A poesia é um horizonte sem limites subjetivos, alicerçada por versos artisticamente bem elaborados. Falando no sentido figurado, poesia é tudo aquilo que alcança a alma, comove e aflora emoções. É isso que diferencia do poema que é um gênero literário. Leia o nosso artigo e desvende os segredos da poesia, suas características, definições e autores.
Neste texto sobre “O que é poesia?”, você encontrará os tópicos abaixo. Clique em um deles para ir diretamente ao conteúdo:
- O que é poesia?
- Quais são os tipos de poesia?
- Como surgiu e o que é o Eu-lírico?
- Os 6 principais autores brasileiros que se destacaram como Poetas.
- Qual a diferença entre Poema e Poesia?
- Veja 2 exemplos de poesia na pintura e na escultura.
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O que é poesia?
Antes de começarmos a falar de conceitos técnicos, o convido a navegar sem ressalvas em um universo mágico, ou devia chamar de poético?
Não sei se a sua cidade é extremamente quente, ou melancolicamente fria, nem se você costuma caminhar sozinho, ou com os amigos. Eu realmente não sei nada sobre você.
Na poesia, ou seja, no mundo subjetivo, nós podemos nos conhecer apenas através da imaginação e das emoções. Há formas intrínsecas a todos os seres. A fome, a sede, o desespero, a paixão, a ambição…
Todo o resto acaba, inevitavelmente, sendo guiado por esses princípios estruturais básicos do corpo e da alma. Entenda que nesse mundo corpo e alma se misturam!
É exatamente isso que acontece com a poesia. Há a estrutura e aquilo que rege a estrutura. No fim, aquele apanhado fixo de palavras ou esculturas irá comunicar-se com o interior daquele que lê ou observa.
Agora adentremos no universo estrutural. A poesia pode estar inserida em forma de poema, que é a estruturação desses sentidos por meio de versos, estrofes e, geralmente, em rimas.
O poema é um gênero literário que corresponde a forma mais famosa de se conhecer poesia. Devido a isso, neste artigo as estruturas básicas do poema serão mencionadas.
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Quais são os tipos de poesia?
Aqui precisamos abrir um paralelo no qual a poesia e o poema se confundem. O estado da alma descrito por meio de palavras, versos e estrofes compõem o que denominamos de poema.
Veja os três tipos principais tipos de poemas que dão evasão a poesia:
- Poema épico: O poema épico surgiu da necessidade de se explicar momentos históricos com seus heróis e conquistas. Portanto, através deles, epopeias de feitos históricos são narradas em forma de versos.
- Poema lírico: O poema lírico é aquele permeado por sentimentos e pensamentos do poeta.
- Poema dramático: O poema dramático é aquele que funde o épico e o lírico. Isto é, há uma narrativa, porém o narrador é o personagem responsável pela ação.
O que é o Eu lírico e como surgiu?
Você sabe desvencilhar o autor do eu lírico presente em suas composições? Para estabelecermos de uma vez por todas essa diferença, é importante que voltemos no tempo.
Mais precisamente, até a Grécia Antiga, quando surgiu o gênero lírico. Na época, as manifestações artísticas, educacionais, entre outras, eram predominantemente orais.
Devido a isso, havia a necessidade de recitar as palavras melodicamente. Para isso, os gregos utilizavam como fundo musical dessas composições as Liras. Essa é a origem do Gênero Lírico, no qual nasceu o famoso eu lírico.
O eu-lírico é um personagem que vai além do autor. O interior, o lado subjetivo, por vezes obscuro, desabrocha através das palavras, ganhando um aspecto físico, sem contudo deixar de ser sentido.
No entanto, o eu lírico nem sempre é a evasão do interior do escritor. Por vezes, é a voz de um terceiro, escrita pela habilidade humana de se colocar no lugar do outro. É sentir, e o sentir nem sempre se resume ao particular.
Há o Eu e há o outro, e entre os dois há sentimentos que se invertem e outros que se misturam. Assim, um homem pode utilizar o eu lírico feminino em seus versos, assim como uma mulher pode decifrar e emitir os segredos de uma criança e também pode ser dada voz à terra e ao universo.
Portanto, nem sempre um poema é autobiográfico.
Você já ouviu falar em heterônimos?
Fernando Pessoa, poeta português, era o mestre deles. Seus três mais famosos heterônimos eram Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos. Cada um com sua distinta personalidade.
É mais ou menos assim: Você é escalado para viver três papéis diferentes em uma novela. Contudo, você mesmo escreve o enredo, a personalidade, a vivência e as características de cada personagem.
Caieiro é do campo, ama a natureza e as coisas simples da vida. Ricardo estudou medicina, tem uma linguagem rebuscada, e valoriza o tradicionalismo. Campos é engenheiro, pessimista e amante da modernidade.
