As Revoluções Burguesas foram o conjunto de revoltas que partiram da burguesia com objetivo de romper com a herança política e econômica que havia anteriormente. Aconteceram em vários locais e datas, mas as principais foram as Inglesas (Puritana e Gloriosa – século XVII) e a Francesa (século XVIII)!
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- O que foram as Revoluções Burguesas?
- Contexto histórico e antecedentes
- Qual foi a primeira Revolução Burguesa da história?
- Dúvidas comuns sobre o assunto
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O que foram as Revoluções Burguesas?
As revoluções Burguesas foram um conjunto de alterações sociais, políticas e econômicas que marcaram a Idade Moderna. Elas modificaram tudo o que a Europa conhecia até então, criando uma nova ordem que girava em torno da burguesia.
Houve um completo rompimento do modelo feudal, oposição ao Absolutismo e consolidação do capitalismo. As questões políticas e religiosas foram modificadas e impulsionaram as revoluções industriais.
Os ideais defendidos pelos revolucionários influenciaram a Europa e os demais continentes ocidentais (América e Oceania), refletindo até nos dias de hoje!
Atenção!
Você já deve saber que as revoltas são insatisfações de grupos sociais contra um acontecimento específico. Mas é importante lembrar que Revolução é diferente de Reforma!
- Reforma: quando uma revolta gera uma mudança pontual em algum setor, mas não põe abaixo a ordem e a estrutura.
- Revoluções: são processos drásticos e agressivos. Elas destroem algo que havia anteriormente para trazer algo completamente novo. É uma mudança na base daquela sociedade.
Contexto histórico das Revoluções Burguesas
Elas aconteceram em um período muito conflituoso e repleto de novidades.
Para entender o motivo de ter sido um marco, como se desenvolveu e como influencia o pensamento de hoje, vamos dividir o contexto histórico em 3 fases para você acompanhar com calma as transformações!
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O fim do medievo
Na Idade Média, o modelo feudal era uma sociedade agrária dividida em áreas sob proteção e administração de cada senhor feudal. Por mais que possuíssem autonomia, eram submetidos a algum rei que variava de acordo com época e região. Existiam reinos aliados e rivais, tornando as relações dinâmicas e complexas.
A fé Católica era comum a todos e o clero possuía autoridade. Apesar de todas as diferenças e conflitos entre os diferentes reinos, a fé era um fator que despertava sentimento de unidade e caracterização dos medievais.
Juntos, os reinos se voltaram para as cruzadas. Assim, o comércio entre regiões surgiu e as feiras se tornaram pontos de encontros. A troca de conhecimentos entre oriente e ocidente impulsionou a Igreja a criar as primeiras universidades e hospitais.
Tudo isso acontecia em estradas ou à beira dos feudos, não estava na área central. Assim, um novo tipo de “cidade” surge marcada pelo comércio: os burgos. Além de camponeses, nobres e clero, surge a burguesia.
Pela infidelidade de vários clérigos à fé, surgiu também o Protestantismo. O cristianismo se fragmentou e fez com que a unidade entre os medievais diminuísse.
A Igreja também condenava a Usura (juros abusivos) que surgiu no comércio, mas alguns protestantes consideravam a prosperidade como sinal de bênçãos.
A burguesia buscava espaço para crescer e esse contexto de divisão e contestação de autoridades era um cenário perfeito para aplicar sua autonomia econômica e para buscar a política.
Estados Modernos e Absolutismo
A burguesia (poder econômico) resolveu unir-se aos reis locais (poder político) para acabar com o modelo feudal que limitava os objetivos de ambos. Surgiu, então, os Estados-Nacionais com governos absolutistas.
Com a nacionalização dos impostos e das moedas, os burgueses conseguiram prever e ampliar o lucro, enquanto os monarcas locais concentraram todo o poder em suas mãos, sem necessariamente se subordinarem a imperadores ou religiosos.
Ao mesmo tempo, surgiu a noção de identidade única para cada Estado e adoção de uma fé a sua escolha. Assim, os reis passaram a ter mais autoridade e muitas vezes adotaram a fé protestante como oficial, modificando a mentalidade popular e impulsionando o comércio.
