Literatura

Quem foi Manuel Bandeira? Conheça um dos principais nomes do modernismo no Brasil  

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Manuel Bandeira, um dos mais importantes poetas brasileiros do século XX, cativou o coração dos leitores com sua poesia sensível e profundamente pessoal. Ele foi um dos principais participantes da Semana de Arte Moderna de 1922 com o poema “Sapos”, uma crítica às ideias de perfeição estética do Parnasianismo.  

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Sua poesia era marcada pela simplicidade e pela introspecção e conquistou o público ao retratar temas como amor, saudade, doença e morte com uma sensibilidade sem igual. Principalmente porque revela muito de sua própria vida.

Isso é só uma pequena parte de tudo que você precisa saber sobre quem foi Manuel Bandeira quando for fazer o Enem ou outro vestibular. Por isso, detalhamos tudo no decorrer deste artigo. Leia até o final e esteja preparado para qualquer prova!

Se você vai fazer o Enem, tem muito assunto para estudar até lá. Mas fazer isso de forma aleatória não é muito eficiente. Por isso, criamos o Plano de Estudos do Beduka para você! Ele é um cronograma completo que te diz o que, como, por quanto tempo e onde estudar. Além de ter dicas super incríveis para você.

Este artigo vai te ajudar a descobrir tudo sobre quem foi Manuel Bandeira. Tem bastante conteúdo pela frente, então, clique em um dos tópicos para ir diretamente ao que deseja:

Quem foi Manuel Bandeira?

Manuel Bandeira foi e é um dos mais importantes nomes da literatura brasileira. Ele nasceu em 19 de abril de 1886, no estado de Pernambuco, e faleceu em 13 de outubro de 1968, no Rio de Janeiro. 

As obras do autor são consideradas bastantes intimistas e líricas. E muitas delas relatam as próprias tragédias vividas por ele, como Pneumotórax.  Abaixo, veja um trecho do poema:

Febre, hemoptise, dispneia e suores noturnos.

A vida inteira que podia ter sido e que não foi.

Tosse, tosse, tosse.

Mandou chamar o médico:

— Diga trinta e três.

— Trinta e três… trinta e três… trinta e três…

— Respire.

Caso você não saiba, Bandeira lutou durante boa parte de sua vida contra a tuberculose e os versos acima são justamente uma referência a isso. 

Além de escritor, Manuel foi professor de literatura e crítico literário. Também entrou para a Academia Brasileira de Arte, ocupando a cadeira de número 24.

Como foi a infância e juventude de Manuel Bandeira?

Marcadas por tragédias… Antes, é importante você saber que Manuel nasceu no Recife, em uma família com vida financeira tranquila. Seus familiares eram proprietários rurais, advogados e políticos. 

Tudo indicava, que o autor teria uma existência confortável e repleta de paz e fartura. Mas não foi isso que aconteceu, ele acabou perdendo a mãe e a irmã muito cedo e essa dor e desesperança inevitavelmente influenciaram suas obras. 

Manuel Bandeira viveu apenas dez anos de sua vida em Pernambuco, quando se mudou para o Rio de Janeiro. Foi por lá que concluiu seus estudos no Colégio Pedro II, entre os anos de 1897 a 1902. 

Logo em seguida, em 1903, entrou para a Faculdade Politécnica de São Paulo, onde iniciou o curso de arquitetura. Porém, precisou abandoná-lo para começar o tratamento contra tuberculose, primeiramente morando em Minas Gerais e depois na Suíça.

Ao retornar ao Brasil, em 1914, o escritor passou a se dedicar exclusivamente à literatura. Isso resultou na publicação do seu primeiro livro: “A Cinza das Horas” (1917).

Outro fato bastante curioso é que essa obra tem influências marcantes do Parnasianismo e Simbolismo, movimentos que futuramente seriam duramente criticados por Bandeira. A vida e as voltas que ela dá, né?

Por falar em obras, responder quem foi Manuel Bandeira está diretamente ligado ao fato de entender a relação do autor com o Modernismo. Por isso, escrevemos detalhadamente sobre isso no próximo tópico. Não deixe de conferir!

Como foi a participação de Manuel Bandeira na Semana de Arte Moderna?

As obras deixadas por Bandeira fazem parte da primeira geração modernista e o autor participou ativamente da Semana de Arte Moderna, evento que inaugurou o Modernismo no Brasil. Na ocasião, o poema de autoria dele declamado foi “Os Sapos”. 

