As figuras de linguagem, ou figuras de estilo, são estratégias que o orador ou escritos utiliza para tornar a mensagem transmitida mais expressiva. As principais figuras de linguagem são classificadas em grupos: figuras de som, de construção, de pensamento e de palavras.
Sabe quando você está no meio de uma produção de texto, mas sente que falta algo mais para complementar ou finalizar com chave de ouro? Para alcançar este objetivo, você precisa conhecer as principais figuras de linguagem. Elas são alguns dos recursos mais utilizados para deixar o conteúdo mais rico e convincente.
Estude com o Simulado Enem Beduka. Ele foi elaborado com as questões dos anos anteriores do Enem.
Continue lendo e você aprenderá como adaptá-las ao seu vocabulário! Vamos detalhar abaixo os tipos de figuras de linguagem.
Principais figuras de linguagem – Figuras de som ou harmonia
Aliteração
Consiste na reprodução ordenada das mesmas consoantes. Exemplo deste tipo de figura de linguagem usada por Guimarães Rosa:
“Boi bem bravo, bate baixo, bota baba, boi berrando… Dança doido, dá de duro, dá de dentro, dá direito”.
Neste trecho percebe-se que as consoantes que mais se repetem e produzem a sonoridade do texto são as consoantes B e D.
Essa figura de linguagem é muito usada para dar ênfase ao texto e também para criar trava-línguas. A sonoridade dá o ritmo do texto:
A aranha arranha a rã. A rã arranha a aranha. Nem a aranha arranha a rã. Nem a rã arranha a aranha.
O tempo perguntou ao tempo quanto tempo o tempo tem, o tempo respondeu ao tempo que o tempo tem o tempo que o tempo tem.
Em rápido rapto, um rápido rato raptou três ratos sem deixar rastros.
Veja algumas obras de Guimarães Rosa que já resumimos:
Assonância
Ela se caracteriza por uma repetição ordenada de sons vocálicos similares. Ela se parece com a aliteração, mas não se trata de simplesmente repetir consoantes, sim vogais tônicas ou da mesma consoantes com vogais diferentes.
Exemplo de aplicação por Caetano Veloso:
“Sou um mulato nato no sentido lato, mulato democrático do litoral”.
Neste trecho acima é possível perceber a tônica da letra “a” se repetindo. O som ao falar as palavras é sempre de um “a” aberto (Á) e não fechado (Â).
Paronomásia
Este tipo de figura de linguagem tem como principal característica o uso de sons semelhantes, mas com palavras de distintos significados.
“Aquela cativa, aquela cativa, que me tem cativo, porque nela vivo, já não quer que viva”, escreveu Luís de Camões.
Neste exemplo de Camões cativa tem o sentido de preso e de cativante, apesar da palavra ser a mesma.
Outro famoso exemplo vem de um ditado popular:
Quem casa, quer casa.
A palavra é a mesma, mas a primeira se refere a casamento e a segunda a moradia.
Onomatopeia
Retrata a criação de uma palavra para imitar sons e não apenas caracterizá-los. Exemplo deste uso:
Oi, tum, tum, bate coração
Oi, tum, … coração
Oi, tum, tum, tum, …
Que eu morro de amor … (Elba Ramalho)
Na letra acima é fácil perceber que “tum tum” é uma onomatopeia que imita o som da batida do coração.
Há onomatopeia para várias circunstâncias:
- Sons emitidos pelo homem (Espirro – Atchim, tosse – Cof! cof!, raiva – Grrr!);
- Vozes de animais (gato – Miau, cavalo – Riiinch!, inseto – Bzzz!);
- Barulhos e ruídos em geral (Bomba – Ka-boom!, soco – Pow!, mergulho – Tchibum!)
Principais figuras de linguagem – Figuras de construção ou de sintaxe
Elipse
Caracterizada como a omissão de um termo e/ou palavra supostamente identificável no contexto. No caso dessa figura, a ausência do termo não impede o entendimento da frase.
Exemplo:
“No mar, tanta tormenta e tanto dano” – Luis de Camões em Os Lusíadas
No exemplo de Camões, você entende que no mar há tormenta e há dano, mas o verbo haver sequer foi escrito.
Zeugma
Similar a elipse, omite um termo evitando a repetição do mesmo. No caso, para ser categorizado como zeugma e não como elipse, é preciso que o termo que é omitido já tenha aparecido em uma expressão anterior.
