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O que é Intertextualidade? Todos os tipos e exemplos de cada

O que é IntertextualidadeO que é Intertextualidade
Mentoria para o Enem

O que é intertextualidade? A intertextualidade consiste na influência e na relação que um texto exerce sobre outro. Esse processo ocorre durante a produção de um texto, onde o autor coloca, na estrutura de sua produção, referências explícitas ou implícitas de outra obra.

Nesse artigo vamos falar sobre:

O que é Intertextualidade?

A intertextualidade é a influência e relação que entre dois ou mais textos, realizando a análise das referências que existem em cada um deles.

Essas referências podem ser notadas de maneiras explícitas ou implícitas, e podem ser representadas em diferentes maneiras, sejam elas auditivas, visuais ou escritas.

Pode-se dizer que a intertextualidade determina o fenômeno relacionado ao processo de produção de textos, onde um faz diálogo entre as construções visíveis do texto, seja no conteúdo, na forma ou em ambos.

  • Essa matéria é muito cobrada no 8° ano do Ensino Fundamental e nos vestibulares, então continue lendo o artigo.

Onde a intertextualidade pode ser feita?

A intertextualidade pode ser verificada em textos, livros, trabalhos acadêmicos, músicas, propagandas publicitárias, artes plásticas, dança, entre outras manifestações.

exemplo de intertextualidade na pintura com uma nova versão da Monalisa, com a turma da Mônica

Como é a intertextualidade no Enem?

No Enem a intertextualidade se dá por meio das múltiplas relações entre as matérias. Numa questão de história pode estar envolvido algum conteúdo de artes e de matemática.

Em questões de física e química estão envolvidas as questões do cotidiano e menções a obras literárias.

Em matemática pode-se fazer referências históricas e geográficas. Enfim, as matérias se misturam, como se tudo fosse um conhecimento só.

Como a intertextualidade ocorre?

Pode-se dizer que toda produção textual pode ser considerada um intertexto. Isso ocorre porque, durante o seu processo de criação, todo autor ou artista sofre inúmeras influências das obras com as quais teve contato ao longo da vida e, de alguma forma, essas influências são refletidas em sua composição.

Logo, é assim que ela ocorre, quando qualquer produção herda influências de outras passadas, que a influenciam.

Intertextualidade implícita

  • Não é facilmente identificada, está oculta;
  • A relação com o texto de origem é indireta;
  • Não é fácil encontrar os elementos do texto original;
  • Para ser percebida é preciso interpretar, deduzir, analisar, conhecer a história e o contexto;
  • É preciso conhecimento prévio e muita atenção.

Intertextualidade explícita

  • É facilmente identificada porque é clara;
  • Está diretamente ligada ao texto fonte;
  • Os elementos do texto referenciado são facilmente notados;
  • Não demanda muito esforço e atenção do leitor;
  • Não é necessário ter um vasto conhecimento prévio para ser percebida.

Tipos de Intertextualidade e exemplos

1. Intertextualidade: Paródia

O termo paródia tem origem do grego parodèse que quer dizer “um canto semelhante a outro”. Utilizada majoritariamente por humoristas, esse recurso é caracterizado pela “perversão” de uma produção textual publicada anteriormente.

Sendo assim, a paródia possui uma espécie de crítica irônica ou caráter humorístico, mudando o sentido original de um certo texto, recriando-o de forma diferente.

Exemplo de paródia:

Texto original

“Minha terra tem palmeiras

Onde canta o sabiá,

As aves que aqui gorjeiam

Não gorjeiam como lá.”

(Gonçalves Dias, “Canção do Exílio”)

Texto parodiado

“Minha terra tem macieiras da Califórnia
onde cantam gaturamos de Veneza. (…)
Eu morro sufocado em terra estrangeira.
Nossas flores são mais bonitas
nossas frutas são mais gostosas
mas custam cem mil réis a dúzia.
Ai quem me dera chupar uma carambola de verdade
e ouvir um sabiá com certidão de idade!”

(“Canção do Exílio”, Murilo Mendes)

O texto do poeta Murilo Mendes possui mudanças no sentido do texto original, atribuindo o uso de um tom crítico e aplicações irônicas. Pode-se notar a referência ao texto de Gonçalves Dias, porém o novo trecho possibilita ao público uma diferente interpretação.

