Literatura

Quais são as principais características do Romantismo? Aprenda para gabaritar no Enem

Principais características do RomantismoPrincipais características do Romantismo
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“Oh, vida! Oh, céus! Meu amor perfeito foi embora. O que me restou?”. Talvez você nunca tenha ouvido alguém falar exatamente assim, mas parecido provavelmente já. Alguns chamarão de drama, outros de hipersensibilidade. Para os artistas românticos, era arte literária.

O Romantismo surgiu no século XVIII e trouxe ao mundo das palavras as idealizações sobre o amor, a vida, a mulher e tudo que houvesse ao redor. Resultado: sofrimento. Então, é bastante comum ao ler uma obra da época se deparar com enredos repletos de emoções e pouquíssima ou nenhuma objetividade. 

Ele teve 3 fases, cada uma com um detalhe único e exclusivo. Por isso, é tão importante dedicar tempo de estudo sobre esse assunto se você estiver estudando para o Enem. Aqui, você vai entender de forma bem fácil quais são as principais características do Romantismo no Brasil e no mundo.

O que foi o Romantismo?

O Romantismo foi uma escola literária que surgiu no século XVIII e modificou a forma como a arte abordava os sentimentos e emoções: ambos no campo das idealizações. Mas isso não significa que os autores da época tenham esquecido totalmente os aspectos sociais. 

No decorrer deste artigo, além das principais características do Romantismo, exploraremos também como ele abordou essa segunda perspectiva, revelando as sutis interações entre as questões sociais e as temáticas emocionais presentes nas obras românticas.

Para que você entenda melhor, pense em como você gostaria que sua vida fosse em relação ao amor, ao lugar que você mora, aos seus amigos e a tudo que considera importante. Agora, lembre-se de como realmente ela é. Você ficou um pouco mal?

Provavelmente, sim. Isso acontece porque, quando idealizamos algo, perdemos todo o resto que, apesar de pequeno, pode ser maravilhoso. Criamos perspectivas irreais e isso é bem frustrante.

Os autores românticos possuíam exatamente esse foco. Logo, temos amor misturado com tragédia, saudade, ideais não concretizados e por aí vai. Porém, o Romantismo teve 3 fases e cada uma delas tem alguma particularidade.

Quais são as 3 fases do Romantismo?

Ao falar sobre as principais características do movimento literário romântico, é indispensável que mencionemos as 3 fases dele. Pois, elas possuem algumas características diferentes entre si.

 Então, vamos lá!

Primeira fase: geração romântica ou indianismo

Essa fase foi marcada pelo nacionalismo, ou seja, pela valorização da pátria e tudo que estava relacionado a ela. Isso se deve muito ao contexto no qual ela esteve inserida: chegada da família real portuguesa em 1808 e independência em 1822.

Também ficou conhecida como indianismo devido o índio ter se tornado figura principal da maioria das obras: o herói nacional. Assim temos: “O Guarani” e “Iracema”, de José de Alencar.

Já “Canção do Exílio”, de Gonçalves Dias, foi um poema que se tornou símbolo de valorização da pátria e a saudade da mesma. 

Caso você queira se aprofundar mais nesse assunto e aprender também sobre as outras escolas literárias, temos vários artigos que podem ser muito úteis e te ajudar bastante. Aproveite:

Segunda fase: geração romântica ou ultrarromântica

Foi a fase mais sentimentalista de todas, ou seja, ela carrega consigo todas as principais características que deram fama ao Romantismo: idealização do amor, das experiências pessoais, da vida e da mulher. 

Por ter alcançado o nível máximo de emoções e idealizações, ficou conhecida como ultrarromântica. Vale lembrar que os autores pertencentes a ela estavam mais focados em si mesmos e no modo como viam o mundo, predominando o egocentrismo. 

Álvares de Azevedo e seu “Noite na Taverna” são típicos representantes desse momento. E, por falar nisso, o autor e suas obras podem ter até mesmo um caráter bem carregado, já que todos esses fatores deram às palavras dele um profundo tom pessimista.

Assim como você pode ver a seguir:

Adeus, meus sonhos!

Adeus, meus sonhos, eu pranteio e morro!

Não levo da existência uma saudade!

E tanta vida que meu peito enchia

Morreu na minha triste mocidade!

Misérrimo! Votei meus pobres dias

À sina doida de um amor sem fruto,

E minh’alma na treva agora dorme

Como um olhar que a morte envolve em luto.

Que me resta, meu Deus? Morra comigo

A estrela de meus cândidos amores,

Já não vejo no meu peito morto

Um punhado sequer de murchas flores!

Terceira geração romântica ou hugoana

Lá no início deste artigo sobre as principais características do Romantismo, falamos sobre o fato de que os autores românticos não negligenciaram os aspectos sociais, lembra? 

A terceira fase é a melhor prova disso e talvez aquela que já vinha dando os primeiros passos para o que viria a seguir: o realismoAssim, o amor começava a ser visto como possível e os demais sentimentos já davam espaço a preocupações mais realistas.

