História

O que foi a República da Espada? Guia completo!

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A República da Espada é o momento inicial da Primeira República Brasileira (República Velha). Essa divisão marca os dois primeiros governos militares que o Brasil teve: Marechal Deodoro da Fonseca (1889-1891) como provisório e constitucional, seguido pelo Marechal Floriano Peixoto (1891-1894). Foi um momento de crises e disputas intensas!

Neste texto sobre a República da Espada, você encontrará os tópicos abaixo. Clique em um deles para ir diretamente ao conteúdo:

  1. O que foi a República da Espada?
  2. Quais são suas principais características?
  3. Contexto histórico em que a República da Espada surgiu.
  4. Como foi a proclamação da República?
  5. Começa a República da Espada: o governo de Marechal Deodoro.
  6. O Governo Provisório.
  7. O Governo Constitucional.
  8. A Primeira Revolta da Armada.
  9. A Crise Econômica do Encilhamento.
  10. O Governo de Floriano Peixoto.
  11. A Revolução Federalista.
  12. A Segunda Revolta da Armada
  13. Como terminou a República da Espada?

O que foi a república da espada?

A República da Espada começou em 1889 com a Proclamação da República e se estendeu até 1894, quando Prudente de Morais assumiu o poder. Esse nome serve apenas para marcar os momentos iniciais da Primeira República do Brasil.

A primeira república brasileira também é chamada de República Velha, mas sua duração é tão longa (1889 a 1930) que a dividimos em duas partes. Sendo assim, a da Espada é a sua primeira parte e a Oligárquica é a segunda parte.

Diferenciamos o período da República da Espada porque ela foi marcada por dois governos militares, o de Deodoro da Fonseca e o de Floriano Peixoto. Já a Oligárquica, conta com latifundiários no poder.

Quais são as características da República da Espada?

A principal característica da República da Espada está em seu próprio nome: a espada era o símbolo dos militares da época. Além de ter os dois governantes militares, essa república foi um período de muita tensão, mudanças, rupturas e crises.

Só o fato de termos saído do regime monárquico para o republicano já causa um grande impacto. Além disso, houve a promulgação de uma nova Constituição, um novo sistema eleitoral, a influência do positivismo, o estabelecimento do Estado Laico, etc.

Mas não ache que é só isso! Agora vamos ver os acontecimentos de cada um dos dois governos. Antes, vamos só dar uma recapitulada para nos situarmos na época.

Contexto Histórico: antecedentes da República da Espada

Antes do Marechal Deodoro assumir, quem governava era o imperador D. Pedro II. A queda do império e o início da república foi marcado por uma intensa participação dos militares.

Desde a vitória brasileira na Guerra do Paraguai, os militares se sentiram merecedores de participar mais na política. A Questão Militar, por exemplo, foi um conflito pela oposição entre o império e os novos desejos militares.

Outra consequência da guerra foi a libertação dos escravos que lutaram, mas sem pagar indenização aos donos. Isso fez com que os fazendeiros apoiassem a república.

Além disso, a saúde de D. Pedro II não ia bem. Ele fazia viagens em busca de tratamentos e ficava bem ausente. 

Por fim, cresce a influência do Positivismo, uma corrente filosófica europeia do século XIX, derivada do Iluminismo. Eles defendiam o progresso da humanidade baseado na ciência e na ordem social, além de ter inspirado muitas repúblicas.

Acontece a Proclamação da República

O Parlamento não tinha republicanos o suficiente para que pudessem vencer no voto. Além disso, ele seria renovado nos dias seguintes, então os republicanos precisavam fazer algo antes disso.

O Marechal Deodoro era amigo do imperador e era conhecido por servir fielmente à monarquia. Ele era um símbolo de importância nacional. Porém, nos momentos anteriores à Proclamação da República, houveram desgastes.

Aproveitando o cenário, alguns republicanos soltaram o boato de que o primeiro-ministro Visconde de Ouro Preto prenderia Deodoro. Esse foi o argumento perfeito para colocá-lo a favor da república, além de arrastar multidões junto.

A Proclamação da República aconteceu no dia 15 de novembro de 1889, por um Golpe de Estado de militares liderados pelo Marechal Deodoro. Os militares depuseram D. Pedro II e encerraram o Segundo Reinado para iniciar a Primeira República.

Começa a República da Espada: como foi o governo do Marechal Deodoro da Fonseca? 