Exemplo:
“O colégio compareceu fardado; a diretoria, de casaca”. Raul Pompeia – O Ateneu
Pleonasmo
Redundância com o objetivo de reforçar a mensagem. Este tipo de figura de linguagem é usado de maneira intencional, ao contrário dos vícios de linguagem. Exemplo:
“E rir meu riso e derramar meu pranto….”, compôs Vinicius de Moraes.
“Chovia uma triste chuva de resignação” Manuel Bandeira
Na literatura o pleonasmo é uma repetição estilosa. Numa redação será o seu fim, pois será considerado vício de linguagem, má estruturação e repetição desnecessária.
Exemplos de pleonasmo vicioso:
- Entrar pra dentro;
- Descer pra baixo;
- Outra alternativa;
- Ver com os olhos;
- Há muito tempo atrás;
- Repetir de novo;
- Fatos reais.
Que tal testar os seus conhecimentos com os nossos exercícios de figuras de linguagem? Saiba mais!
Assíndeto
Ausência de conectivos entre elementos ou conjunções coordenadas. Normalmente, no lugar dos conectivos é colocada a vírgula. Exemplos:
“Soltei a pena, Moisés dobrou o jornal, Pimentel roeu as unhas” Graciliano Ramos
Acordei, levantei, comi, saí, trabalhei, voltei.
Polissíndeto
Tem como característica a repetição de conectivos, fazendo ligação com outros termos da frase. Como:
“Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua!”, escreveu Olavo Bilac.
Olavo Bilac usou a repetição do conectivo “e”.
Anacoluto
Geralmente consiste em deixar um termo solto na oração, mais conhecida como frase quebrada.
“O homem daqui, seu conceito de felicidade é muito mais subjetivo”, escreveu Rachel de Queiroz.
“O relógio da parede eu estou acostumado com ele, mas você precisa mais de relógio do que eu”. (Rubem Braga).
Hipérbato
Também conhecida como inversão, essa figura de linguagem consiste na mudança da ordem dos termos da frase. Similar ao personagem Yoda, da saga Star Wars.
Exemplo: “Sempre em movimento está o futuro”. Ao invés de: “O futuro está sempre em movimento”.
“Do que a terra mais garrida, teus risonhos lindos campos têm mais flores.”
A ordem normal do trecho do Hino Nacional citado seria: ” Teus campos risonhos, lindos, têm mais flores do que a terra mais garrida.”
Hipálage
Ocorre quando atribuímos uma palavra ou característica pertencente a outra frase.
“O silêncio desaprovador dos meus colegas”, escreveu Camilo Castelo Branco.
Anáfora
Consiste no uso de um termo mais de uma vez, sempre no início das orações, frases, versos, etc:
“Era uma estrela tão alta! Era uma estrela tão vazia! Era uma estrela sozinha”, escreveu Manuel Bandeira.
Silepse
Possui como significado o uso da concordância como uma ideia subentendida, seja ela implícita ou não. Pode ser divida em gênero, número ou grau: “Como vai a turma? Estão bem?”, (singular e logo depois plural).
“Nem tudo tinham os antigos, nem tudo temos, os modernos.” Machado de Assis
Principais figuras de linguagem – Pensamento
Antítese e Paradoxo
A primeira se refere a utilização de palavras de sentidos diferentes, mas que não interferem no significado. Já o paradoxo é o uso de palavras de sentidos opostos com significados divergentes.
- Exemplo de antítese:
De repente do riso fez-se o prantoSilencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto…. Vinícius de Moraes em Soneto da Separação
No exemplo acima, a antítese está no primeiro verso: riso – pranto (choro)
- Exemplo de paradoxo:
“Amor é fogo que arde sem se ver
…É um contentamento descontente
…Dor que desatina sem doer.
Uma dor que não dói e um contentamento que não é contente. Vê como não se trata de simples oposição, mas contradição? Esse é o paradoxo.
Apóstrofe
Será o receptor da mensagem, seja imaginário ou não. É a figura do chamamento, da invocação.
“Pai Nosso, que estais no céu”.
Ela também é usada para demonstrar surpresa, indignação ou sentimento. Por exemplo, quando alguém diz: “Minha Nossa Senhora!”
