A Patrística foi um período de desenvolvimento da Filosofia Cristã. Nos primeiros séculos, o Cristianismo era alvo de conflitos com pagãos e hereges. Então, buscou defender a fé e a Doutrina Católica usando os conceitos da Filosofia Grega, principalmente a de Platão. Para entender mesmo o que é Patrística, saiba que Santo Agostinho foi o principal representante.
Neste artigo sobre o que é Patrística, você encontrará:
- O que é Patrística, qual seu objetivo e relação com a Filosofia Grega
- Principais características e autores da Patrística
- Santo Agostinho e a importância desse período
- Diferença entre Patrística e Escolástica
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O que é Patrística e qual sua origem?
A Patrística é uma corrente filosófica que surgiu na transição da Antiguidade Clássica (Gregos e Romanos) para a Idade Média. Ela recebeu esse nome porque foi desenvolvida pelos primeiros cristãos, ou seja, os Pais da Igreja Católica.
Muitos historiadores consideram que esse período teve seu início a partir das Epístolas de São Paulo e se encerrou no século VIII. Nesse período, o cristianismo estava começando a se organizar, era pouco conhecido e muito perseguido por todos os governos e religiões.
Os cristãos buscavam oficializar seus princípios, pois eram diferentes de qualquer pensamento já visto. Surge o termo grego “Khatolikós”, que significa “universal”. Eles se chamavam dessa forma para levar o Evangelho a todos e se reuniram para compor a Igreja Católica.
Como São Paulo catequizava terras gregas, os cristãos conheciam a filosofia. Assim, a teologia cristã se desenvolveu pela formação de concílios: reuniões de papas, bispos e padres.
Havia debates filosóficos e teológicos sobre questões em aberto, definiram dogmas com base na Tradição Apostólica e decidiram quais livros iriam compor a Bíblia.
Qual era o objetivo da Patrística?
Pelo contexto em que se desenvolveu, a Patrística foi uma linha filosófica que tinha o objetivo de defender o cristiano dos ataques externos (pagãos e judeus) e das confusões internas (hereges). Embora tenha surgido como defesa, também se tornou uma ótima forma de expandir o cristianismo, pois era por meio da Filosofia que se chegava à fé, convertendo também os intelectuais.
O termo pagão se refere a qualquer povo que não foi batizado, incluindo gregos, romanos e bárbaros. Suas crenças tinham uma moral bem diferente, então perseguiam fervorosamente os cristãos.
Nessa época, houve os primeiros mártires, aqueles cristãos que morrem por não querer negar sua fé.
Já o termo herege se refere a qualquer pessoa que se considera cristã (todos católicos) mas não está em comunhão com a fé. Muitos convertidos escolhiam as partes que queriam acreditar, de forma que fosse conveniente. Discordavam de alguns pontos já definidos da doutrina cristã e ainda pregavam o oposto em nome da Igreja.
Relação da Patrística com a Filosofia Grega
Grande parte da Patrística está relacionada à filosofia grega de Platão. Mesmo assim, alguns outros autores gregos foram fontes de conhecimento, mas em menor escala. Plotino e Aristóteles são exemplos.
- Como isso aconteceu?
Naquela época, o Império romano era muito vasto e permitia o comércio entre regiões. Os povos gregos, judeus e cristãos viviam se esbarrando.
O próprio São Paulo levava o evangelho às comunidades gregas, que foram o destino de muitas de suas cartas. Assim, os cristão conheceram a filosofia grega.
Por mais que cada grupo fosse firme em seus princípios, eles conheciam o pensamento dos demais.
Diante de vários ataques internos e externos, a Igreja sempre organizava os concílios. Nesses debates, os que conheciam a filosofia grega usavam os modelos de argumentação lógica e os princípios metafísicos (parte da filosofia grega que explica o que não é material).
- O que isso tem a ver?
Os cristão creem que Cristo é o Deus que se fez carne, trazendo a Verdade para o mundo. Porém, também creem que Deus não deixou as pessoas desamparadas antes de sua vinda.
Assim, os judeus tiveram os profetas para começar a preparar o caminho e os gregos tiveram a filosofia para começar a entender alguns princípios. Quando o Cristo veio e revelou a Verdade completa, os cristãos entenderam sua missão de completar o que estava imperfeito.
Portanto, é perfeitamente possível que um cristão use aquilo que é verdadeiro no pensamento grego para confirmar sua fé.
Relação entre Patrística e Escolástica
Mesmo que a Patrística tenha começado em uma época de transição, a maioria dos autores a classificam como a primeira parte da Filosofia Medieval. Isso porque o cristianismo está enraizado nela, bem como está na Escolástica.
Na Patrística, temos o início da organização do pensamento cristão, baseado na filosofia de Platão e sendo Santo Agostinho seu principal representante.
A Escolástica é uma corrente filosófica desenvolvida no ápice da Idade Média, muitas vezes conhecida como segunda parte da Filosofia Medieval.