Ela também ficou conhecida como geração hugoana, devido à influência do célebre escritor francês Victor Hugo. Aposto que você já ouviu falar da obra “Os Miseráveis”, de autoria dele. 

Nela, ainda nos deparamos com algumas idealizações românticas: como a de que o amor e a intuição abrem o caminho da redenção e a possibilidade de construção de uma nova história. 

Por outro lado, sentimos o peso dos primeiros passos da escola literária que viria a seguir através do inevitável declínio da personagem Fantine diante das mazelas e injustiças sociais. 

Já, no Brasil, tivemos Castro Alves, conhecido como “poeta dos escravos”. Outro autor que deixou de lado o egocentrismo e sentimentalismo para dar voz ao que acontecia ao redor. Seus poemas possuem forte caráter abolicionista, assim como você pode ver a seguir: 

Existe um povo que a bandeira empresta

P’ra cobrir tanta infâmia e cobardia!…

E deixa-a transformar-se nessa festa

Em manto impuro de bacante fria!…

Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta,

Que impudente na gávea tripudia?

Parte VI de O Navio Negreiro

Quais são as principais características do Romantismo?

Como você já sabe, o período romântico é conhecido principalmente pelo sentimentalismo. Mas ele vai muito além! A seguir, conheça cada um dos aspectos que moldaram essa escola literária.

1 – Foco nos sentimentos e emoções

Os autores românticos estavam muito imersos no que sentiam. Por isso, acabavam deixando em segundo plano aquilo que ocorria ao redor. 

Logo, é bem marcante nas obras a valorização das emoções, dos sentimentos individuais e da subjetividade do artista. O objetivo era externalizar, através das palavras, as paixões, angústias, ânsias e desejos por meio da escrita.

Assim, o período foi marcado também pela abordagem subjetivista e egocêntrica, colocando os sentimentos dos artistas como protagonistas de suas obras. 

2 – Idealização da vida, do amor e da mulher

“Eu sou mesmo exagerado! Eu quero um amor inventado…”. Cazuza não viveu no período romântico, mas expressou muito bem as idealizações feitas pelos autores da época. 

Nesse sentido, o amor não era simplesmente o amor, a vida simplesmente a vida e a mulher simplesmente a mulher, eles eram aquilo que o escritor queria que fossem. E, com certeza, você já ouviu falar que querer não é poder.

Os artistas românticos sabiam disso e por isso acabavam criando enredos com amores não concretizados ou tragédias. O objetivo era justamente transmitir a sensação de impossibilidade. 

Logo, a existência do belo era possível apenas no campo das ideias. Fora dela, restava somente o pessimismo, a melancolia e o sofrimento. 

Essa contraposição entre idealização e realidade era uma das principais características do Romantismo.

Esse não é o único período e nem o único assunto que você precisa saber para fazer o Enem. Há muitos outros e é isso que deixa a maioria dos estudantes aflitos. Mas pode ser bem mais fácil com um cronograma que te diga o que, como, onde e por quanto tempo estudar em cada dia.

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3 – Valorização da pátria e da natureza

Os autores românticos não olharam apenas para dentro de si mesmos, eles ousaram olhar para a pátria na qual nasceram e valorizar tudo que era referente a ela: passado histórico e cultural, tradições, lendas e costumes nacionais.

Essa valorização do nacionalismo também se relaciona ao desejo de independência e de construção de uma identidade nacional própria. Afinal, lembre-se de que os autores estavam vivendo em meio ao período de proclamação da independência.

Todo o amor pela pátria e exaltação da natureza pode ser visto através da saudade de Gonçalves Dias quando esteve em Coimbra, estudando Direito. Ela foi registrada no poema “A Canção do Exílio”:

“Minha terra tem palmeiras,

Onde canta o Sabiá;

As aves, que aqui gorjeiam,

Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,

Nossas várzeas têm mais flores,

Nossos bosques têm mais vida,

Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,

Mais prazer encontro eu lá;

Minha terra tem palmeiras,

Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,

Que tais não encontro eu cá;

Em cismar — sozinho, à noite —

Mais prazer encontro eu lá;

Minha terra tem palmeiras,

Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,

Sem que eu volte para lá;

Sem que desfrute os primores

Que não encontro por cá;

Sem qu’inda aviste as palmeiras,

Onde canta o Sabiá.”

Para conhecer mais sobre Gonçalves Dias e os demais autores do Romantismo, temos um artigo que pode te ajudar. Confira:

4 – O índio como herói nacional

Os autores românticos foram pioneiros ao dar voz ao índio na literatura, mesmo que essa representação tenha sido idealizada. Ele foi retratado como um herói superior, capaz de superar obstáculos e fazer sacrifícios em nome de seus ideais.

É importante ressaltar que, na literatura brasileira, poucas obras anteriores ao Romantismo deram ao indígena um papel de destaque reservado apenas aos brancos europeus. Assim, o Brasil ganhou o seu herói nacional, que se tornou uma figura emblemática nas obras literárias do período.