Por fim, ao terminar de escrever, Fernando Pessoa volta à vida com suas particularidades e anseios específicos. Há o autor e há o eu lírico representado por seus heterônimos.
Assim ficou bem mais fácil de compreender, não é?
Os 6 principais poetas brasileiros
1- Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)
Poema mais famoso:
No Meio do Caminho
No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.
2- Manuel Bandeira (1886-1968)
- Primeira Geração Modernista
Poema mais famoso:
Vou-me Embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconsequente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive
3- Vinicius de Moraes (1913-1980)
- Segunda Geração Modernista
Poema mais famoso:
Soneto de fidelidade
De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
4- Cora Coralina (1889-1985)
Trecho de um dos poema mais famosos da autora:
O cântico da Terra
Eu sou a terra, eu sou a vida.
Do meu barro primeiro veio o homem.
De mim veio a mulher e veio o amor.
Veio a árvore, veio a fonte.
Vem o fruto e vem a flor.
Eu sou a fonte original de toda vida.
Sou o chão que se prende à tua casa.
Sou a telha da coberta de teu lar.
A mina constante de teu poço.
Sou a espiga generosa de teu gado
e certeza tranquila ao teu esforço.
Sou a razão de tua vida.
De mim vieste pela mão do Criador,
e a mim tu voltarás no fim da lida.
Só em mim acharás descanso e Paz.
Observação: Veja que no caso desse poema, a autora utiliza um eu lírico totalmente diverso do seu eu bibliográfico. Esse eu lírico é a terra, chamada por muitos de mãe-terra. Como o exemplo citado no tópico : Como surgiu e o que é o Eu-lírico?
5- Mario Quintana (1906-1994)
- Segunda Geração Modernista
Poema mais famoso:
Seiscentos e sessenta
A vida é uns deveres que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são 6 horas: há tempo
Quando se vê, já é 6ª-feira
Quando se vê, passaram 60 anos!
Agora, é tarde demais para ser reprovado
E se me dessem um dia uma outra oportunidade,
eu nem olhava o relógio
seguia sempre em frente
E iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas.
6 – Cecília Meireles (1901-1964)
- Segunda Geração Modernista
Motivo
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.
Qual a diferença entre Poema e Poesia?
No decorrer desse artigo, provavelmente você pôde compreender um pouco desta diferença entre poema e poesia. Mas vamos lá!
Tenho certeza que desta forma você nunca mais irá esquecer!
É uma tarde ensolarada, porém fria. O vento gélido toca o seu rosto, você não está sozinho. É um bosque em frente ao rio, as folhas de outono colorem o chão.
Nessa hora sua mente esquece o vestibular, seu primeiro amor está ali, ao seu lado, compartilhando das mesmas sensações. Uma música de uma geração antiga toca ao fundo. Vocês se sentem dentro de um filme.
Um de vocês brada: Isso é poesia! Este momento é uma magnífica poesia.
Portanto, a poesia é uma linguagem do universo interior humano, aquilo que toca, que faz sentir. Ela pode estar inserida no meio físico de muitas formas diferentes. Uma pintura ou escultura também possuem poesia.
Vamos prosseguir!
Você chegou em casa e decidiu que desejava eternizar o momento. Vasculhou sua velha bolsa, tirou dela um caderno batido e uma caneta sem tampa. O essencial!
Sentou-se à mesa e começou a escrever:
Uma tarde ensolarada
Em consonância com o vento gélido
Folhas de outono arremessando o passado
A juventude cantarolando o futuro
Um amor, uma ressalva…
– Experiência cinematográfica de um romance de plebeus reais.
Agora temos as figuras de linguagem, as emoções, o simbolismo concretizado através das palavras. Chega-se assim aos versos, às estrofes, às métricas ou à liberdade poética. Isso é poema!
Veja 2 exemplos de poesia na pintura e na escultura.
1- O Grito (Pintura)
Você consegue olhar para esta pintura sem ser invadido por um sentimento de inquietude?
A obra “O Grito” do pintor norueguês Edvard Munch é um exemplo perfeito de poesia nas artes plásticas. A pintura expressionista transmite um mix de angústia, desespero e ansiedade.
2- Pietá (Escultura)
Através da escultura “Pietá”, do italiano Michelangelo, é possível instantaneamente sentir a dor e a lástima de uma mãe que perdeu o filho. Poesia, como já conversamos, é isso, comunicar sentimentos.
Pietá significa piedade em italiano. Como não se compadecer de uma mãe com o filho sem vida sem seus braços?
A escultura está localizada na Cidade do Vaticano, na Basílica de São Pedro.
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