A Arte Românica foi um estilo artístico que surgiu na Alta Idade Média, na Europa do século XI. Sua temática é quase sempre católica por causa do contexto em que se desenvolveu, mas carrega influências do antigo Império Romano e pode ser encontrada em prédios públicos ou residências de nobres da época.
Neste artigo sobre Arte Românica, você encontrará:
- O que foi a Arte Românica
- Contexto histórico em que surgiu
- Diferença entre românica, romana, romântica e gótica
- Principais características na Arquitetura, Pintura e Escultura
- Existe literatura românica?
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O que foi a Arte Românica?
A Arte Românica foi um estilo artístico que surgiu na Alta Idade Média (no início dela), bem na Europa do século XI.
Devido ao contexto histórico, é mais comum encontrarmos essa arte nas antigas construções católicas, como igrejas e mosteiros. Porém, até hoje pode ser vista em castelos ou esculturas, pinturas e tapeçarias feitas com influência desse estilo.
O termo “românico” foi recentemente criado por Charles de Gerville e Le Prevost, em 1820. Foi muito usado pelo arqueólogo Arcisse de Caumont quando ganhou o sentido atual.
A razão disso é lembrar que esse estilo tem fortes influências do antigo Império Romano, mas não é a arte romana em si.
Essa arte tem características bem marcantes e de fácil identificação, mas é preciso conhecer primeiro o contexto histórico para entender seus significados:
Contexto histórico da Arte Românica
Logo antes da Idade Média, houve a queda do Império Romano e uma intensa fragmentação dos territórios do ocidente. A realidade dos povos bárbaros era permeada por ataques externos e internos, além de desordem.
Nesse período, não havia uma unidade artística, ou seja, um estilo que caracterizasse a época.
Enquanto isso acontecia, o Cristianismo (na época, sinônimo de Catolicismo) havia deixado de ser perseguido pelos governos que suspenderam as ordens de matar e proibir cristãos.
É aqui que observamos o início da expansão do catolicismo por todo o território Europeu. Nessa época, a Patrística era o pensamento filosófico atuante.
O catolicismo reconheceu pontos positivos na cultura romana, que foram adequados ao cristianismo.
Então, recuperou alguns elementos (como o Direito) e unificou os povos bárbaros. Depois de muitas turbulências, a Europa viveu um momento de relativa estabilidade e crescimento.
Com o crescente entusiasmo religioso e a expansão do monasticismo (mosteiros serviam de referência para as cidades), surgem as peregrinações e as Cruzadas.
Isso gerou uma cultura comum a todos os territórios, sendo a primeira vez que se viu um estilo artístico unificado: a Arte Românica!
Qual a diferença entre arte Romana, Românica, Romântica e Gótica?
São muitos os termos e momentos históricos, o que pode te deixar confuso! Por isso, colocamos uma brevíssima definição dos conceitos em ordem cronológica para facilitar:
- Arte Romana: surgiu em Roma no século VIII a.C e durou até IV d.C, com a queda do Império Romano. É tipicamente pagã (mitologia romana) e enquadrada no período da Antiguidade Clássica.
- Arte Românica: surgiu na Europa no século XI, no início da Alta Idade Média. É tipicamente cristã somada aos traços romanos, como a horizontalidade das construções.
- Arte Gótica: surgiu na Baixa Idade Média, no período da Escolástica. Na arquitetura o estilo é marcado pela verticalidade e uso de vitrais.
- Arte Romântica: é da mesma época que o movimento literário do Romantismo.
Quais são as principais características da Arte Românica?
O estilo românico destacou-se na arquitetura, pintura e escultura. Seu caráter geral é a forte temática cristã e o rico simbolismo.
Vamos entender como ele se fez presente em cada um desses setores:
Existe Literatura Românica?
Quando estudamos o período da Arte Românica, não se fala em literatura românica porque essa não foi uma área muito trabalhada.
Nessa época, a maior parte da população era analfabeta por várias causas:
- Viviam do trabalho rural para sobrevivência, o que tomava o dia inteiro.
- Originalmente a escrita foi direcionada a pessoas que já nasciam com boas condições financeiras, pois exigia tempo livre para se desenvolver.
- Não havia impressa ou máquina de cópia, tudo era manual e trabalhoso. Demorava muitos anos para se produzir um único livro.
- A cultura e os assuntos eram predominantemente difundidos por via oral (conversas, canções e contos) ou por pinturas e esculturas.
O movimento literário mais próximo a essa época foi o trovadorismo.
Porém, aqui cabe falar das famosas iluminuras, uma junção de imagem e texto que inovou e marcou a época!
Os rolos de papiro antes usados foram substituídos pelos pergaminhos de pele de bovinos e caprinos. As páginas eram separadas mas unidas por uma das extremidades (como os livros).
Normalmente os nobres trocavam algumas cartas, mas os monges eram os grandes mestres da escrita.
Os religiosos se dedicavam aos estudos e pesquisas (no final desse período surgem as universidades e hospitais vinculados aos mosteiros, além de bibliotecas com os clássicos greco-romanos preservados).