Os versos presentes no poema eram uma evidente crítica ao Parnasianismo e as ideias de perfeição estética (métricas perfeitas) que o movimento pregava. Também simbolizava uma aversão à mediocridade e hipocrisia da sociedade da época.

Mas houve algo bem inusitado: Manuel não esteve presente fisicamente na cerimônia. Segundo informações oficiais, devido a problemas de saúde. Entretanto, o escritor deixou Ronald de Carvalho incumbido de ler Os Sapos. A missão foi cumprida em meio a muitas vaias.

Abaixo, você pode conferir na íntegra os versos mais polêmicos do início do modernismo no Brasil:

Enfunando os papos,

Saem da penumbra,

Aos pulos, os sapos.

A luz os deslumbra.

Em ronco que aterra,

Berra o sapo-boi:

– “Meu pai foi à guerra!”

– “Não foi!” – “Foi!” – “Não foi!”.

O sapo-tanoeiro,

Parnasiano aguado,

Diz: – “Meu cancioneiro

É bem martelado.

Vede como primo

Em comer os hiatos!

Que arte! E nunca rimo

Os termos cognatos.

O meu verso é bom

Frumento sem joio.

Faço rimas com

Consoantes de apoio.

Vai por cinquüenta anos

Que lhes dei a norma:

Reduzi sem danos

A fôrmas a forma.

Clame a saparia

Em críticas céticas:

Não há mais poesia,

Mas há artes poéticas…”

Urra o sapo-boi:

– “Meu pai foi rei!”- “Foi!”

– “Não foi!” – “Foi!” – “Não foi!”.

Brada em um assomo

O sapo-tanoeiro:

– A grande arte é como

Lavor de joalheiro.

Ou bem de estatuário.

Tudo quanto é belo,

Tudo quanto é vário,

Canta no martelo”.

Outros, sapos-pipas

(Um mal em si cabe),

Falam pelas tripas,

– “Sei!” – “Não sabe!” – “Sabe!”.

Longe dessa grita,

Lá onde mais densa

A noite infinita

Veste a sombra imensa;

Lá, fugido ao mundo,

Sem glória, sem fé,

No perau profundo

E solitário, é

Que soluças tu,

Transido de frio,

Sapo-cururu

Da beira do rio…

Se tem uma coisa interessante que envolve responder a pergunta quem foi Manuel Bandeira, é o fato de que sua vida e produções foram pouco convencionais. Havia sempre algo que redesenhava os caminhos e a arte do autor. 

Estudar mais sobre o Modernismo vai te ajudar a se aprofundar nas ideias do escritor e se preparar melhor para o Enem. Para isso, conte com os artigos abaixo:

Quais foram as principais obras de Manuel Bandeira?

Sem dúvidas, não podemos falar de Manuel Bandeira sem citar Libertinagem e o poema “Vou-me Embora pra Pasárgada” que se encontra nele. Mas o autor deixou muitas obras e, apesar de nem todas serem tão conhecidas, são tão importantes quanto.

Por isso, fizemos uma lista que vai te ajudar bastante. Confira:

  • A Cinza das Horas, poesia, 1917
  • Carnaval, poesia, 1919
  • O Ritmo Dissoluto, poesia, 1924
  • Libertinagem, poesias reunidas, 1930
  • Estrela da Manhã, poesia, 1936
  • Crônicas da Província do Brasil, prosa, 1937
  • Guia de Ouro Preto, prosa, 1938
  • Noções de História das Literaturas, prosa, 1940
  • Lira dos Cinquenta Anos, poesia, 1940
  • Belo, Belo, poesia, 1948
  • Mafuá do Malungo, poesia, 1948
  • Literatura Hispano-Americana, prosa, 1949
  • Gonçalves Dias, prosa, 1952
  • Opus 10, poesia, 1952
  • Itinerário de Pasárgada, prosa,1954
  • De Poetas e de Poesias, prosa, 1954
  • Flauta de Papel, prosa, 1957
  • Estrela da Tarde, poesia, 1963
  • Andorinha, Andorinha, prosa, 1966 (textos reunidos por Drummond)
  • Estrela da Vida Inteira, poesias reunidas, 1966
  • Colóquio Unilateralmente Sentimental, prosa, 1968

Temos outros artigos que podem te ajudar a entender quem foi Manuel Bandeira e o período no qual ele viveu e participou. Acesse:

Principais poemas de Manuel Bandeira

Parte fundamental na hora de saber quem foi Manuel Bandeira, é mergulhar em seus poemas! Por isso, separamos 2 desses poemas para você ler e compreender mais sobre o autor. Confira!

