Literatura

Resumo de Bagagem de Adélia Prado. Veja a análise, resumo por tópico, informações e curiosidades importantes!

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Mentoria para o Enem

Escrito por Adélia Prado, “Bagagem” é uma coletânea de poemas da autora, considerada uma das principais obras femininas do século XX. Desde o início, foi recomendado por Carlos Drummond de Andrade e possui relação com outros grandes nomes. Os poemas apresentam enorme variedade de temáticas e intertextualidades impressionantes! Fique conosco para saber tudo sobre o resumo de Bagagem de Adélia Prado!

Neste artigo sobre o resumo de Bagagem de Adélia Prado, você encontrará:

  1. Informações gerais sobre a obra e breve análise
  2. Informações sobre a autora e Curiosidades
  3. Resumo de Bagagem de Adélia Prado, por poema!

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Bagagem – Informações gerais e breve análise 

“Bagagem” é uma obra icônica escrita por Adélia Prado, publicada em 1976. O motivo deste nome para o livro e como se deu sua publicação, você encontrará no próximo tópico: Curiosidades. Isso porque foram fatos bem impressionantes!

Antes de irmos diretamente ao resumo de Bagagem de Adélia Prado, vamos ver algumas informações importantes para compreender a obra:

O livro é um compilado de poemas divididos em cinco partes: 

  1. O modo poético: Nesta parte, a definição da linguagem e do fazer poético e a busca por definir o papel da autora como mulher e poetisa, são os elementos mais presentes.
  2. Um jeito de amor: grande enfoque nos poemas amorosos, como o título sugere.
  3. A sarça ardente I: a principal temática são os elementos das recordações, das memórias.
  4. A sarça ardente II: idêntico ao de cima, é uma continuação.
  5. Alfândega: possui apenas um poema, de mesmo nome, encerrando com o intuito da autora.

Em um contexto permeado pelo Modernismo, a poesia de Adélia Prado nasceu de um movimento dos poetas mineiros que pretendia resgatar o lirismo na literatura brasileira. Por isso, de modo geral, as temáticas mais presentes nos poemas de Adélia são:

  • o cotidiano simples
  • a vocação do poeta e o fazer poético* 
  • as dores e alegrias
  • o amor (carnal, divino, familiar)
  • religiosidade**
  • memórias e reflexões
  • elementos autobiográficos
  • Intertextualidade com outros poetas famosos

Apesar de possuir muitos temas variados, os textos possuem uma unidade: 

Traz um olhar feminino sobre essas questões, de forma simples e sentimentalmente sincera. Adélia foi uma das primeiras a destacar a perspectiva da mulher na literatura do século XX, trabalhando com diversas realidades sociais.

Observações:

*Metalinguagem é o fenômeno que ocorre quando uma linguagem descreve a si mesma, ou outra linguagem semelhante. Quando Adélia utiliza da poesia para escrever sobre o fazer poético, é isso o que ocorre.

**Embora a religião seja muito criticada, principalmente na alta literatura; grandes nomes internacionais e nacionais – Lewis, Tolkien, Corção, Suassuna – possuíam uma riqueza literária que provinham das inspirações cristãs.

Da mesma forma, Adélia Prado cita o ‘Cântico das Criaturas’, de São Francisco de Assis logo nos agradecimentos, além das epígrafes de cada parte do livro serem inspiradas em salmos bíblicos. Para ela, o dom da poesia é de inspiração divina.

