O Idealismo é uma corrente filosófica que surgiu na Modernidade, a partir do Racionalismo de René Descartes.
Segundo essa concepção, a realidade não pode ser separada da razão humana, que forma uma ideia sobre as coisas. Assim, elas só existem para mim enquanto eu penso nelas ou as vejo. O Idealismo Alemão é uma vertente desta corrente filosófica.
Neste texto, vamos explicar o que foi o Idealismo Alemão, apresentar seus principais filósofos e suas principais características.
Se você quiser ir diretamente para alguma parte do texto, clique em um dos tópicos abaixo:
- O que é idealismo?
- O que foi o idealismo alemão?
- Quais são as principais características do Idealismo Alemão?
- Quais foram os principais filósofos do Idealismo Alemão?
- Idealismo Alemão e Marxismo
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O que é idealismo?
O Idealismo é uma consequência do Racionalismo, a teoria do conhecimento que julga apenas a razão como confiável para conhecer a realidade. Ela foi fundada por René Descartes, baseada no critério da evidência.
Essa evidência não é a percepção que temos dos sentidos, mas sim a clareza e distinção das ideias, ou seja, da razão. Por exemplo, segundo essa teoria, não é evidente o que eu vejo, mas o juízo racional que faço sobre o que vejo, o que penso.
Assim, como expôs o filósofo Julián Marías, não posso saber nada com segurança exceto a mim mesmo. Só sei das coisas na medida em que vejo, toco, penso, desejo etc. As coisas são ideias minhas.
Isso é bem diferente da filosofia clássica e medieval, nas quais a maioria dos filósofos dizia que as coisas existiam por si mesmas, independentemente de algum observador. Não eram ideias que temos, mas sim objetos reais, com um ser próprio.
O Idealismo Alemão é uma vertente da teoria racionalista. Continue lendo para entender o que ele foi.
O que foi o idealismo alemão?
O Idealismo Alemão foi um conjunto de teorias surgidas na Alemanha entre o final do século XVIII e a primeira metade do século XIX. Suas bases são as críticas românticas ao Iluminismo e o Criticismo Kantiano.
O Romantismo era uma perspectiva sobre a inteligência e a vida. Para os românticos, o Iluminismo tinha trazido uma racionalização muito grande e uma aridez espiritual e sentimental profunda. Assim, poetas e filósofos se uniram no movimento Sturm und Drang, que significa “ímpeto tempestuoso”.
As coisas saíam da razão puramente, para alcançar as emoções, o ímpeto interior de cada um. Ou seja, o subjetivismo.
Ao mesmo tempo, Immanuel Kant publicou um conjunto de livros que deu origem à sua teoria sobre o conhecimento: o Criticismo. Você pode conhecê-la melhor acessando nosso texto sobre o que é o Criticismo.
Os filósofos idealistas eram estudantes da obra de Kant e pretendiam identificar a unidade dela. Por isso, ao pesquisar o que foi o Idealismo Alemão, você pode encontrar textos dizendo que ele também é conhecido como “pós-kantismo”.
Para entender bem o que foi o Idealismo Alemão, conheça as principais ideias de Kant.
O primeiro grande nome do Idealismo Alemão foi Johann Gottlieb Fichte (1762-1814). Para ele, o ponto que unia a teoria kantiana era o sujeito que pensa, ou o conceito do “eu penso”. Contudo, ele vai além da proposta de Kant e faz do “eu penso” um “eu puro”. Para entender isso, precisamos dar um passo atrás.
Kant entendia que existiam 12 categorias com as quais as coisas são classificadas. Essa ideia é antiga, sendo utilizada desde Aristóteles, com a diferença na quantidade de categorias (Aristóteles dizia que são 10). As coisas são classificadas nessas categorias a partir de uma consciência, que seria o “eu penso”.
Fichte dá um passo adiante e entende que existe na verdade um “eu puro”, que além de classificar, cria a própria realidade.