1 – Vou-me Embora pra Pasárgada

Vou-me Embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada

Lá sou amigo do rei

Lá tenho a mulher que eu quero

Na cama que escolherei

Vou-me embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada

Aqui eu não sou feliz

Lá a existência é uma aventura

De tal modo inconsequente

Que Joana a Louca de Espanha

Rainha e falsa demente

Vem a ser contraparente

Da nora que nunca tive

E como farei ginástica

Andarei de bicicleta

Montarei em burro brabo

Subirei no pau-de-sebo

Tomarei banhos de mar!

E quando estiver cansado

Deito na beira do rio

Mando chamar a mãe-d’água

Pra me contar as histórias

Que no tempo de eu menino

Rosa vinha me contar

Vou-me embora pra Pasárgada

Em Pasárgada tem tudo

É outra civilização

Tem um processo seguro

De impedir a concepção

Tem telefone automático

Tem alcaloide à vontade

Tem prostitutas bonitas

Para a gente namorar

E quando eu estiver mais triste

Mas triste de não ter jeito

Quando de noite me der

Vontade de me matar

— Lá sou amigo do rei —

Terei a mulher que eu quero

Na cama que escolherei

Vou-me embora pra Pasárgada.

O poema acima foi publicado pela primeira vez em 1930, no livro “Libertinagem”, e retrata o desejo e a busca por um refúgio totalmente utópico e idealizado. É uma espécie de escapismo, no qual uma realidade repleta de limitações seria deixada para trás.

2 – Desencanto

“Eu faço versos como quem chora

De desalento… de desencanto…

Fecha o meu livro, se por agora

Não tens motivo nenhum de pranto.

Meu verso é sangue. Volúpia ardente…

Tristeza esparsa… remorso vão…

Dói-me nas veias. Amargo e quente,

Cai, gota a gota, do coração.

E nestes versos de angústia rouca

Assim dos lábios a vida corre,

Deixando um acre sabor na boca.

— Eu faço versos como quem morre.”

O poema foi publicado no primeiro livro do autor: A Cinza das Horas. Ele também representa a primeira fase dos escritos de Manuel Bandeira, com características do parnasianismo e simbolismo.

Vale lembrar que, mais tarde, esses seriam justamente os movimentos criticados pelo autor na Semana de Arte Moderna. 

Manuel Bandeira: cadeira número 24 na academia Brasileira de Letras

Manuel dedicou sua vida à literatura. Inclusive, dando aula sobre o assunto. Sim! Ele foi professor de literatura no colégio D. Pedro II.

Além disso, assim como você estudou neste artigo sobre quem foi Manuel Bandeira, o escritor nos deixou um legado importantíssimo de produções literárias, tanto na poesia quanto na prosa. 

Somado a isso, fez parte de um dos eventos que modificaram o mundo das criações artísticas e literárias no Brasil: a Semana de Arte Moderna. Então, é claro que seria impensável que o autor ficasse de fora da ABL.

Logo, em 1940, Manuel foi eleito para a Academia Brasileira de Letras, tomando posse em 1941. Ele ocupa a cadeira número 24! 

Por não só produzir como também trabalhar com o ensino da literatura, a visão crítica do autor era considerada muito importante para as reuniões e demais membros da ABL. Por isso, o escritor participou ativamente da Academia.

Ainda assim, continuou produzindo de forma independente e singular.   Explorando tanto temas pessoais  quanto universais em seus poemas. Se um dia você for a Recife, visite a estátua em homenagem ao escritor. Ela está localizada na Rua da Aurora, nas margens do rio Capibaribe.

Ou visite o “O Espaço Pasárgada”, centro cultural construído na casa onde morou Antonio José da Costa Ribeiro, avô de Manuel Bandeira.

Mude de vida com o Beduka! 

A história de Manuel Bandeira é fascinante, né? Mas sabia que você também pode viver algo grandioso e que pode mudar sua vida? Estou falando de passar no vestibular!

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No mais, desejamos sucesso na sua nova jornada. Qualquer coisa, mande-nos um direct no Instagram.

Bons estudos!

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Redação Beduka
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