“Eu não devia ter visto isso”, “eu não deveria saber disso”, “é um detalhe muito pessoal”, são alguns dos pensamentos que representam muito bem os enredos naturalistas. Pois eles trazem, de forma detalhada, análises sociais e psicológicas de personagens perdidos em meio a ambientes precários e de costumes duvidosos.
O naturalismo foi um movimento literário que surgiu no final do século XIX, em meio a Revolução Industrial e ascensão capitalista. Então, os escritores estavam mergulhados em preocupações relacionadas à sociedade, ao trabalho e à desigualdade.
E você já sabe, né? O Enem costuma levantar esses questionamentos na prova. Logo, essa escola literária é figurinha carimbada e todo ano tem questões sobre ela. Por isso, vamos te contar quais são os principais autores do naturalismo e como eles chocaram ao falar de assuntos que antes não eram mencionados.
O que foi o Naturalismo?
O Naturalismo foi um movimento que surgiu no final do século XIX e trouxe enraizado em suas obras correntes filosóficas como determinismo, darwinismo e positivismo. Todas elas desaguando em um lugar comum: que o homem é fruto do meio, da raça ou da cultura da qual faz parte.
Apesar de ter sido uma escola literária que existiu em paralelo ao Realismo, seguiu seu próprio caminho e assumiu características um pouco distintas e talvez até mais impactantes. Por isso, muitos o consideram uma radicalização das ideias realistas.
Em comum, ambas foram contrárias à subjetividade e idealizações do Romantismo. Trazendo enredos objetivos, com personagens cheios de defeitos e descrições detalhadas da realidade.
Mas os principais autores do naturalismo foram além e deram até mesmo características de animais aos humanos, a zoomorfização. A obra considerada inaugural do movimento no mundo é “Germinal”, de Émile Zola.
Já no Brasil, “O Mulato”, de Aluísio de Azevedo, marcou o início da propagação dos ideais naturalistas. Para entender melhor como eles abordaram a temática, siga para os próximos tópicos e fique preparado para gabaritar no Enem!
Quais os 4 principais autores do Naturalismo?
Não tem como conhecer a fundo um movimento literário, sem conhecer os autores por trás dele. Por isso, fizemos questão de explicar detalhadamente sobre os 4 mais relevantes e mais cobrados no Enem. Confira:
1 – Émile Zola
Émile Zola é um autor muito conhecido internacionalmente., sendo estudado em diversas universidades do mundo. Seu nome está diretamente ligado à escola naturalista.
O autor começou a escrever aos 13 anos e tentou por um bom tempo ingressar na universidade de Direito. Reprovado em todos os testes, desistiu e enfrentou diversas dificuldades financeiras.
Quem diria, né? Depois de tanto perrengue se tornou um dos principais autores do Naturalismo e tem suas obras traduzidas para diversos idiomas até hoje.
Sua obra mais famosa é “Germinal”, publicada pela primeira vez em 1885. O livro traz como cenário principal uma mina de carvão e analisa o modo como os personagens se comportam e sobrevivem em meio a situações deploráveis de trabalho.
Ao tocar em assuntos delicados, acabou mexendo com diversos setores sociais importantes da época. Mas até isso contribui para que suas palavras se espalhassem e atingissem a proporção que têm hoje.
Curiosidade: para escrever o “Germinal”, o autor passou dois meses vivendo em uma mina de carvão. Desse modo, ele conseguiu sentir o cansaço, a dor, os desejos e até mesmo ser influenciado pelos comportamentos dos que o cercavam, assim como costumava acreditar.
Vale ressaltar que o autor também foi influenciado pelas ideias deterministas, positivistas e darwinistas. Para entender melhor o que essas ideias representavam, acesse:
2 – Aluísio de Azevedo
Aluísio de Azevedo nasceu em São Luís, Maranhão e teve uma produção literária muito vasta. Escreveu contos, crônicas, romances e até mesmo peças teatrais. Mas é inegável que a imagem do autor está diretamente ligada à obra mais famosa que produziu, ‘O Cortiço”.
Ela consagrou Aloísio como o nome brasileiro mais importante do Naturalismo! No enredo, o escritor trouxe um personagem incomum como protagonista, o próprio cortiço. Além de inovador, isso possibilitou uma profunda crítica à sociedade e costumes da época.
Você deve estar se perguntando “Mas como assim?”. É simples! Fazendo isso ele conseguiu dizer através da obra que a sociedade reclama da desordem que ela mesma provoca. Ou seja, se há lugares com condições precárias, haverá indivíduos moldados por ela.
Apesar de mais conhecido, “O Cortiço” não foi o primeiro livro do autor, mas sim ‘O Mulato”. A obra traz como temática principal o preconceito racial e acabou chocando a elite da época.