Porém, tudo isso ainda era tímido e o manuscrito mais famoso era a Sagrada Escritura. Como era uma época de expansão cristã em um mundo de analfabetos, surgem as iluminuras.
As Escrituras tinham grandes imagens inseridas ao longo do texto, decoradas de pedras preciosas e trazendo a representação do que estava escrito. Elas “iluminavam” os textos no sentido de decorar e também de esclarecer aquele que tentava ler.
Até o desenvolvimento da tipografia, no século XV, esses manuscritos eram a única forma existente de livros.
Pinturas Românicas
- As pinturas românicas eram recheadas de temas bíblicos e religiosos.
- Eram usadas didaticamente, uma forma de educar sem a escrita, já que a maioria da população era analfabeta.
- Costumam ser encontradas em maior quantidade nas paredes das catedrais da época.
- O afresco era a técnica mais utilizada, em que a pintura era feita sobre uma parede úmida.
- Eram muito expressivas.
- Marcada pela Deformação: as figuras mantinham o senso estético de beleza e proporção, mas não existia um compromisso com a realidade crua. O Cristo era representado maior que as outras figuras, para simbolizar sua importância e divindade.
- Também marcada pelo Colorismo: uso de cores fortes, puras, sem sobretons. Haviam alguns poucos jogos de luz e sombra.
- Simbolismo: todas as coisas empregadas tinham um significado moral, os monstros eram os vícios, a beleza era a virtude, as cores e formas geométricas tinham mensagens transcendentes, etc.
- Era uma verdadeira linguagem não-verbal.
- Apesar de cristã, conservava traços da vida rural, da arte clássica da Antiguidade, da arte bizantina, carolíngia e escolas germânicas.
As mais famosas Arquiteturas Românicas
- Pelo contexto histórico, sabemos que muitas construções românicas tinham o intuito de abrigar peregrinos. Foram erguidas nos caminhos de locais sagrados. Eram as Igrejas de Peregrinação.
- As igrejas eram projetadas em formato de cruz latina, com mais de uma nave (salão). Elas tinham entre três e cinco ambientes.
- A horizontalidade era uma marca dessa arquitetura, ou seja, não possuíam estruturas muito altas, elas crescem mais para os lados do que para cima.
- Utilizavam abóbadas, para substituir as telhas. Elas podiam ser de berço (uma estrutura de arco pleno, mais simples) ou de arestas (mais estruturada para evitar desabamento, duas abóbadas apoiadas em pilares).
- As paredes eram de pedra e grossas.
- O interior e fachada pouco adornados só com esculturas.
- Havia pouca luz e poucas janelas, com uma porta principal de entrada.
- As edificações foram desenhadas com senso de ordem, defesa e clareza.
- Por todos esses traços grandes, brutos e sólidos, foram chamados de “fortalezas de Deus“.
Atualmente, é possível encontrar na Europa diversas construções em Estilo Românico. Em Portugal, há uma rota turístico-cultural chamada Rota do Românico. Ela é composta por 58 monumentos e construções nesse estilo.
Nesses locais ficam guardadas várias relíquias de importância religiosa, como os objetos ou restos mortais que pertenceram aos santos e a Jesus Cristo.
Abaixo, listamos alguns edifícios da época e outros atuais que foram inspirados nesse estilo:
- Basílica de Saint-Sernin de Toulouse (França)
- Catedral de Santiago de Compostela (Espanha)
- Basílica de Nossa Senhora de Covadonga (Astúris – Espanha)
- Governo provincial (Coblença – Alemanha).
- Basílica de Nossa Senhora Aparecida ( São Paulo – Brasil)
- Fachada da Sé de Lisboa (Lisboa-Portugal)
- Edifício principal da Universidade da Califórnia (Los Angeles – EUA)
Esculturas Românicas
- Os escultores desse período eram conhecidos como canteiros ou mestres de imagens.
- Eles eram criadores anônimos, ou seja, não assinavam as obras. Isso porque mais de um escultor fazia a mesma peça e os artesãos viajavam para vários locais diferentes.
- A escultura românica tinha caráter ornamental (decorativo) e era mais usada na estrutura externa ou interna das igrejas.
- Elas eram realizadas em pedra e instaladas em fachadas, pórticos, capitéis, galerias, altares, túmulos e sarcófagos, pias batismais, tronos episcopais e outros locais.
- Com um propósito didático semelhante ao da pintura, a escultura descreve e narra episódios e passagens bíblicas.
- A mesma mistura de influências artísticas e simbolismo da pintura também se encontram aqui.
- A escultura profana (temas não religiosos) é rara e se concentra em decorações de residências dos nobres, seus castelos, monumentos ou edifícios públicos.
Na última fase da arte românica é possível encontrar um estilo mais realista nas esculturas, mas essa não era uma característica principal.
Porém, não se sabe ao certo se isso reflete bem a realidade daquele tempo, pois ao longo dos tempos muitas obras foram perdidas, desgastadas e até destruídas nas revoluções.
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