A Revolução Francesa foi o maior acontecimento político do século XVIII, que teve um grande impacto em todo o mundo devido aos ideais que seus líderes propagavam. Seu motivo principal foi a crise do Antigo Regime, que teve causas imediatas e remotas.
Para entendermos melhor, é importante conhecer o tipo de sociedade que existia na França naquela época e os problemas que ela enfrentava. Ou seja, desvendar como funcionava o sistema político, cultural e econômico do país.
Se você está curioso para saber qual foi o principal motivo da Revolução Francesa, continue a leitura. Vamos trazer todas as informações para que você entenda as causas deste fato que se tornou o marco da história contemporânea.
Como era a França do Antigo Regime?
Antes da Revolução Francesa acontecer em 1789, a França era um país de Antigo Regime. Havia uma divisão muito clara na sociedade em três estados:
- Primeiro: clero,
- Segundo: nobreza e
- Terceiro: restante da população.
Os dois primeiros estados contavam com privilégios de diversos tipos, mas principalmente com relação à composição dos quadros da monarquia absolutista e no pagamento de impostos.
Muito dificilmente um plebeu, membro do terceiro estado, teria espaço nas instituições oficiais. Quando se falava em alto comando, a dificuldade aumentava bastante. Por exemplo, era proibido aos plebeus receber a patente de oficial militar, reservada aos nobres.
Eles também teriam dificuldades de alcançar cargos no alto clero (bispo) e para compor as academias científicas ainda que tivessem o mesmo talento que os nobres.
Contudo, pagavam a maior parte dos impostos que sustentavam o sistema. Entre eles, o antigo imposto medieval: a talha, que era a principal fonte de receita para o provimento do exército.
Você deve imaginar que eles não estavam muito felizes com isso, né? Pois é, por isso diversas reivindicações foram feitas, chegando até a rebeliões e posteriormente à revolução.
Qual foi o principal motivo da Revolução Francesa?
As causas da Revolução Francesa podem ser classificadas em imediatas ou remotas. As primeiras foram o que podemos chamar de gota d’água para estourar as revoltas, enquanto as segundas foram os problemas internos à França que já duravam muito tempo.
As causas remotas são a própria estrutura do Antigo Regime, extremamente excludente, na qual o terceiro estado existia apenas como base de sustentação ao pagar impostos. Coisa que claramente gerava ressentimentos.
O fechamento do regime atingia tanto os que queriam obter posições do Estado quanto os que desejavam investir na economia. Além de proibir os plebeus de ingressar no funcionalismo público, a França tinha uma série de regulamentações que travavam seu desenvolvimento econômico.
Outro ponto importante era que as ideias iluministas já circulavam na sociedade, principalmente em uma literatura de crítica à nobreza escrita em fanfics. Os autores criavam boatos sobre os nobres e suas amantes para descredibilizá-los, ao mesmo tempo que falavam sobre os ideais inspirados por figuras como Voltaire e Rousseau.
O iluminismo tinha ideias-forças, que foram moldadas em fórmulas simples e difundidas por essas obras. Curiosamente, o contexto de crise do Antigo Regime era a ocasião perfeita para que esses ideais se impusessem.
Assim, os princípios de liberdade, igualdade, governo representativo, entre outros se tornaram fundamentais.
Mas ao responder qual foi o principal motivo da Revolução Francesa precisamos nos voltar para uma grave crise econômica que atingiu o país. Como escreveu Michel Vovelle:
Na primeira fila das causas imediatas, a crise econômica catalisou as formas de descontentamento, sobretudo nas classes populares. Os primeiros sinais de mal-estar aparecem nos anos de 1780, no interior da França: estagnação dos preços dos grãos e séria crise de superprodução vinícola, além de, simultaneamente (1786), um tratado comercial franco-inglês que prejudica a indústria têxtil do reino. Nesse contexto severo, uma colheita desastrosa (1788) aumenta brutalmente os preços estagnados dos anos anteriores: as taxas não dobram, mas é comum um acréscimo de 150%.
Diversas rebeliões populares começaram a estourar. Em algumas cidades a burguesia e a nobreza chegaram ao conflito físico.
Os ministros do rei tentaram realizar reformas fiscais, mas sofreram resistências por parte da nobreza. Então a proposta de uma Assembleia dos Estados Gerais foi acatada para resolver a situação. Mas ela seria apenas o começo de mudanças mais profundas na França.
Etapas da Revolução Francesa
Agora que já vimos qual foi o principal motivo da Revolução Francesa, vamos conhecer o desenvolvimento dela.
Criação da Assembleia Constituinte
A Assembleia dos Estados Gerais foi aberta em 5 de maio de 1789. Ela era um antigo recurso francês para resolução de crises, mas era um exemplo da divisão social do Antigo Regime. Os votos eram feitos por estado.
Os nobres e o clero votavam para garantir seus privilégios, assim o terceiro estado sempre saía perdendo.
Mas em 1789 eles não estavam dispostos a manter a mesma estrutura de antes e propuseram o voto individual, por cabeça. Porém, o rei não aceitou a proposta e assim o Terceiro Estado rompeu com os Estados Gerais e fundou a Assembleia Nacional Constituinte, a fim de redigir uma constituição, que limitaria os poderes reais.