Assim como você pode ver no trecho a seguir:
— Não chores, minha flor… segredou-lhe afinal. Tens toda a razão… perdoa-me se fui grosseiro contigo! Mas que queres? todos nós temos orgulho, e a minha posição ao teu lado era tão falsal!… Acredita que ninguém te amará mais do que te amo e te desejo! Se soubesses, porém, quanto custa ouvir cara a cara: Não lhe dou minha filha, porque o senhor é indigno dela, o senhor é filho de uma escrava! Se me dissessem: É porque é pobre! Que diabo! eu trabalharia! se me dissessem: É porque não tem uma posição social! juro-te que a conquistaria, fosse como fosse! É porque é um infame! um ladrão! um miserável! eu me comprometeria a fazer de mim o melhor modelo dos homens de bem! Mas um ex-escravo, um filho de negra, um mulato! E, como hei de transformar todo meu sangue, gota por gota? como hei de apagar a minha história da lembrança de toda esta gente que me detesta?
Aluísio sem dúvida merece ser considerado um dos principais autores do Naturalismo e, como a maioria deles, precisou fazer outras coisas na época para ganhar dinheiro. Foi assim que passou para um cargo de cônsul e passou a residir em diferentes países ao longo dos anos.
Mas que bom que antes disso ele deixou obras tão importantes para a literatura brasileira. Quer saber mais e ficar ainda mais preparado para o Enem? Acesse:
- Resumo do livro O Cortiço + análise completa;
- Os 5 melhores exercícios sobre a obra O Cortiço com gabarito;
- Resumo de Casa de Pensão, de Aluísio de Azevedo + análise completa.
3 – Raul Pompéia
Raul Pompéia nasceu no Rio de Janeiro e trilhou tanto o caminho realista quanto o naturalista, sendo que o último prevaleceu em suas obras. O autor começou a escrever muito cedo e até foi expulso de um colégio por isso.
Tudo aconteceu quando fez algumas publicações com tom crítico e sem pudor no jornal escolar. Talvez porque já apresentava os primeiros traços que o tornariam um dos principais autores do Naturalismo.
Sua obra mais relevante é “O Ateneu”, considerado por muitos um livro semi-bibliográfico por apresentar uma história semelhante às vivências do autor. O enredo se passa em uma escola chamada Ateneu e aborda temáticas como rejeição, descobertas da juventude e a busca por identidade.
Além disso, é influenciado pelas ideias deterministas e usa o ambiente educacional para explorar de maneira mais precisa o funcionamento da sociedade.
Spoiler à frente!
Sucumbindo ao determinismo, o Ateneu termina em chamas. Uma bela metáfora para a visão pessimista dos naturalistas em relação a qualquer tipo de melhoria nas relações sociais.
Infelizmente, Raul Pompéia se suicidou aos 31 anos. Mas não sem antes nos deixar um legado inestimável.
Ele também é autor de Uma Tragédia no Amazonas e A Queda do Governo. Para saber mais, acesse:
4 – Adolfo Caminha
Caminha nasceu no Ceará e também se tornou um dos principais autores do Naturalismo. Mas, diferente dos outros citados, ele não é unanimidade.
Isso porque suas obras nos possibilitam enxergar as problemáticas de analisar a vida através do viés determinista e darwinista. Ambas as correntes acreditam que fatores como meio, raça e cultura determinam quem o indivíduo é ou será.
Em parte, isso facilita a análise crítica da sociedade ao mencionar como ela promove o caos ao deixar parte da população em situações precárias e sem perspectivas. Agora, vamos ao contraponto.
Esses conceitos também dão abertura ao preconceito à medida que retratam a mulher e o negro, por exemplo, de forma caricatural. Afirmando que o meio os transformou apenas em indivíduos impulsivos e sem razão por meio da zoomorfização (dar características de animais ao humanos).
Para tirar suas próprias conclusões, você pode conferir a obra mais famosa do autor, Bom-criolo, na integra baixando o pdf abaixo:
Quais as principais características do Naturalismo?
O fator mais relevante sobre o naturalismo é que os autores deram uma importância crucial ao ambiente no qual os personagens viviam. Ou seja, um lugar de protagonismo e influência.
A seguir, veja a lista completa das principais características do movimento:
- Determinismo (o homem como fruto do meio);
- Positivismo (observação fiel da realidade);
- Darwinismo (o homem fruto de herança genética e biológica);
- Descrições minuciosas do ambiente e dos personagens;
- Zoomorfização (dar características de animais a humanos);
- Oposição às idealizações e subjetividade do Romantismo;
- Linguagem coloquial;
- Objetividade;
- Radicalização do Realismo;
- Análise de comportamentos humanos e sociais;
- Ambientes físicos como protagonistas;
- Sexualidade e promiscuidade;
- Romance experimental.
Para ter acesso a explicações detalhadas das principais características do Naturalismo, acesse:
Lista de principais obras do Naturalismo
Para entender sobre os principais autores do Naturalismo, é necessário conhecer as obras do período. Por isso, listamos as mais relevantes e que consequentemente aparecem nas questões de vestibular. Confira:
- Germinal – Émile Zola
- “O mulato (1881), de Aluísio Azevedo
- O Ateneu (1888), de Raul Pompeia
- A carne (1888), de Júlio Ribeiro.
- O cortiço (1890), de Aluísio Azevedo
- Bom-Crioulo (1895), de Adolfo Caminha
- A falência (1901), de Júlia Lopes de Almeida
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Obrigado por ler até o fim nosso texto com as principais autores do Naturalismo. Sucesso e bons estudos!