Estrela da Vida Inteira é um livro de poemas de Manuel Bandeira publicado em 1965. Essa obra se destaca na literatura brasileira por solidificar a poesia modernista. Veja abaixo o resumo e análise dessa obra tão importante.
Se você gosta de poesia ou mesmo não gostando precisa aprender, preparamos algo que vai ajudar. Um análise do livro Estrela da Vida Inteira de Manuel Bandeira. Trata-se de uma das obras mais cotadas para cair no ENEM 2018!
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Ao final do artigo confira alguns dos poemas mais famosos de Manuel Bandeira e perceba neles todo o conteúdo que será tratado neste artigo.
Análise de Estrela da Vida Inteira
Esta obra é uma coletânea das poesias de Manuel Bandeira, um conjunto dos livros de poesia que ele escreveu durante sua vida. Por isso, o resumo é sobre a obra como um todo, comentários sobre seus temas, estilos, mudanças, enfim: uma análise.
Vamos a ela!
Nesta análise de Estrela da Vida Inteira, antes de qualquer outra coisa, você precisa saber que foi um livro que solidificou a poesia modernista! Fique atento a essa temática, saiba mais sobre a semana de arte moderna de 22 aqui!
Sobre os versos de Manuel Bandeira em Estrela da Vida Inteira
Os versos em suas poesias são livres. Ele teve muita liberdade criadora e extraía sua poesia do cotidiano. Usou linguagem coloquial e muita irreverência. Não se preocupava com a regularidade métrica e nem mesmo com a pontuação.
Sua linguagem tinha ligações com a tradição simbolista, mas já caminhava na direção de romper com ela e realmente rompeu. Em suas poesias os temas são banais, são da vida cotidiana, da vida simples.
Ele até retomou temas mais comuns na estética dos romantistas, mas acrescentou tons críticos e formas simples e despojadas.
Pode-se perceber também a crítica ao português erudito, aquele usado pelos cultos. Em contrapartida, Manuel Bandeira exaltou a forma espontânea de falar, que era a forma usada pelo povo brasileiro. Ele a isso chamou “a língua viva”.
Reflexões nas poesias de Manuel Bandeira
Na análise de Estrela da Vida Inteira é fácil perceber o contraste entre o paraíso sonhado e o paraíso que foi perdido. São eles a Pasárgada (o sonhado) e a infância (o perdido).
A Pasárgada era o paraíso pessoal, lugar de sua felicidade simples, onde ele andaria em burro bravo, subiria em pau-de-sebo, andaria de bicicleta e tomaria banho de mar entre outras coisas.
Bandeira misturou a estética simbolista e a parnasiana com a modernista. Não deixe de estudar sobre esses estilos literários também!
Claramente nota-se certa estranheza do poeta diante de um mundo que o circunda. Mas do que isso, em seus versos, notamos como os acontecimentos vão refletindo em seu interior.
Temas recorrentes em Estrela da Vida Inteira
Na análise de Estrela da Vida Inteira você notará a recorrência da temática da solidão, do humor, da indignação em relação ao tipo de poesia que ele chama de pré-fabricada. Além disso há ironia, tristeza, idealização de um mundo melhor e descrença no sentido da vida.
Atenção também para o existencialismo (reflexão sobre a existência) e para a exploração das cenas e imagens brasileiras.
A morte
Um tema muito recorrente que você deve conhecer melhor neste resumo e análise de Estrela da Vida Inteira é a morte. Manuel Bandeira escreveu como quem vivia provisoriamente. De fato, em sua biografia isto pode ser constatado, pois ele tinha sido diagnosticado com tuberculose. Lembre-se de que essa doença era mortal no início do séc XX.
A experiência de vida se uniu à experiência poética. Ainda assim, sua poesia não foi somente de acontecimentos biográficos. Trata-se de poemas com uma universalidade simples, por abordarem o cotidiano que serve para todos.
Em seus textos, apesar de falar da morte, não se percebe medo, desespero ou dramatização. A consciência da morte conduziu Bandeira a uma valorização da existência cotidiana, que para ele era única, irrepetível e insubstituível.
Manuel Bandeira e o modernismo
Neste resumo e análise de Estrela da Vida inteira, este tópico não poderia ficar de fora. Bandeira atravessou todas as fases do modernismo. Mário de Andrade chegou até a reconhecê-lo como o anunciador de uma nova poesia.
Bandeira e Drummond são Incorporadores do prosaico e coloquial no poesia brasileira moderna. Os versos são mais soltos e irregulares. Contudo, ele também escreveu poesias com redondilhas da lírica medieval, com versos decassílabos e até sonetos.
Na verdade, ele aderiu gradativamente ao modernismo e o equilibrou com estéticas anteriores, unindo o tradicional e o inovador. Bandeira não deixou de admirar escritores do passado como Luíz Vaz de Camões e Gonçalves Dias.
Livros presentes em Estrela da Vida Inteira
Continuando nosso resumo de análise de Estrela da Vida Inteira ressaltamos os livros presentes na obra:
A Cinza das Horas: Livro que segue a tradição simbolista e parnasiana, mas já caminhando para a ruptura com essas tradições.
Carnaval: Para bandeira, no carnaval todas as fantasias são liberadas. Não há unidade e é neste livro que se encontra o poema “Sapo” que satirizou o parnasianismo e foi o hino dos modernistas de 1922.
O Ritmo Dissoluto: Neste acentua-se na poesia, a simplicidade popular e o prosaísmo.
Libertinagem: É o livro no qual se percebe o amadurecimento do poeta em relação à liberdade estética.
Estrela da Manhã: Livro de poesias de um Bandeira com mais de 50 anos
Livro dos Cinquant’Anos: Foi escrito sob encomenda e feito com urgência.
E mais: Belo Belo, Mafuá do Malungo, Opus 10 e Estrela da Tarde.
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Após essa leitura do resumo e análise de Estrela da Vida Inteira, acompanhe agora alguns dos poemas mais conhecidos de Manuel Bandeira.
Vou-me Embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconsequente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive
E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d’água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada
Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcaloide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar
E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.
Pneumotórax
Febre, hemoptise, dispneia e suores noturnos.
A vida inteira que podia ter sido e que não foi.
Tosse, tosse, tosse.
Mandou chamar o médico:
— Diga trinta e três.
— Trinta e três… trinta e três… trinta e três…
— Respire.
— O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado.
— Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax?
— Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.
Os Sapos
Enfunando os papos,
Saem da penumbra,
Aos pulos, os sapos.
A luz os deslumbra.
Em ronco que aterra,
Berra o sapo-boi:
— “Meu pai foi à guerra!”
— “Não foi!” — “Foi!” — “Não foi!”.
O sapo-tanoeiro,
Parnasiano aguado,
Diz: — “Meu cancioneiro
É bem martelado.
Vede como primo
Em comer os hiatos!
Que arte! E nunca rimo
Os termos cognatos.
O meu verso é bom
Frumento sem joio.
Faço rimas com
Consoantes de apoio.
Vai por cinquenta anos
Que lhes dei a norma:
Reduzi sem danos
A fôrmas a forma.
Clame a saparia
Em críticas céticas:
Não há mais poesia,
Mas há artes poéticas…”
Esses são alguns dos poemas mais famosos dele, e podem estar na prova do Exame Nacional do Ensino médio (ENEM) deste ano. Se gostou do resumo e análise de Estrela da Vida Inteira e este artigo foi útil, deixe nos comentários e nos acompanhe no Instagram e no facebook.
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