Luís XVI tentou fechá-la à força, mas a população tomou as ruas de Paris em 12 de julho, formou uma comuna para governá-la no dia 13 com auxílio de uma milícia popular e no dia 14 atacou a Bastilha para tomar armas e pólvora.
Segundo Vovelle:
“O alcance desse episódio vai muito além de um acontecimento pontual. Ele é o símbolo da arbitrariedade real e, de certo modo, do Antigo Regime que se encontra em decadência”.
O rei teve de retroceder e acabou por adotar medidas impostas pela população.
Além de saber qual foi o principal motivo da Revolução Francesa, fique por dentro das causas das revoluções burguesas.
Monarquia Constitucional
Essa é a fase em que foi adotada uma constituição como forma de regular o poder do rei e os demais. Entre o fim de 1789 e o começo de 1791, a Assembleia Nacional Constituinte preparou o documento que faria isso.
Antes das discussões sobre o texto constitucional, a população continuou revoltada. Esse momento ficou conhecido como Grande Medo. Durante os meses de julho e agosto o povo atacou aristocratas e suas propriedades. Para acalmar os ânimos, o primeiro e o segundo estados aboliram seus privilégios no dia 4 de agosto.
No dia 26 de agosto de 1789, foi escrita a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, que proclamava os novos valores de liberdade, igualdade, segurança e propriedade.
Em 1790 foi decretada a Constituição Civil do Clero, que promoveu a separação entre Igreja e Estado. A igreja deixava de ser uma instituição pública e passava a ser subordinada ao governo. Os padres eram obrigados a jurar à Constituição e obediência ao Estado e caso houvesse recusa, eles seriam perseguidos.
A Constituição foi aprovada pelo rei em 1791. Assim, a França passou a ser uma monarquia constitucional. Os poderes do rei foram limitados, mas ele ainda garantiu alguns privilégios, como a demissão de ministros e o poder de vetar leis.
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República Jacobina
A estrutura da monarquia constitucional não agradou a todos. Uma parcela da população desejava um regime mais democrático e até mesmo republicano.
Por outro lado, a monarquia sofria pressão externa, pois as outras nações absolutistas se tornaram hostis ao que estava ocorrendo na França.
Mesmo declarando paz ao mundo, o exército francês estava diante de uma possibilidade de guerra. Jacques Pierre Brissot, um dos ministros, era favorável a lançar a França no conflito. Luís XVI, temendo mais esse problema, demitiu Brissot.
Com isso, o rei foi declarado inimigo da nação e deposto. Assim, foi proclamada uma república na França, governada pela Convenção Nacional.
Em janeiro de 1793 o rei foi decapitado, após ser condenado à morte pela Convenção.
No começo da república, o governo esteve a cargo dos girondinos. Eles eram menos radicais nos seus propósitos. Mas a partir de 1794 o poder foi assumido pelos jacobinos, que estabeleceram o período do Terror, chamado assim por causa da feroz perseguição aos opositores, quase sempre condenados à morte.
Cerca de 45.000 pessoas foram mortas, entre elas membros do partido girondino, do clero e da aristocracia. Intelectuais e cientistas também não escaparam. Eles resolveram parte da crise econômica herdada do Antigo Regime com a secularização dos bens da Igreja e a venda deles.
As Revoluções Inglesas foram tão importantes quanto a da França. Leia nosso artigo sobre elas após entender completamente qual foi o principal motivo da Revolução Francesa.
Diretório
O Diretório foi a última fase da Revolução. Ele durou de 1795 a 1799 e foi um período em que diversos golpes aconteceram. Segundo François Furet, foi nestes anos que a França fez as pazes com seu passado, superando os excessos do Terror.
Os termidorianos, como eram chamados os membros do Diretório, revogaram diversas medidas dos jacobinos. Entre elas, o voto universal, retornando o censitário. Ou seja, era preciso ter certa renda para exercer o direito.
Vovelle classificou esse período como de facilidades, corrupção e muita instabilidade. Para conter a vulnerabilidade do regime, as elites apostam no autoritarismo. Então eles apoiam o golpe que põe fim à revolução.
No dia 18 de brumário (10 de novembro), o general Napoleão Bonaparte, fechou a assembleia legislativa e depôs o governo do Diretório. Com isso a Revolução Francesa termina e se inicia o Período Napoleônico.
Consequências da Revolução
Já vimos qual foi o principal motivo da Revolução Francesa e como ela se desdobrou. Agora resta saber quais foram as consequências.
Antes de tudo, a Revolução mudou o cenário político da França e do mundo inteiro para sempre. Os conceitos que usamos hoje como nação, cidadania, democracia e a própria ideia de revolução política vêm dela.
Mas de maneira mais direta, ela:
- Pôs fim ao antigo regime na França;
- Fim dos resquícios de feudalismo;
- Realizou a consolidação do capitalismo;
- Fez a difusão dos ideais iluministas;
- Popularizou a separação de poderes
- Firmou o nacionalismo como ideologia do dever patriótico;
- Difundiu a ideia de direitos humanos.
Esperamos que tenha entendido qual foi o principal motivo da Revolução Francesa. Você sabia que ele é um dos temas principais da prova de História do Enem? Pois é!
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