José Martiniano de Alencar foi um grande escritor e político brasileiro. Foi o fundador do romance de temática nacional, com destaque para o Indianismo. É patrono da cadeira de Machado de Assis na Academia Brasileira de Letras e o autor de grandes obras como “O Guarani”, “Senhora”, “Iracema” e “Ubirajara”.
Neste texto sobre José de Alencar, você encontrará:
- Quem foi José de Alencar.
- Infância e Juventude.
- Vida Profissional.
- Vida Política.
- Restante da vida.
- Características das obras.
- Qual é a escola literária a que ele pertence.
- Quais os temas mais abordados.
- Obras de José de Alencar.
- Homenagens.
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Quem foi José de Alencar?
José Martiniano de Alencar (1829-1877) foi um brasileiro de grande importância nacional. Em vida, atuou como romancista, dramaturgo, jornalista, advogado e político.
Ele foi escolhido por Machado de Assis para ser o sucessor de sua cadeira na Academia Brasileira de Letras. Também conquistou o título de um dos maiores representantes e fundador do Indianismo Romântico nacional.
Ele possui obras com títulos muito famosos que caem muito nos vestibulares. Provavelmente você já deve ter lido algo sobre ele, pois as escolas sempre pedem esses clássicos.
Suas obras são muito apreciadas não só pela seriedade, ciência e técnica artesanal com que escreveu, mas também pelas sugestões e soluções que ofereceu. Graças a ele, começou a nacionalização da literatura e a consolidação do romance brasileiro.
Vamos conhecer sua biografia para depois entender melhor suas obras.
Infância e Juventude
José Martiniano de Alencar Júnior nasceu no sítio Alagadiço Novo, no município de Mecejana, estado do Ceará. Foi no dia 1 de maio de 1829 que veio ao mundo.
Ele era filho de um casal de primos: José Martiniano de Alencar e de Ana Josefina. Seu pai havia formado uma família com sua mãe depois de largar a batina, pois era padre e havia mudado de ideia. Ainda assim, isso causou um pouco de escândalo.
Pelo lado paterno, José de Alencar é neto do comerciante português José Gonçalves dos Santos e de D. Bárbara de Alencar, uma pernambucana considerada heroína da revolução de 1817.
Nos anos entre 1837-38, viajou do Ceará à Bahia com sua família. Passou pelos interiores e chegou a grande cidade do Rio de Janeiro. A influência dessas paisagens são bem perceptíveis em suas obras.
No Rio, seu pai desenvolveu uma carreira política e José de Alencar frequentou o Colégio de Instrução Elementar. Ele presenciara os encontros políticos de seu pai em sua casa, e foi lá que tramaram a maioridade de D. Pedro II, decretada em 1840.
Aos 14 anos, José foi para São Paulo e terminou o secundário. Logo depois, ingressou na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco.
Em 1844 já estava atento ao sucesso que o livro “A moreninha” fez, escrito por Joaquim Manuel de Macedo. Resolveu ser escritor de romances e vivia lendo, apaixonado pelas histórias de grandes autores internacionais como Balzac, Dumas, Chateaubriand e Victor Hugo.
Em 1846, fundou a revista “Ensaios literários”, na qual publicou o artigo “Questões de Estilo”. Em 1847, com 18 anos, iniciou seu primeiro romance “Os Contrabandistas”, que ficou inacabado.
Vida profissional
Formou-se em direito em 1851, enquanto esboçava dois romances históricos: “Alma de Lázaro” e “O Ermitão da Glória”. Estes só foram publicados no fim de sua vida. Voltou para o Rio de Janeiro onde exerceu a advocacia.
Em 1854, ingressou no Correio Mercantil e comentava os acontecimentos sociais, as estreias de peças teatrais, os novos livros e as questões políticas.
Em 1855 assumiu as funções de gerente e redator-chefe do “Diário do Rio”, onde publicou seu primeiro romance “Cinco Minutos”, em formato de folhetim no ano de 1856.
Começou a ser notado quando publicou as Cartas sobre A Confederação dos Tamoios, em 1856, com o pseudônimo de Ig. Nelas, criticava o poema épico de Domingos Gonçalves de Magalhães, favorito do Imperador e então chefe da literatura brasileira.
Em seguida, publicou “A Viuvinha”, mas foi somente em janeiro de 1857 que começou a publicar o famoso romance “O Guarani”, também em forma de folhetim. Essa obra o deixou tão famoso que logo alcançou sucesso e foi editado como livro.
Na visita a sua terra Natal se encanta com a lenda de “Iracema” e a transforma em livro.
Vida Política
Em 1858, abandonou o jornalismo e se tornou Chefe da Secretaria do Ministério da Justiça. Chegou ao título de Consultor Conselheiro, ao mesmo tempo em que lecionava Direito Mercantil.
Embora D. Pedro II não simpatizasse com Alencar, não se opôs a sua escolha para o Ministério da Justiça do Império.
Em 1860, com a morte do pai, candidatou-se a deputado do Ceará pelo partido Conservador. sendo reeleito em quatro legislaturas. Ele defendia um governo forte e uma abolição gradativa da escravatura.
Em 1865, usando outro pseudônimo, publicou “Cartas de Erasmo”. Nelas, descrevia a situação do país e dirigia-se ao imperador.
Em 1870 foi eleito senador pelo Ceará. Porém, surgiram conflitos com o Ministro da Marinha e por isso não foi o escolhido. Voltou para a Câmara, onde permaneceu até 1877 e depois rompeu com o Partido Conservador.