Nela, temos um cristianismo consolidado, baseado na filosofia de Aristóteles e tendo São Tomás de Aquino como principal representante.
Dessa forma, Patrística e Escolástica se relacionam por estarem ligadas à Teologia Cristã e serem uma defesa e propagação da cristandade.
A principal diferença entre elas é que na Patrística temos uma predominância da fé e da metafísica. Já na Escolástica, a fé e a racionalidade são lados de uma mesma moeda, e as questões físicas são mais abordadas.
Quais são as principais características da Patrística?
Resumindo as explicações acima, confira as principais características em tópicos para não deixar de lado o que é importante:
- É um período de transição da Antiguidade para a Idade Média. Porém, é considerada a primeira fase da filosofia medieval por causa do cristianismo.
- Sua principal característica era a defesa da fé contra os pagãos e hereges, além da expansão do Cristianismo na Europa.
- É baseada na filosofia grega, principalmente nas ideias de Platão no que se refere ao modo de argumentar e explicar o mundo usando a lógica.
- Foi elaborada pelos primeiros cristãos, Pais Apostólicos da Igreja ou Santos Padres.
- Consistiu na elaboração da doutrina cristã e suas verdades de fé, como liturgia, disciplina, costumes, Tradição e bíblia.
Quais são os fundadores e filósofos da Patrística?
Os primeiros e principais pensadores da Patrística são:
- São Justino de Roma (século II): considerado o primeiro filósofo cristão, afirmou que o cristianismo era a verdadeira filosofia
- São Clemente de Alexandria e Orígenes (séculos II-III)
- Os três capadócios: São Gregório de Nissa, São Basílio de Cesaréia e São Gregório Nazianzeno
- São Policarpo de Esmirna: discípulo de São João Evangelista, foi mártir e deixou escritos de argumentos lógicos em defesa da fé
- Santo Agostinho de Hipona: não foi um dos primeiros, mas foi o ápice da Patrística.
Santo Agostinho
Santo Agostinho é o filósofo de maior destaque da Patrística, é aquele que representa o ápice do pensamento e o principal representante. Sua vida é dividida em dois momentos muito diferentes: antes e depois de sua conversão ao cristianismo.
Ele nasceu no norte da África, já no início do período medieval e vivia em bebedeiras e fornicações, fazendo tudo que queria.
Porém, sempre sentiu interesse pela filosofia e começou a estudar o maniqueísmo (filosofia religiosa que acreditava em dois deuses, um bom e um mau), depois conheceu o neoplatonismo.
Já adulto, conheceu o cristianismo e entendeu o sentido da vida, sentindo-se completo, realizado e feliz como nunca. Renunciou a toda sua vida anterior e resolveu se tornar padre. De tanta dedicação e fidelidade ao Catolicismo, com o tempo tornou-se bispo.
Agostinho tinha um empenho muito grande na filosofia e desenvolveu um pensamento original, nunca visto. Misturava uma variedade de métodos e filosofias que garantiam um trabalho de muito conhecimento e exatidão.
Graças a ele, muitos pontos da doutrina católica foram definidos, elaborados e firmados, como: graça ser indispensável, livre-arbítrio (capacidade de escolher entre coisas boas ou más), pecado original e Santíssima Trindade.
Recebeu o raro título de Doutor da Igreja, sendo alguém que deu consideráveis colaborações teológicas e filosóficas para a Doutrina. É o patrono dos monges agostinianos e sua festa é celebrada no dia de sua morte, 28 de agosto.
Ele elaborou obras muito complexas filosoficamente e teologicamente, além de cantos e testemunhos. Suas principais obras são:
- Confissões: conta sobre o processo de conversão e o sentido da vida.
- Cidade de Deus: com a queda do império romano, Agostinho utiliza toda a situação política e social de sua época para relacionar à importância e fortaleza da Igreja.
- Sobre a livre escolha da vontade: conceitos filosóficos são usados para explicar que podemos usar a liberdade de boa ou má forma. Quando optamos por nos afastar de Deus, surge o mal. Logo, o mal é a ausência do Bem (Deus). Cada um deve arcar com as consequências de suas escolhas.
- Sobre a Trindade e obras apologéticas: várias obras que refutam os pensamentos errados das heresias contra a Igreja. É uma defesa e comprovação do Catolicismo, mas sempre deixando claro que primeiro partimos da fé e depois completamos com a razão (filosofia) dentro daquilo que cabe.
Qual foi a importância da Patrística?
A Patrística foi um período de grande importância para defesa e consolidação do Cristianismo, além da expansão da Igreja e consolidação da doutrina. Também foi essencial para resgatar e preservar os clássicos gregos, pois o império romano estava em seu fim e sofreu saques e incêndios dos bárbaros.
É graças ao período da Patrística e Escolástica que conhecemos boa parte da herança imaterial dos gregos e romanos, conservado e aperfeiçoado nos mosteiros. Esse período também trouxe um crescimento cultural, pois trazia novas ideias não vistas até então.
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