O que foi a Revolta dos Malês? Foi uma rebelião que ocorreu em janeiro de 1835, na cidade de Salvador. Ela foi feita por escravos negros de maioria muçulmana, insatisfeitos com o tratamento recebido e pela falta de liberdade religiosa. Foi o levante de maior relevância nessa província.
As guerras e revoltas que ocorreram no Brasil caem muito no caderno de Ciências Humanas e suas tecnologias do Enem e de outros vestibulares.
Pensando nisso, fizemos este artigo sobre a Revolta dos Malês. Aqui, você encontrará todos os tópicos abaixo. Se quiser, clique em um tema para ir diretamente ao conteúdo:
- O que foi a Revolta dos Malês?
- Quem eram os Malês?
- O contexto histórico do conflito.
- Causas e motivos da Revolta dos Malês.
- Objetivos da Revolta.
- Líderes da Revolta dos Malês.
- Como terminou o levante?
- Consequências da Revolta do Malês.
- O que aconteceu com os negros após a revolta?
- Outras revoltas do período.
Treinando para o Enem? Conheça O melhor Simulado do Brasil! Ele pode ser personalizado com as matérias que você mais precisa!
O que foi a Revolta dos Malês?
A Revolta dos Malês foi uma rebelião que ocorreu na cidade de Salvador, capital da então província da Bahia, na noite do dia 24 para o dia 25 de janeiro de 1835.
Essa rebelião ocorreu durante o Brasil Império, mais precisamente no Período Regencial (1831-1840).
A Revolta dos Malês foi organizada por negros que exerciam atividades livres. Eles eram conhecidos como escravos de ganho, desenvolvendo a profissão de alfaiates, pequenos comerciantes artesãos e carpinteiros.
Essas pessoas eram de origem islâmica – principalmente das etnias Hauçá (iorubá) e Nagô.
Eles buscavam conquistar sua liberdade religiosa já que, apesar de serem parcialmente livres, por serem seguidores do islamismo e negros tinham dificuldades para ascender socialmente.
Quem eram os Malês?
Malê era o nome dado, na Bahia, para os negros escravizados que possuíam origem muçulmana. O termo “malê” tem origem na palavra “imalê”, que significa “muçulmano” na língua iorubá.
Diversas etnias e tribos africanas eram islâmicas, portanto, quando as pessoas desses locais foram escravizadas e trazidas ao Brasil, continuaram tendo a mesma religião.
Os Hauçá e Nagô eram diferentes dos demais negros que vieram escravizados para o Brasil.
Eles eram alfabetizados. Isso acontecia, principalmente para que conseguissem ler o livro sagrado do islamismo, Alcorão.
A maioria dos negros escravizados no Brasil era analfabeta, então os alfabetizados tinham funções que garantiam maior possibilidade de deslocamento pela cidade.
Eles eram os escravos de ganho, que trabalhavam para seus senhores em serviços urbanos que rendiam dinheiro. A maior parte do dinheiro recebido era entregue ao dono do escravo.
- Ao final do artigo, volte aqui e faça os Exercícios da Revolta dos Malês!
Qual foi o principal motivo da Revolta dos Malês?
Os revoltosos estavam insatisfeitos com as condições de vida, principalmente em relação à escravidão. Outros fatores que os incomodavam também, foram a imposição do catolicismo e o preconceito existente contra os negros.
Além disso, historiadores como João José Reis apontam características étnicas como motivação da revolta. Os malês eram um povo acostumado a batalhas, constituído de soldados. Isso os deixava menos submissos e mais revoltosos.
Contexto Histórico: A Bahia escravista e a Revolta dos Malês
Na primeira metade do século XIX, muitas revoltas surgiram no Brasil, como Sabinada, Cabanada e Guerra dos Farrapos.
Elas são conhecidas como revoltas regenciais, pois aconteceram no período em que o Brasil era governado por regentes. Isso se deu após a abdicação de Dom Pedro I e enquanto Pedro II não podia assumir o trono, pois era muito novo.
Algumas dessas revoltas regenciais tiveram a participação de escravos descontentes com o tratamento recebido.
Os escravos envolvidos nessas revoltas buscavam o fim:
- Do trabalho forçado;
- Das humilhações sofridas;
- Dos castigos físicos e psicológicos;
- Dos abusos sexuais;
- Da péssima condição em que viviam.
Ou seja, essas pessoas almejavam o fim da escravidão – concedida em 1888, pela Lei Áurea.
A insatisfação dos escravos se espalhou para a Bahia. Aí havia maior concentração de escravos, então facilmente se uniam para causar levantes.
Além disso, os escravos de ganho andavam pela cidade e eram letrados, sendo peça chave para articular uma rebelião desta proporção. Não à toa, foi a maior rebelião escravista já vista no Brasil dessa época.
Claramente, além das motivações históricas que sempre se opuseram àquele sistema político e econômico – baseado na mão de obra escrava, essa revolta ainda clamava por liberdade religiosa.
Os escravos eram obrigados a acompanhar seus donos, que costumavam frequentar cultos católicos. Como o islamismo é uma religião que proíbe imagens e busca destruí-las, existia um conflito mais intenso ainda.