Eufemismo
Sua característica principal é a substituição de termos e expressões considerados mais leves em situações desagradáveis. Exemplo:
“E fizeste isto durante vinte e três anos (…) até que um dia deste o grande mergulho nas trevas (…)” Machado de Assis
Mergulho nas trevas quer dizer morte, com outras palavras. Veja outras aplicações:
- “Ele é desprovido de beleza”, para amenizar “Ele é feio.”
- “Você faltou com a verdade”, para amenizar “Você mentiu.”
- “Ela foi morar junto com Deus”, para amenizar “Ela morreu.”
Gradação
Sequência de palavras que intensificam o mesmo pensamento:
“Eu era pobre. Era subalterno. Era nada”, escreveu Monteiro Lobato.
Hipérbole
Nesta figura de linguagem se expressa uma ideia, porém cercada de exagero. Como: “Estou morrendo de sono”. A sua utilização é uma demonstração do sono que se sente, mas não de forma real.
“Pela lente do amor
Vejo tudo crescer
Vejo a vida mil vezes melhor”. (Gilberto Gil)
Neste caso, é um exagero dizer que se viu a vida mil vezes.
Ironia
Esta é uma das principais figuras de linguagem e pode ser descrita como uma inversão de sentidos. Ou seja, quando se diz algo contrário do que se pensa. Este é um exemplo: Que pessoa educada! Entrou sem cumprimentar ninguém.
“Moça linda e bem tratada,
Três séculos de família,
Burra como uma porta: um amor!” Mário de Andrade
Personificação
Também conhecida como prosopopeia, é a utilização de termos humanos em seres inanimados. Exemplo: A Lua está tímida hoje.
Eu vi a estrela polar
Chorando em cima do mar
Eu vi a estrela polar
Nas costas de Portugal!
Desde então não seja Vênus
A mais pura das estrelas
A estrela polar não brilha
Se humilha no firmamento – Vinícius de Moraes
Principais figuras de linguagem – Palavras ou semânticas
Metáfora
Consiste em empregar um significado diferente do habitual sobre um termo. É a que mais usamos, afinal fazemos comparações o tempo todo. Exemplo: Minha boca é um túmulo.
…Mas, oh, não se esqueçam da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa…” – Vinícius de Moraes
No trecho dessa poesia a metáfora está em rosa, que é um comparativo de bomba.
Perífrase
Substituímos um termo por uma expressão que ainda identifique o sujeito. Exemplo: A Cidade Maravilhosa segue linda. (Cidade Maravilhosa= Rio de Janeiro).
Cidade maravilhosa
Chia de encantos mil
Cidade Maravilhosa
Coração do meu Brasil – André Filho
Catacrese
Quando há uma ausência de termo específico, utilizamos outro em seu lugar. Como: A perna da mesa estava quebrada.
Me ame devagarinho
Sem fazer esforço
Tô doido por seu carinho
Pra sentir aquele gosto
Que você tem na maçã do rosto
Que você tem na maçã do seu rosto – Djavan
No trecho dessa música a catacrese é maçã do rosto.
Outros exemplo cotidiano é asa da xícara.
Metonímia
Similar a metáfora, existe o uso de um significado sobre outro. Além de explorar a ligação lógica dos termos. Ela é sempre uma troca
“Eu uso sempre Bombril”
A metonímia está em Bombril, já que se usou uma marca específica para se referir ao produto palha de aço.
Outros exemplos:
- Autor trocado pela obra: “Ela adora ler Machado de Assis”
- Continente trocado pelo conteúdo: “A garotada comeu dois pratos grandes”
Sinestesia
Este é o nosso último tipo de figura de linguagem. Nele há uma mistura de termos e sensações de diferentes formas. É muito usada na arte misturando os sentidos. Exemplo: Esse perfume é muito doce.
“Palavras não são más, palavras não são quentes, palavras são iguais sendo diferentes.” Sérgio Britto e Marcelo Fromer.
Palavras podem ser vistas e ouvidas, mas como poderia uma palavra ser quente? Neste caso houve sinestesia.
Apresentamos aqui algumas das principais figuras de linguagem para você se atualizar sobre o assunto.
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Escritores, poetas e compositores fazem uso recorrentes destes artifícios. Eles também estão presentes em nosso cotidiano. Metáfora e ironia talvez sejam os recursos estilísticos que você esteja mais acostumado a encontrar nas conversas do dia a dia.
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