2. Intertextualidade: Paráfrase

Originada do grego, o termo paraphrasis quer dizer “reprodução de uma sentença”. A paráfrase compreende na reelaboração de um texto, reproduzindo as suas ideias originais mas mudando sua estrutura física.

Exemplo de paráfrase:

Texto original

“Minha terra tem palmeiras

Onde canta o sabiá,

As aves que aqui gorjeiam

Não gorjeiam como lá.”

(Gonçalves Dias, “Canção do Exílio”)

Texto parafraseado

“Meus olhos brasileiros se fecham saudosos

Minha boca procura a ‘Canção do Exílio’.

Como era mesmo a ‘Canção do Exílio’?

Eu tão esquecido de minha terra…

Ai terra que tem palmeiras

Onde canta o sabiá!”

(Carlos Drummond de Andrade, “Europa, França e Bahia”)

As referências feitas por Carlos Drummond de Andrade ao texto original são percebidas facilmente. Entretanto não há depravação do texto original, mas sim a reprodução das suas ideias originais, mudando algumas palavras. 

3. Intertextualidade: Epígrafe

A palavra epígrafe significa “posição superior” e representa a opção do autor por escolher um trecho de outro texto para introduzir o sua obra. A epígrafe dialoga diretamente com o conteúdo que será abordado na nova obra, promovendo uma breve relação entre os dois. Esse recurso é bastante utilizado em textos científicos e obras literárias.

Como a epígrafe é um trecho em que a autoria pertence a outro artista, mantém-se a estrutura e as ideias conforme o original. 

Epígrafes normalmente são usadas como introdução a capítulos de livros, monografias, teses de mestrado e doutorado e afins. Alguém na área da saúde, que sabe como é importante o cuidado com cada paciente, poderia usar a epígrafe:

“Por vezes sentimos que aquilo que fazemos não é senão uma gota de água no mar. Mas o mar seria menor se lhe faltasse uma gota”. (Madre Teresa de Calcuta)

4. Intertextualidade: Citação

A citação consiste na transcrição de trechos e frases feitos por outros autores em outro texto. Esse recurso é apresentado entre aspas ou em itálico e menciona de maneira explícita o autor de tais trechos.

Esse tipo de intertextualidade é um dos mais usuais e importantes, pois este é utilizado para evitar o plágio, ação que significa a apropriação das ideias de outro autor, e é considerada ilegal.

Exemplo de citação:

Segundo Milan Kundera, “nunca se pode saber o que se deve querer, pois só se tem uma vida e não se pode nem compará-la com as vida anteriores nem corrigi-la nas vidas posteriores.”

5. Intertextualidade: Alusão/Referência

Derivado do latim alludere, a palavra alusão significa “para brincar”. Também pode ser chamado de referência e consiste na menção explícita ou implícita de um texto original. A alusão apresenta a comparação ou combinação de ideias, recordando certos fatos e fazendo novas relações entre eles.

Exemplos:

“Eu ganhei um presente de grego!”

“Meu computador foi invadido por um Cavalo de Tróia.”

As duas expressões são bastante usuais em nosso dia-a-dia. Elas são uma alusão ao Cavalo de Tróia, uma grande estrutura de madeira em formato de cavalo que foi enviada aos troianos durante a Guerra de Tróia.

Dentro desse cavalo, os soldados gregos se esconderam para enganar seus oponentes e atacá-los. As frases acima fazem insinuação a algo duvidoso, capaz de trazer prejuízo.

6. Intertextualidade: Hipertexto

O hipertexto é a inserção de um texto dentro de outro. Ele origina uma rede de informações não linear e interativa. O exemplo mais comum de hipertextualidade são os links inseridos nos textos on-line

Eles possibilitam o acesso a novas produções textuais e informações, dando origem a um tipo de leitura diferenciado. O hipertexto pode ser representado também por anotações em margens e rodapés de livros, que proporcionam ao leitor o acesso a novas informações ao longo da leitura da obra.

Exemplo de hipertexto:

Saiba como estudar linguagens para o ENEM.