Resumindo os dois fatores, a Revolta dos Malês, representou a mobilização de cerca de 1.000 escravos africanos que lutavam pela libertação dos negros de origem islâmica, ou seja, os escravos muçulmanos.
Quais foram os principais objetivos da Revolta dos Malês?
O principal objetivo da Revolta dos Malês era a libertação dos escravos. Além disso, eles queriam acabar com o catolicismo e confiscar os bens das pessoas brancas e mulatas. Havia também o objetivo de implantar uma República islâmica no país
Resumo dos principais objetivos da Revolta dos Malês:
- Libertação dos escravos;
- Fim da discriminação racial;
- O extermínio do catolicismo, religião imposta a eles desde o momento em que chegaram ao Brasil;
- O confisco dos bens das pessoas brancas e mulatas;
- Conquista dos mesmos direitos que tinham os cidadãos brancos;
- Implantar uma República islâmica no país.
São mais de 200 resumos gratuitos no Instagram do Beduka. Aproveite!
Líderes da Revolta dos Malês
Os malês eram liderados por:
- Pacífico Licutan;
- Manuel Calafate;
- Luis Sanim.
A Revolta dos Malês ocorreu no centro de Salvador e foi iniciada pelo ataque dos malês ao Exército, que pretendiam libertar os escravos dos engenhos e tomar o poder.
Como terminou a Revolta dos Malês?
Durante a noite do dia 24 para o dia 25 de janeiro, os malês, que haviam sido delatados por duas africanas libertadas, foram pegos por uma emboscada preparada pela polícia. Essa emboscada deixou muitos deles mortos, feridos e presos.
Cerca de 200 escravos foram presos e julgados. O resultado do julgamento foi: pena de morte para os principais líderes do movimento e açoites e trabalhos forçados para os demais.
Estima-se que 281 foram condenados à prisão e 16 à morte.
Durante a Revolta, os escravos devotos à religião islâmica ocuparam as ruas com roupas islâmicas e amuletos contendo passagens do Alcorão. Eles acreditavam que, dessa forma, estavam protegidos contra os ataques dos adversários.
Um dos fatores determinantes para o fracasso da Revolta foram as armas usadas pelos escravos: espadas, lanças, facas, porretes, dentre outros objetos cortantes. Enquanto isso, a polícia estava munida de armas de fogo.
Consequências da Revolta dos Malês
A Revolta dos Malês acabou, mas a insegurança e o medo tomaram conta da Bahia durante algum tempo. Essa insegurança acabou se espalhando pelos demais lugares do país.
Com o passar do tempo, o levante foi alvo da mídia e ganhou importância nas capas dos jornais do país.
Essa revolta funcionou como um espelho para o restante de escravos no Brasil, desencadeando outros conflitos. Mesmo sem ganhar e sem alcançar seus objetivos, os malês ameaçaram a estrutura social da época.
Em decorrência disso, após a Revolta dos Malês, as condições de vida para negros africanos pioraram. Eles foram responsabilizados pelo levante e se tornaram uma espécie de inimigos da população e do seu bem-estar.
O que aconteceu com os negros após a Revolta dos Malês?
Esse sentimento em consenso gerou um ambiente “anti-africano” que desencadeou leis que tinham como objetivo controlar e punir os africanos.
No entanto, a sociedade começou a viver um paradoxo. Os negros africanos passam a ser vistos como uma ameaça após a revolta, mas ainda assim tinham certa importância econômica, devido à força de trabalho e ao comércio de setores diversos administrados pelos escravos libertos.
Depois da Revolta, muitos negros africanos se sentiram obrigados a aderirem o catolicismo para não serem julgados ou sofrerem algum tipo de pena das autoridades por serem muçulmanos.
Para seguir em frente com a vida cotidiana era necessário deixar para trás suas ligações com a África e as religiões que tinham lá.
As elites da época na Bahia acreditavam que medidas mais drásticas em relação aos negros africanos eram cruciais para evitar revoltas futuras.
Os africanos não tinham escolha, já que quem se opusesse às regras seria punido pela autoridades e julgado pela população, como se ainda fizesse parte dos rebeldes do levante.
Outras revoltas do período
Leia também sobre estas outras revoltas que aconteceram entre 1835 e 1845:
- Cabanagem (1835 – 1840)
- Farroupilha (1835 – 1845)
- Sabinada (1837 -1838)
- Balaiada (1838 – 1841)
Gostou de aprender sobre a Revolta dos Malês? Confira outros artigos do nosso blog e se prepare para o Enem da melhor maneira! Você também pode se organizar com o nosso plano de estudos, o mais completo da internet, e o melhor: totalmente gratuito!
Queremos te ajudar a encontrar a FACULDADE IDEAL! Logo abaixo, faça uma pesquisa por curso e cidade que te mostraremos todas as faculdades que podem te atender. Informamos a nota de corte, valor de mensalidade, nota do MEC, avaliação dos alunos, modalidades de ensino e muito mais.
Experimente agora!