O problema foi que os reis absolutistas começaram a concentrar tanto poder, que limitavam algumas ações comerciais. A burguesia, que era sua antiga aliada, começou a ficar descontente.
O comércio burguês havia consolidado o capitalismo em meio ao mercantilismo. Porém, a burguesia entendeu que o mercantilismo não os levaria ao potencial máximo.
Surge o liberalismo econômico, uma ideologia que busca a diminuição do poder do Estado na economia (os antigos aliados se tornaram inimigos)!
Antecedentes das Revoluções Burguesas
As transformações já tinham colocado em xeque a autoridade da religião, embora ela ainda fosse utilizada naquilo que era conveniente. Se a fé já tinha diminuído de importância, a cultura mercadológica impulsionou a racionalização do pensamento.
Agora, a razão era o norte e o ideal da sociedade, era associada à felicidade e considerada a ferramenta que resolveria todos os problemas e conflitos.
Assim, o Iluminismo surgiu como o grande norteador dos valores sociais. Essa tradição de pensamento tinha como princípio a razão acima de tudo, a liberdade plena e autonomia individual (para questões culturais, políticas e econômicas).
A mentalidade da população já começava a ser moldada por esses valores. A burguesia era quem tinha poder econômico e servia de referência para unir todos contra os reis absolutistas e criar uma nova ordem.
Qual foi a primeira revolução burguesa da história?
As revoluções burguesas se iniciaram na Inglaterra, também conhecidas como Revoluções Inglesas (1640 – 1688). A primeira de todas foi a Revolução Puritana seguida pela Revolução Gloriosa. A segunda foi complemento da primeira e garantiu o fim do absolutismo com o surgimento do primeiro Estado burguês (monarquia parlamentar).
Depois, houve a revolução burguesa mais famosa de todas: a Revolução Francesa (1789 – 1799). Esta é o ápice dos ideais revolucionários burgueses, e influenciou todos os processos que vieram depois, até os dias de hoje.
Revolução Puritana
As monarquias costumam estar relacionadas às dinastias, isto é, famílias antigas com uma linhagem de herdeiros para sucederem e manter o trono ocupado. É o que chamamos de família real!
Na Inglaterra, a monarquia absolutista começou com a dinastia Tudor, quando houve um grande desenvolvimento econômico e consolidação do anglicanismo como religião oficial. Também houve o início da colonização dos Estados Unidos e a política de cercamentos que influenciou a posterior revolução industrial.
Porém, na Câmara dos Comuns, a parte plebeia do Parlamento inglês, a religião mais influente e com maior poder econômico era a calvinista. O catolicismo não tinha mais representatividade e era perseguido junto aos luteranos pela coroa anglicana.
Quando a rainha Elizabeth I morreu, a dinastia Tudor chegou ao fim e começou a dinastia Stuart com a coroação do rei Jaime I e seu sucessor Carlos I.
As medidas tomadas por eles eram vistas como desagradáveis ao Parlamento, como as tentativas de união da Escócia à Inglaterra, arrecadação de impostos para formar exército e retomada do catolicismo.
A revolução burguesa estourou durante a dinastia Stuart tanto por questões econômicas quanto religiosas.
De um lado estavam os Cavaleiros que apoiavam o rei, a nobreza e os católicos. De outro estavam os Cabeças Redondas que apoiavam o Parlamento e a burguesia protestante.
O Parlamento organizou um exército de rebeldes liderados por Oliver Cromwell. Após uma intensa guerra civil, os Cabeças Redondas derrotaram os Cavaleiros.
Carlos I foi condenado à morte e surgiu república na Inglaterra chamada de “Commonwealth”. Cromwell assumiu a república, mas foi violento e intolerante. Após sua morte, os ingleses retornaram à monarquia.
Revolução Gloriosa
A Revolução Gloriosa é como uma continuação da Puritana, mas foi a consolidação dessa nova época.