Foto imagem pintura do marechal deodoro da fonseca primeiro presidente do brasil

É verdade que os militares se uniram para pôr fim no império, mas logo após a proclamação eles já haviam se dividido. Os republicanos separaram-se em três correntes:

  • Corrente liberal: inspirada no liberalismo, dizia que o governo deveria interferir o menos possível e as províncias se tornarem unidades federativas.
  • Corrente jacobinista: inspirada na Revolução Francesa, exaltava a participação direta e massiva da população.
  • Corrente positivista: inspirada no positivismo, queria a solução dos problemas aplicando a ordenação dos civis e o progresso científico.

A corrente liberal foi vitoriosa e é por isso que hoje nós temos a divisão do Brasil em unidades ou estados federativos. Porém, as demais correntes continuaram influenciando. Um exemplo disso é o lema da bandeira nacional “Ordem e Progresso”.

A mudança de sistema e toda essa instabilidade exigiu formas diferentes de governo. Deodoro assumiu como chefe do Governo Provisório, mas depois desse período, ele governou constitucionalmente. 

Cada um de seus governos teve uma marca própria, vamos entender:

O Governo Provisório (1889 – 1891)

Nessa fase, houve a tentativa de apagar símbolos monárquicos e substituí-los por novos símbolos republicanos. As instituições monárquicas foram extintas e os cargos ocupados por republicanos (Quintino Bocaiúva, Demétrio Ribeiro e Campos Sales).

Para impedir que o território se fragmentasse em revoltas, foi aprovada a Grande Naturalização. Esse decreto dizia que todos os estrangeiros e etnias do país seriam naturalizados como brasileiros.

Mesmo a população sendo de maioria Católica, decretaram a separação entre Estado e Igreja, tornando o Estado Laico. Assim o casamento na Igreja não valia mais como lei, então precisou ser instituído o casamento civil.

Além disso, foi proibido o ensino da religião nas escolas públicas. Para não desagradar tanto à maioria católica, também foi retirado o Padroado (poder político que podia interferir na Igreja).

Por fim, houve a criação do feriado de Tiradentes para promover a defesa e exaltação da República, pois ele foi militar morto durante a Inconfidência Mineira.

O Governo Constitucional (1891)

Como era algo provisório, tiveram de convocar uma Assembleia Constituinte, a instituição que redigiu uma nova constituição. Ela se inspirou na Constituição dos Estados Unidos da América.

Então, em 1891 foi decretada e promulgada a primeira constituição federal do Brasil. Dentre as suas medidas, ela estabeleceu oficialmente:

  • Regime republicano presidencialista.
  • Chefe de Estado por 4 anos sem direito à reeleição.
  • Estado laico (sem uma religião oficial).
  • Sufrágio universal masculino (voto para todos os homens maiores de 21 anos, independente de renda, mas não podia ser analfabeto).
  • Instituição do federalismo, dando certa autonomia aos estados, contribuindo para o coronelismo.
  • Estabelecimento de três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário.

O Marechal Deodoro da Fonseca conseguiu ser eleito como presidente do governo constituinte. Seu vice era um militar, Marechal Floriano Peixoto, apoiado pelos liberais.

Ele procurou nomear “indenistas” para o governo, os conservadores monarquistas que passaram a apoiar o republicanismo após a abolição da escravatura. Isso desagradou aos republicanos históricos, os que já eram originalmente republicanos.

O Congresso chegou a tentar aprovar a “Lei de Responsabilidades”, para reduzir os poderes do presidente. Diante disso, o Marechal reagiu com autoritarismo e acabou implantando uma ditadura ao fechar o Congresso. 

As ações de Deodoro acabaram violando partes da Constituição de 1891 e o seu vice tornou-se seu opositor. Em conflito com os parlamentares, marinha, ferroviários, administradores, congresso e o vice; Deodoro quase levou o país à guerra civil.

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A Primeira Revolta da Armada (1891)

As tropas militares, comandadas por Deodoro, cercaram os prédios legislativos e prenderam os opositores. A imprensa também começou a ser fiscalizada. Em resposta a isso, no dia 23 de novembro, ocorreu a Primeira Revolta da Armada. 

A Armada (Marinha) rebelou-se contra o presidente, porque queriam a reabertura do Congresso e igualar os direitos e salários entre as forças armadas.

Acionado por Floriano Peixoto, o almirante Custódio de Melo ameaçou bombardear o Rio de Janeiro, voltando os canhões dos navios para a cidade, caso Deodoro não renunciasse. 