Contudo, como um elemento da poesia moderna, há momentos em que a escritora brinca com a relação sagrado versus profano

Curiosidades sobre a obra e a autora

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  • Sobre a origem do título, Adélia diz: “Entre outros títulos que me ocorreram, Bagagem era o que resumia, para mim, aquilo que não posso deixar ou esquecer em casa. A própria poesia”
  • Adélia escrevia sonetos desde os 14 anos, desinteressadamente, apenas como expressão. Ao terminar o ginásio (semelhante ao ensino médio), foi para o magistrado, onde tornou-se professora e lecionou por mais de uma década. Mais adiante, cursou até filosofia.
  • Entrou na carreira de escritora já com sucesso. Conheceu um importante crítico da literatura brasileira e lhe apresentou seus poemas. Este, por sua vez, conhecia Carlos Drummond de Andrade, que gostou muito dos poemas e os indicou. A publicação de Bagagem reuniu importantes intelectuais, como Clarice Lispector, Juscelino Kubitscheck e Antônio Houaiss. 
  • Adélia fez poemas em homenagem a Drummond e possuía tamanha intimidade que até parodiou “7 faces”, logo no primeiro poema de Bagagem. Suas obras possuíam intertextualidade com outros grandes nomes: Manuel Bandeira, Guimarães Rosa e Castro Alves, além de até ajudar na direção do filme “O auto da Compadecida” de Ariano Suassuna e ser citada nas obras de Rubem Alves.

Resumo de Bagagem de Adélia Prado

Neste tópico, você terá acesso ao resumo de cada poema, por ordem das cinco partes em que o livro é dividido. Fique com o resumo de Bagagem de Adélia Prado e desfrute dele:

1. O Modo Poético

A epígrafe é retirada do livro dos Salmos. Depois, segue com os 17 poemas (esta é a maior parte):

  • Com Licença Poética

Inicia com clara referência ao poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade, como foi dito nos tópicos das Curiosidades. Aqui, ela faz uma releitura como quem pede “perdão” pelas falhas de sua condição feminina e conclui reconhecendo que há uma busca por força em ser mulher.

  • Grande Desejo

A escritora assume ser uma mulher comum, e não uma espécie de matriarca romana (tem-se por referência Cornélia, mãe dos irmãos Gracos). Ao mesmo tempo, mostra como uma mulher simples também é representativa, se põe como mulher do povo, cuida da casa, é mãe e esposa, escritora, intensa e única.

  • Sensorial

Este é rico em símbolos e referências sensoriais. Há uma meditação sobre vive a vida pois ao final haverá morte. Também remete à natureza feminina que louva a Deus e que também possui instrumentos que podem ser provações, pois há sentidos muito trabalhados.

Obturação, é da amarela que eu ponho.

Pimenta e cravo,

mastigo à boca nua e me regalo.

Amor, tem que falar meu bem,

me dar caixa de música de presente,

conhecer vários tons pra uma palavra só.

Espírito, se for de Deus, eu adoro,

se for de homem, eu testo

com meus seis instrumentos.

Fico gostando ou perdoo.

Procuro sol, porque sou bicho de corpo.

Sombra terei depois, a mais fria.

  • Orfandade

Há uma lembrança da sua infância, pedindo a Deus para voltar no tempo. Ela relembra momentos, aromas, objetos e tudo que remete à época primeira, desde elementos do jardim às suas bonecas. Porém, seu maior desejo era rever a mãe falecida, para que pudesse viver sempre como criança em seu colo.

  • Resumo

Neste poema, Adélia retrata sobre como sua mãe aceitou a morte de câncer de forma serena. Ela fica desconcertada com isso e expõe suas impressões. 

  • Círculo

O poema se baseia nas memórias de dias que passara em uma pensão, utilizando de pequenos detalhes para reconstituir momentos. Ao final, ela coloca tudo na roda do tempo, que gira circularmente, ou seja, vai e volta.

  • No Meio da Noite

Aqui há uma diferenciação entre o pensamento feminino e o masculino. Adélia retrata a mulher como quem vê para além, enquanto o homem tende a transformar tudo em ato. O eu-lírico tenta assumir essa forma objetiva de ver o mundo, mas acaba se resvalando para o ato contemplativo e subjetivo, justamente por ser feminino.

  • Módulo de Verão

A metapoesia fica evidente neste poema, pois Adélia usa do canto da cigarra como comparação para falar do fazer poético: processo de criação e reafirmação da esperança.