Após a experiência republicana, Jaime II (um rei católico) assumiu o trono e tentou restaurar o absolutismo. Como a maioria da população da Inglaterra era protestante burguesa, logo gerou desconfiança e insatisfação.
A filha de Jaime e seu genro, Guilherme de Orange, eram protestantes e se uniram aos setores da população para depor o rei. Jaime II fugiu para França e o casal assumiu o trono.
Agora, o absolutismo chegou ao fim completo e os ingleses iniciaram a monarquia parlamentarista que existe até hoje!
É importante ressaltar que Guilherme só foi declarado rei quando aceitou a Declaração dos Direitos (Bill of Rights) de 1689.
Esse foi um documento que limitava os poderes do rei e estabelecia a superioridade do Parlamento. Determinou-se também a criação de um exército permanente, a garantia da liberdade de imprensa e proteção à propriedade privada.
Revolução Francesa
Naquela época, o principal marco não foram as disputas religiosas. Ocorreu que na França houve o maior e mais rigoroso monarca absolutista, Luís XIV, que declarou “o Estado sou eu”. Seus sucessores não fizeram nada de diferente.
Esse país ainda não tinha realizado a revolução industrial e via na Inglaterra o seu maior rival. Também era um período de má produção agrícola, fome e miséria. Por isso, o país se via em desvantagem e culpava a nobreza pela situação.
Com as constantes insatisfações e revoltas, o rei convocou os Estados Gerais (clero, nobreza e burguesia) para tentar resolver a situação. Os burgueses já tinham se articulado para assumir o poder e só estavam esperando a ocasião perfeita.
Quando a Assembleia Nacional Constituinte foi declarada, começou também a Revolução Francesa, em junho de 1789. O lema era “Igualdade, fraternidade e liberdade”, mas na prática houve muita violência e intolerância.
Muitos religiosos e nobres eram perseguidos e mortos, as igrejas e palácios eram saqueados e destruídos. Havia uma guerra civil terrível que espalhou horror e medo nas ruas.
Para saber sobre os girondinos, jacobinos, fase da guilhotina, diretório e todos os elementos da Revolução Francesa, você pode acessar o nosso artigo completo!
Essa revolução teve três fases distintas e apesar de ter se iniciado com a burguesia, alguns grupos sociais mais pobres se uniram, como os camponeses.
No final, acabaram criando a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, finalizada em 1791. Esse foi um marco histórico porque, pela primeira vez, houve institucionalização do conjunto de direitos que todos deveriam ter.
É nesse momento que surge a primeira declaração formal que garantia direitos universais aos seres humanos (como nós temos hoje) e que tentava desvincular a religião totalmente da esfera pública.
Além dos princípios iluministas, essa declaração exaltava o direito à propriedade e limitava o poder do rei. As terras da Igreja foram tomadas pelo Estado e vendidas para proprietários burgueses.
Dúvidas comuns sobre o assunto
Separamos três perguntas que vão concluir tudo o que dissemos até agora, e que costumam ser bem cobradas nas avaliações. Veja:
Qual revolução não foi burguesa?
Se considerarmos os séculos XVII e XVIII, todas as revoluções foram iniciadas pela burguesia. Porém, a Revolução Francesa teve o diferencial de ter sido a primeira a contar com a adesão de classes populares como camponeses, não foi exclusivamente burguesa.
Qual foi a importância das revoluções burguesas?
No seu contexto histórico, as revoluções burguesas foram importantes para:
- Consolidação do capitalismo e do liberalismo;
- Ascensão da burguesia ao poder;
- Fim do absolutismo;
- Noção de individualidade, liberdade e igualdade;
- Influência no processo de independência americana;
- Institucionalização dos direitos básicos.
Como as revoluções burguesas contribuíram para os direitos fundamentais?
As Revoluções Burguesas contribuíram para a consolidação dos Direitos Fundamentais (Humanos), pois conseguiram institucionalizá-los (tornar oficial e obrigatório nos governos). Também enfraqueceu o absolutismo e, pela primeira vez, houve a divisão dos poderes políticos e a igualdade jurídica entre os cidadãos.
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