5 – Crítica social e ideal abolicionista

Na terceira fase do Romantismo, os escritores começaram a abandonar a abordagem extremamente sentimental  e egocêntrica para dar voz a alguns acontecimentos sociais. Assim, surgiram algumas preocupações muito relevantes, como a referente a escravidão.

Isso não quer dizer que eles tenham se tornado realistas. Ainda havia uma certa magia romântica com a presença de personagens redimidos e a prevalência das emoções sobre a razão. 

Quais as principais obras do Romantismo no Brasil?

O Romantismo foi uma escola literária que representou uma intensa produtividade no Brasil. Por isso, nos deixou relevantes nomes literários. Confira a seguir os principais autores desse período:

  • Gonçalves de Magalhães (1811-1882)
  • Joaquim Manuel de Macedo (1820-1882)
  • Maria Firmina dos Reis (1822-1917)
  • Gonçalves Dias (1823-1864)
  • Bernardo Guimarães (1825-1884)
  • José de Alencar (1829-1877)
  • Manuel Antônio de Almeida (1830-1861)
  • Álvares de Azevedo (1831-1852)
  • Sousândrade (1833-1902)
  • Casimiro de Abreu (1839-1860)
  • Fagundes Varela (1841-1875)
  • Franklin Távora (1842-1888)
  • Visconde de Taunay (1843-1899)
  • Castro Alves (1847-1871)

Caso você queira saber detalhadamente sobre os autores românticos que mais aparecem nas questões do Enem, acesse:

Quais as principais obras do Romantismo no Brasil?

Do patriotismo ao ideal abolicionista, talvez a escola literária romântica tenha sido uma das mais ricas e diversificadas em termos de produção literária. São muitas obras maravilhosas deixadas por ela e a maioria costuma aparecer nas questões do Enem.

Por isso, resolvemos listar as mais importantes para você. Confira:

  • “Suspiros poéticos e saudades (1836), poesias de Gonçalves de Magalhães
  • A moreninha (1844), romance de Joaquim Manuel de Macedo
  • Últimos cantos (1851), poesias de Gonçalves Dias
  • Lira dos vinte anos (1853), poesias de Álvares de Azevedo
  • O noviço (1853), peça teatral de Martins Pena
  • Memórias de um sargento de milícias (1854), romance de Manuel Antônio de Almeida
  • Macário (1855), peça teatral de Álvares de Azevedo
  • O demônio familiar (1857), peça teatral de José de Alencar
  • Os timbiras (1857), poema épico de Gonçalves Dias
  • O guarani (1857), romance de José de Alencar
  • O guesa errante (1858), poema épico de Sousândrade
  • Úrsula (1859), romance de Maria Firmina dos Reis
  • As primaveras (1859), poesias de Casimiro de Abreu
  • As asas de um anjo (1860), peça teatral de José de Alencar
  • Lucíola (1862), romance de José de Alencar
  • Vozes da América (1864), poesias de Fagundes Varela
  • Cantos e fantasias (1865), poesias de Fagundes Varela
  • Iracema (1865), romance de José de Alencar
  • Gonzaga ou A revolução de Minas (1867), peça teatral de Castro Alves
  • A luneta mágica (1869), romance de Joaquim Manuel de Macedo
  • Espumas flutuantes (1870), poesias de Castro Alves
  • Inocência (1872), romance de Visconde de Taunay
  • Ubirajara (1874), romance de José de Alencar
  • Senhora (1875), romance de José de Alencar
  • A escrava Isaura (1875), romance de Bernardo Guimarães
  • O Cabeleira (1876), romance de Franklin Távora
  • Os escravos (1883), poesias de Castro Alves

Caso você queira saber detalhadamente sobre as obras dessa lista que costumam ser favoritas do Enem, acesse:

Curiosidade literária: você sabia?

Você sabia que Machado de Assis fez parte do Romantismo? Não, eu não estou ficando maluca! Ele é sem dúvidas o autor mais famoso da literatura brasileira, com seu magnífico livro realista Memórias Póstumas de Brás Cubas.

Mas, antes de se render aos ideais realistas, o escritor teve uma fase romântica. Um dos livros desta época é “Helena”. Que conta a história de amor dela com Estácio!

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Spoiler à frente.

Ela acaba morrendo, simbolizando a impossibilidade de concretização do amor. Ou seja, há uma idealização tão significativa que o sentimento passa a existir apenas como ideia e termina nunca se materializando de fato. 

Ainda que, em segundo plano, o livro também tem algumas críticas sociais bem sutis, como preconceito e hipocrisia. Mas, no fim, o que fica é o sentimento e o lamento, algo bem típico e que com toda certeza está inserido nas principais características do Romantismo. 

Quer saber mais? Conte com nossos artigos exclusivos e gratuitos para conhecer mais sobre o autor: 

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