Perceba que a raiz do idealismo está na centralidade que se dá ao sujeito com relação aos objetos que estão ao seu redor. A realidade é uma ideia.
O Idealismo alemão é um dos 6 principais temas de Filosofia do Enem, conheça os outros cinco acessando este texto.
Quais são as principais características do Idealismo Alemão?
Agora que já vimos o que foi o idealismo Alemão, podemos identificar algumas das suas características principais.
Liberdade do Eu
Como vimos, o Idealismo entende que o mundo objetivo é criado pelo sujeito. Deste modo, a realidade é um campo que nós criamos para poder agir.
Esse “eu” que cria só pode ser pura liberdade, uma vez que não existem limites para a criação. O mundo só existe como algo realizado pela vontade do sujeito. É como se tudo que existe fosse uma extensão do ser da pessoa.
Panteísmo
O discípulo de Fichte, Friedrich Schelling (1755-1854), discordou de seu mestre no ponto em que absolutiza o sujeito em detrimento do objeto.
Se para Fichte a natureza é apenas produto da razão humana, Schelling entende que há uma organização na natureza exterior ao ser humano, mas que compartilha com ele o mesmo espírito.
A concepção de Schelling é panteista. O espírito (deus) se identifica com as coisas e com o homem. A diferença é que o ser humano é consciente disso, enquanto a natureza não é.
Quais foram os principais filósofos do Idealismo Alemão?
Saber o que foi o idealismo alemão se trata de entender o trabalho de vários filósofos que deram as bases e as premissas para o desenvolvimento da teoria. Vamos conhecê-los agora:
- Immanuel Kant: apesar de ter negado que Fichte fez uma sistematização verdadeira de sua obra, Kant abriu espaço para o Idealismo com sua tese do “eu penso”.
- Johann Fichte: foi o fundador do Idealismo Alemão ao transformar o “eu penso” kantiano em “eu puro”. Assim, a consciência não só classifica as coisas, mas o sujeito se cria e cria a realidade.
- Friedrich Wilhelm Joseph Schelling: foi discípulo de Fichte, mas buscou dar mais espaço aos objetos e à natureza, para evitar cair na absolutização do “eu”.
- Georg Wilhelm Friedrich Hegel: iniciou sua obra comentando a de Fichte e Schelling, mas aprofundou o idealismo ao ponto de colocar o mundo como ideia. No caso, a natureza não tem substância, ela é um processo a ser realizado pela razão.
Idealismo Alemão e Marxismo
Já deu para entender o que foi o idealismo alemão, certo? Agora, você sabia que ele influenciou diretamente o marxismo?
Hegel foi um dos maiores nomes do Idealismo Alemão, como vimos. Sua obra gerou diversas interpretações sobre a política e o Estado, que se dividiram em dois grupos: os hegelianos de esquerda e os hegelianos de direita. Entre os hegelianos de esquerda estava Karl Marx (1818-1883).
Na sua juventude, Marx foi defensor do idealismo de Hegel, mas com o passar do tempo afastou-se das concepções metafísicas e idealistas dele.
Isso não o impediu de manter a concepção de que o mundo se faz de maneira dialética.
Hegel entendia que a situação atual da realidade gerava resistência, o que ele chamava de “antítese”. O confronto entre elas gerava uma “síntese”, que se tornava a nova situação. Ela sofreria resistência também e assim sucessivamente até a realização completa.
Marx se apropriou disso para dizer que as mudanças sociais se dão pelo choque dialético e materialista. Com isso ele quer dizer que a base da realidade é a produção econômica atual, que sofre resistência e se modifica.
Isso levaria às mudanças sociais como a que aconteceu na passagem do feudalismo para o capitalismo. Assim também deveria acontecer na passagem do capitalismo para o socialismo e, por fim, o comunismo.
Você pode conhecer melhor essas teorias acessando nosso texto sobre as principais ideias de Karl Marx.
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Esperamos que este resumo sobre o que foi o Idealismo Alemão tenha te ajudado. Obrigado por ter lido até aqui!