  • Leitura; Poema Esquisito

Há lembranças de seus pais, gerando uma reflexão que contrapõe o que é temporário e o que permanece. 

  • Saudação

Neste poema, há uma sutil saudação à beleza do amor materno, por meio da menção à Virgem Maria. Adélia mesmo era mãe de 5 filhos.

  • Antes do Nome

Este é um dos poemas mais importantes no que diz respeito ao fazer da linguagem. Para ela, as palavras em si não importam, e sim a forma como elas se entrelaçam e compõem o produto final, que é a expressão. 

Não me importa a palavra, esta corriqueira.

Quero é o esplêndido caos de onde emerge a sintaxe,

os sítios escuros onde nasce o «de», o «aliás»,

o «o», o «porém» e o «que», esta incompreensível

muleta que me apoia.

Quem entender a linguagem entende Deus

cujo Filho é Verbo. Morre quem entender.

A palavra é disfarce de uma coisa mais grave, surda-muda,

foi inventada para ser calada.

Em momentos de graça, infrequentíssimos,

se poderá apanhá-la: um peixe vivo com a mão.

Puro susto e terror

  • Poema Com Absorvências no Totalmente Perplexas de Guimarães Rosa

É uma homenagem a Guimarães Rosa por meio do meditar sobre seu personagem mais famoso, Riobaldo Tatarana. Há reflexões sobre o permanecer na dúvida e o partir na certeza de uma verdade. 

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  • O Dia da Ira

Adélia retrata sua pequenez diante da morte, quando chegar “o dia em que a trombeta soará”, ou seja, uma menção ao dia do julgamento final, bíblico. Reflete que, nesse momento, só importará o belo, o que permanece puro e a criação tal como é.

  • A Invenção de Um Modo

Aqui, mostra que é possível acolher vários estilos para criação poética. Ela não se prende a uma delas e escolhe colocar todas as opções que tiver e achar importante. Assim, ela cria um novo Modo Poético, bem perceptível na diversidade de temas de sua obra.

  • Páscoa

Poema rico em beleza sobre o processo de envelhecimento, tratando da dor e do prazer em se doar e, ao final, todos se assemelharem. 

  • Agora, Ó José

Mais uma alusão de Adélia ao seu padrinho na poesia, Carlos Drummond de Andrade. Neste poema, José é o homem comum,com suas dificuldades no caminho que chega a se sentir sem saída. Mas adélia aponta a busca espiritual como solução e até faz referência a seu marido, que se chamava José. 

  • Impressionista

É a imagem da alegria da infância, de tempos dourados e despreocupados, e também revela a liberdade de criação do poeta, o qual pode pintar o mundo da cor que desejar.

2. Um jeito e Amor

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Inicia-se com um trecho retirado do livro dos Cânticos, bíblico. Depois, segue com os 9 poemas:

  • Amor Violeta

Poema curto em que a autora expressa como o amor provoca lesões e, dele mesmo, é possível extrair a cura.

  • O Sempre Amor

Aqui, as contradições do amor são o tema e ela mostra como nele se mesclam as polaridades, de que forma ele se revela alegre e ao mesmo tempo triste, gentil e traiçoeiro.

  • Canção de Joana D’Arc

O amor é retratado como uma força tão intensa que pode alterar o rumo das coisas. Veja:

A chama do meu amor faz arder minhas vestes.

É uma canção tão bonita o crepitar

que minha mãe se consola,

meu pai me entende sem perguntas

e o rei fica tão surpreendido

que decide em meu favor

uma revisão das leis.” 

  • A Meio Pau

Há muita presença de imagens poética, que remetem a natureza, como metáfora. A folhagem de uma árvore, um pardal comendo mamão no pé, tudo isso é uma forma para declarar seu amor e revelar, de forma leve, seus sentimentos em relação ao desprezo alheio.