Mesmo no auge da carreira política, José de Alencar não havia abandonado a literatura. Ainda assim, não conseguiu realizar sua ambição de ser senador e desgostou da política. A partir daí, passou a dedicar-se exclusivamente à literatura.
Restante da vida
Em 1864, casou-se com Georgiana Augusta Cochrane (1846-1913), com quem teve seis filhos. Entre eles, Mário Alencar seguiu a carreira de letras do pai e Augusto Cochrane de Alencar se tornou embaixador.
Exclusivamente como escritor, José de Alencar produziu também romances urbanos (Senhora, 1875 / Encarnação, 1877), regionalistas (O Gaúcho, 1870 / O Sertanejo, 1875) e históricos (Guerra dos Mascates, 1873), além de peças para o teatro.
Em 1877, viajou para Europa buscando tratamento médico. Contudo, não teve sucesso e faleceu vítima da tuberculose em 12 de dezembro de 1877, aos 48 anos.
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Características da Obra de José de Alencar
José de Alencar sempre trabalhou em suas obras as tradições, a história, a vida rural e urbana do Brasil. Escreveu uma variedade de obras em diferentes gêneros, deixando romances indianistas, históricos, regionalistas e urbanos.
A principal característica comum em tudo isso é a tentativa de construção de uma cultura genuinamente brasileira. Assim, tenta se afastar das características estéticas que vigoravam em Portugal.
Qual é a escola literária de José de Alencar?
Apesar da variedade de gêneros e obras, José de Alencar é classificado como um escritor do romantismo nacional, especificamente da primeira fase Indianista. Isso acontece porque em todas as suas obras vemos traços de nacionalismo e idealismo.
Ainda que esses traços estejam presentes direta ou indiretamente em tudo, ele produziu obras além de romances e algumas até com traços realistas.
Quais os assuntos mais abordados por José de Alencar em seus romances?
Principalmente nas narrativas indianistas, ele buscava retratar uma linguagem mais próxima do português falado no Brasil. Também trabalha as temáticas brasileiras, como a questão indígena. Exemplo disso são as obras Iracema (1865), O guarani (1857) e Ubirajara (1874).
O primeiro fala sobre o amor do índio Peri com uma mulher branca, Ceci. O segundo é uma epopeia sobre a origem do Ceará que tem como personagem principal a índia Iracema. O terceiro tem Ubirajara como um valente guerreiro indígena que vai amadurecendo.
Não é atoa que as principais obras de José de Alencar são a tríade indianista!
Essa tentativa de construção de uma produção literária de temática nacional também estava presente em romances não indianistas, mas aos de tema rural e interiorano. Exemplos disso são O gaúcho (1870), Til (1871), O tronco do ipê (1871) e O sertanejo (1875).
O escritor não deixaria de lado as temáticas históricas que construíram nosso país. Então, misturou passagens da história com a ficção para fazer obras ligadas à colonização. As minas de prata (1865 e 1866) e Guerra dos mascates (1871 e 1873) são exemplos.
Por fim, o meio urbano também foi destacado, sendo cenário para romances como Lucíola (1862), Diva (1864) e Senhora (1875). Nessas obras, a sociedade burguesa carioca do Segundo Reinado (1840-1889) é base para protagonistas de mulheres idealizadas e fortes.
Obras de José de Alencar
Romances:
- Cinco Minutos, 1856.
- A viuvinha, 1857.
- O guarani, 1857.
- Lucíola, 1862.
- Diva, 1864.
- Iracema, 1865.
- As minas de prata – 1º vol., 1865.
- As minas de prata – 2.º vol., 1866.
- O gaúcho, 1870.
- A pata da gazela, 1870.
- O tronco do ipê, 1871.
- Guerra dos mascates – 1º vol., 1871.
- Til, 1871.
- Sonhos d’ouro, 1872.
- Alfarrábios, 1873.
- Guerra dos mascates – 2º vol., 1873.
- Ubirajara, 1874.
- O sertanejo, 1875.
- Senhora, 1875.
- Encarnação, 1893.
Teatro
- Verso e reverso, 1857.
- O Crédito, 1857.
- O Demônio Familiar, 1857.
- As asas de um anjo, 1858.
- Mãe, 1860.
- A expiação, 1867.
- O jesuíta, 1875.
Crônica
- Ao correr da pena, 1874.
Cartas críticas
- Cartas Sobre a Confederação dos Tamoios, 1856.
- Cartas de Erasmo, 1865.
- O Juízo de Deus, 1867.
- Ao Correr da Pena, 1874.
Autobiografia
- Como e por que sou romancista, 1893.
Nessa biografia, José de Alencar apresentou sua doutrina estética e poética, dando um testemunho da sua consciência sobre o mundo literário.
Homenagens
Muitas vezes, pode ser referido como “o patriarca da literatura brasileira” e suas obras causam admiração não só pela qualidade, mas também pela quantidade se considerarmos seus poucos anos de vida.
Em homenagem a ele, encontra-se o “Teatro José de Alencar” inaugurado em 1910 na cidade de Fortaleza. Ainda na capital cearense, há a Praça José de Alencar e a estação José de Alencar da linha sul do metrô.
No interior de seu estado natal, seu nome batiza um distrito do município de Iguatu. Além disso, na cidade do Rio de Janeiro, foi erguida uma estátua do escritor.
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