido, então, que os movimentos protestantes eram heresias e seus apoiadores eram hereges.
Heresia para a igreja Católica é negar valores fundamentais necessários para ela, escolhendo o que se quer crer. Percebendo isso, muitos padres se tornaram grandes estudiosos e se dedicaram a explicar novamente a doutrina.
Surge assim a Companhia de Jesus, os jesuítas. Eles aceitaram atravessar os mares em todo o perigo da jornada pelo mar para ensinar índios. Alguns foram mártires no oriente, em lugares onde o cristianismo era proibido e outros ainda ficaram responsáveis pela criação de mais universidades e escolas.
O Tribunal da Inquisição foi ativado novamente para inquiri católicos que negassem aspectos da doutrina e tentar reconvertê-los. Além disso, os padres selecionaram alguns livros e os proibiram. Eram livros cuja leitura, segundo a Igreja Católica, faria mal à vida espiritual de quem os lesse. Através da contra-reforma a Igreja Católica reconquistou alguns territórios que haviam sido perdidos e conquistou novos.
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