  • Psicórdica

Este soa como um convite ao amado, recheado de expressões simples e poéticas, ricas em sentimento.

  • Enredo Para um Tema

Aqui, os casamentos arranjados são retratados. Fala de uma época em que a mulher não tinha escolha com quem se casar, era silenciada e seguia às recomendações. Narra a história de um casal que se amava mas o homem não tinha dotes. Quando retorna após longa jornada para juntá-los, sua amada já havia sido casada com outro, a mando do pai. 

  • Medievo

Mais um poema que retrata de amores proibidos em uma era medieval. A donzela espera por seu amado e ele deve cuidar para não despertar nem os criados nem os cães. Aqui há um novidade: uma linguagem arcaica para combinar com a tematização, o que não é comum em seus outros poemas.

  • Um Jeito

Neste poema, retrata as sensações do amor, a urgência, a paixão, a fome e a sede do outro, o amor intenso e propulsante.

  • Confeito

Neste poema, sutilmente sensual, amor carnal é retratado, sob a forma de metáforas doces e inocentes.

3. A Sarça Ardente I

Inicia-se com uma epígrafe retirada do livro do Êxodo, e segue com 5 poemas:

  • Janela

Há uma evocação de memórias sutis, como o bater de asas de uma borboleta, na qual ela reflete sobre momentos preciosos da vida. Pela janela do tempo a autora vê os tempos passados e os momentos afetivos que se gravaram. 

  • Epifania

O diálogo com uma tia é o pressuposto do qual a escritora parte para evocar memórias, sons ou frases que pontuam doces momentos do passado.

  • Chorinho Doce

A autora fala aqui sobre o que passou e não volta mais, o que ela teve e perdeu. Além disso, expressa a tristeza que sente quando vê que não consegue resgatar esse tempo.

Eu já tive e perdi

uma casa,

um jardim,

uma soleira,

uma porta,

um caixão de janela com um perfil.

Eu sabia uma modinha e não sei mais.

Quando a vida dá folga, pego a querer

a soleira,

o portal,

o jardim da casa, o caixão de janela e aquele rosto de banda.

Tudo impossível,

tudo de outro dono,

tudo de tempo e vento.

Então me dá choro, horas e horas,

o coração amolecido como um figo na calda.

  • A Cantiga

Aqui, a canção é o meio pelo qual Adélia encontra objetos, pessoas e sabores que ela deseja rever e reviver. Seu novo ponto de partida para relembrar momentos.

  • A Menina do Olfato Delicado

Este poema possui um tom divertido e, ao mesmo tempo, melancólico. A autora evoca o passado através do olfato, dos aromas, dos perfumes que trazem de volta momentos da meninice, as suas birras e as correções que a mãe fazia.

4. A Sarça Ardente II

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Inicia-se com outra passagem do Êxodo, e segue com 4 poemas:

As lembranças do passado despertam um olhar para a morte. Um homem em seus gestos corriqueiros nem suspeita que a morte se aproxima, e a partir disso iniciam-se as reflexões sobre o tema.

  • O Retrato

Neste poema a autora não pretende resgatar apenas imagens e memórias. Ela vai além, revive sentimentos, emoções e sensações.

  • A Poesia

Aqui, as memórias em torno de seu pai, também desperta reflexões sobre a morte. Isso se dá por meio de expressões simples, mas de profundo significado filosófico.

  • O Sonho

Adélia continua a lembrar dos momentos finais de seu pai, da agonia da perda. A novidade é que isso se dá a partir da imagem de um sonho.

5. Alfândega

Como dito anteriormente, aqui há apenas um poema de mesmo nome que esta parte do livro. Agora que já expôs sua bagagem de vida, resta dar o último passo: atravessar a alfândega. O eu-lírico deixa um dente ao passar, como forma de pagamento da alfândega. Há uma crítica à burocracia governamental, mas também pode ser interpretado como o “preço” por ter se exposto nos outros poemas. 

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Redação Beduka
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