O governo respondeu chamando a marinha norte-americana para forçar a marinha brasileira a abrir o cerco. Em fuga, os revoltosos navegaram para o sul do país.

Encilhamento: a crise econômica

Como se não bastasse todo esse cenário caótico, o Brasil ainda foi marcado por uma forte crise econômica chamada de Encilhamento.

Ele começou durante o governo de Deodoro da Fonseca, em 1891, como resultado da política econômica do Ministro da Fazenda Rui Barbosa

Ele permitiu a emissão de papel-moeda por bancos privados e facilitou as condições de acesso ao crédito. O resultado foi o aumento da especulação financeira, altas nas inflações e as empresas foram à falência em massa.

Assim o custo de vida aumentou e a moeda do país se desvalorizou.

O Encilhamento afetou a economia do Brasil durante toda a década de 1890 e só foi amenizada a partir de 1897, durante o governo de Prudente de Morais. 

Como foi o governo de Floriano Peixoto? (1891-1894)

foto imagem pintura do marechal floriano peixoto presidente da republica da espada

Grande parte da sociedade passou a apoiar que Floriano Peixoto assumisse. Temendo o início de uma nova guerra, Deodoro da Fonseca renunciou à presidência no dia 23 de novembro de 1891. 

O Marechal Floriano Peixoto assumiu a presidência por um acordo realizado com os oligarcas paulistas.

Ele suspendeu a dissolução do Congresso, o estado de sítio e tirou os governadores que apoiavam Deodoro. Também baixou os preços do aluguel das casas, do pescado, da carne e dos alimentos em geral.

Porém, a Constituição dizia que novas eleições deveriam acontecer porque os dois anos do mandato presidencial não haviam terminado. Mas a oligarquia paulista deu suporte a Floriano e sustentou-o no poder.

Então Floriano Peixoto foi considerado ilegítimo e começaram novas disputas políticas intensas. Ele teve que lidar com dois conflitos: a Revolução Federalista e a Revolta da Armada (Segunda Revolta da Armada). 

A repressão que Floriano fez sobre esses movimentos foi bem violenta e resultou em muitas mortes. Por isso, Floriano Peixoto recebeu o apelido de marechal de ferro.

A Revolução Federalista (1893-1895)

A Revolução Federalista começou no sul do Brasil, como consequência das disputas entre o Partido Republicano Rio-Grandense e o Partido Federalista

Já havia conflitos violentos acontecendo desde o início, mas a guerra estourou quando os federalistas invadiram o Rio Grande do Sul e a marinha chegou, acirrando a oposição.

O Partido Rio-Grandense era representado por Júlio de Castilhos e defendia o presidente. Floriano até enviou tropas para apoiá-los, mas os federalistas impuseram sua força e avançaram até Santa Catarina e Paraná.

Os federalistas queriam invadir o estado de São Paulo, mas em 1894 começaram a perder forças por causa das disputas internas. Assim, eles mesmos se enfraqueceram.

As tropas de Floriano ganharam força e os federalistas fugiram para Argentina ou Uruguai. Estima-se que esse conflito causou cerca de 10 mil mortes.

A Segunda Revolta da Armada (1893-1894)

A Segunda Revolta da Armada começou em resposta à violenta repressão de Floriano Peixoto durante a Revolução Federalista

Os líderes de ambas as revoltas buscaram se unir, mas não foi muito eficaz: eles tinham um inimigo em comum, mas seus objetivos eram diferentes. A Marinha se opôs aos dois governantes da República da Espada porque, nessa época, era de maioria monarquista. 

Novamente, tentou confiscar os navios da Baía de Guanabara e bombardear a capital carioca. A população abandonou o Rio de Janeiro e a capital do país foi transferida para a cidade de Petrópolis temporariamente!

Como terminou a República da Espada?

O populismo de Floriano incomodou a elite agrária do país, que havia o colocado no poder. As oligarquias cafeeiras, liberais e descentralizadas queriam tomar o poder totalmente para si, não foi atoa que elas apoiaram o presidente no início.

Além disso, os conflitos das Revoltas diminuíram a popularidade do presidente. Dado o tempo do mandado chegar ao fim, Floriano saiu. 

O político paulista Prudente de Morais foi eleito presidente e deu início à segunda fase da primeira república, ou república velha, que vai de 1894 a 1930. Estava encerrada a “República da Espada” e começava a “República das Oligarquias”.

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