7. Intertextualidade: Pastiche

A palavra pasticium vem do latim e significa “feito de massa ou amálgama de elementos compostos”. O pastiche é a imitação explícita do estilo ou gênero de um autor, mas não possuindo tom crítico ou irônico, sendo diferente da paródia. Ele possibilita a originem de novos textos a partir dos fragmentos de muitos outros e é bastante utilizado em músicas e imagens.

Exemplo de pastiche:

Texto original

“Pois é. Tenho dito. Tudo aleivosia que abunda nesses cercados. Maisquenada. Foi assim mesmo, eu juro, Cumpadre Quemnheném não me deixa mentir e mesmo que deixasse, eu mentia. Lorotas! Porralouca no juízo dos povos além das Gerais! Menina Mágua Loura deu? Não deu.”

(Guimarães Rosa, “Grande Sertão: Veredas”) Clique no link para ver o resumo que fizemos.

Texto pastiche

“Compadre Quemnheném é que sabia, sabença geral e nunca conferida, por quem? Desculpe o arroto, mas tou de arofagia, que o doutor não cuidou no devido. Mágua Loura era a virge mais pulcra das Gerais. Como a Santa Mãe de Deus, Senhora dos Rosários, rogai por nós!”


(Carlos Heitor Cony, Folha de S. Paulo, 11/09/1998)

8. Intertextualidade: Tradução

Derivado do latim traducere, o termo tradução significa “converter, transferir ou guiar”. Ela corresponde à transformação de um texto em língua estrangeira para a língua de outro país.

A tradução é considerada um tipo de intertextualidade porque, ao traduzir uma produção textual, é possível utilizar diversas expressões e, por esse motivo, possibilitar diversas interpretações ao público.

Exemplo de tradução:

  • “If you can dream it, you can do it.” (Walt Disney)
  • “Se você pode sonhar, você pode realizar.”

Exemplos de intertextualidade na Literatura

Neste resumo de Os Lusíada de Luiz Vaz de Camões, notamos o surgimento de uma coisa chamada Máquina do Mundo. Ela contém todos os segredos do universo.

“Vês aqui a grande máquina do mundo,

Etérea e elemental, que fabricada

Assim foi do Saber alto e profundo,

Que é sem princípio e meta limitada.

Quem cerca em derredor este rotundo

Globo e sua superfície tão limada,

É Deus: mas o que é Deus ninguém o entende,

Que a tanto o engenho humano não se estende.”

Quem fez intertextualidade com esse épico trecho literário: Carlos Drummond de Andrade. Ele simplesmente escreveu um poema chamado A Máquina do Mundo. Ficou evidente:

A treva mais estrita já pousara

sobre a estrada de Minas, pedregosa,

e a máquina do mundo, repelida,

se foi miudamente recompondo,

enquanto eu, avaliando o que perdera,

seguia vagaroso, de mãos pensas.

Veja mais sobre esse famosa intertextualidade neste resumo de Claro Enigma de Carlos Drummond.

Exemplo de intertextualidade na música

Confira este trecho da música do Legião Urbana, Monte Castelo:

Ainda que eu falasse a lí­ngua do homens
E falasse a lí­ngua do anjos, sem amor eu nada seria
É só o amor, é só o amor
Que conhece o que é verdade
O amor é bom, não quer o mal
Não sente inveja ou se envaidece
O amor é o fogo que arde sem se ver
É ferida que dói e não se sente
É um contentamento descontente
É dor que desatina sem doer

Aqui podemos notar intertextualidade com dois textos famosos.

Primeiro, com um trecho da carta do apóstolo Paulo na primeira Carta aos Coríntios, na Bíblia:

Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. ( 1 Coríntios 13:1)

E ainda há intertextualidade com um terceiro trecho famoso na literatura.

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Amor é fogo que arde sem se ver é um soneto de Luís Vaz de Camões (1524-1580), um dos maiores escritores portugueses de todos os tempos. O famoso poema foi publicado na segunda edição da obra Rimas, lançada em 1598.

Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.

Além de aprender o que é Intertextualidade, você pode testar seus conhecimentos de outras matérias respondendo algumas questões que caíram em edições antigas do Exame em nosso simulado gratuito.

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Redação Beduka
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