Esqueça o sentimentalismo e a ideia de que a vida deveria atender às suas expectativas! Esse é o único modo de mergulhar nas obras realistas e entender quais foram as motivações por trás delas.
O Realismo foi um movimento literário que surgiu no final do século XIX e trouxe consigo críticas sociais, personagens cheios de defeitos e muita ironia. Entre os livros marcantes do período, temos os memoráveis “Madame Bovary” e “Memórias Póstumas de Brás Cubas”.
Esse novo modo de enxergar a arte e os acontecimentos ao redor repercutem até hoje e fez com que o movimento se tornasse um dos mais cobrados no Enem. Por isso, separamos para você quais foram os principais autores do Realismo e como eles mudaram a cara da literatura brasileira.
O que foi o Realismo?
O Realismo foi um movimento literário que surgiu na França, no final do século XIX, com ideias totalmente diferentes da escola literária anterior, o Romantismo. Para entender melhor, imagine o seguinte:
Você tem dois amigos, um deles é supersensível e até meio dramático. Para piorar, ele está sempre encontrando um novo amor e achando que a pessoa é perfeita, sem nenhum defeito e que eles vão casar, ter muitos filhos e serem felizes para sempre.
No fim, nada disso acontece e ele passa meses mergulhado em si mesmo e imaginando como seria se o final perfeito tivesse existido. Já o outro é super engajado, participa de causas sociais, fala sobre política e analisa de forma irônica costumes da sociedade.
Todo mundo conhece pessoas assim! A primeira representa o subjetivismo e idealizações românticas, a segunda a objetividade e o tom crítico típico dos principais autores do Realismo.
E olha só que curioso! Qual dos amigos retratados acima acabam entrando sem querer em alguma confusão? Acontece e é exatamente o que ocorreu com o Realismo.
Ao retratar a vida dessa maneira, sem pudor, o movimento acabou nascendo de uma forma bastante impactante e até gerando alguns desafetos. Inclusive, o livro que o inaugurou, “Madame Bovary”, foi alvo até de processo por ser considerado imoral para época.
No Brasil, a escola literária surgiu com “Memórias Póstumas de Brás Cubas” e seu famoso personagem defunto. Para aprofundar ainda mais seus conhecimentos sobre os principais autores do Realismo e os assuntos que os envolve, liberamos outros artigos gratuitos e exclusivos:
- Escolas literárias: saiba tudo sobre cada uma delas;
- As 6 características do Realismo mais cobradas no Enem;
- Os 8 melhores exercícios sobre Realismo com gabarito;
- O que foi o Romantismo? Resumo e características.
Quais os principais autores do Realismo?
O Realismo nos deixou muitas obras e nomes importantes da literatura, mas alguns costumam ser mais cobrados no Enem e outros vestibulares. Por isso, separamos os que você não pode chegar no dia da prova sem conhecer! Confira:
Machado de Assis
Quem nunca ouviu falar em Machado de Assis? O escritor não só é um dos principais autores do Realismo como também é um dos mais traduzidos ao redor do mundo.
Ele nasceu no Morro do Livramento, no Rio de Janeiro. Filho de uma lavadeira e de um pintor, Machado viu a dura realidade do país desde muito pequeno e isso possivelmente contribuiu para a criação de seus enredos.
O escritor também escreveu contos, poesia, peças teatrais, crônicas e trabalhou como jornalista. Além disso, foi um dos idealizadores da Academia Brasileira de Letras.
Mas nada disso supera o fato de ele ser autor de “Memórias Póstumas de Brás Cubas” e “Dom Casmurro”. O primeiro trouxe algo totalmente inovador em termos de criação literária para época: um narrador defunto. Assim como você pode ver no trecho a seguir:
“Ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver dedico com saudosa lembrança estas memórias póstumas.”
Estar morto permitiu que Brás, o narrador-personagem, relatasse e analisasse os acontecimentos de forma irônica e sem pudor. Um dos objetivos do movimento realista.
E o que falar de Dom Casmurro? Veja no tópico seguinte.
Capitu traiu ou não Bentinho?
Apesar de ter se popularizado nas redes sociais, virado muitos memes e ser a primeira pergunta que os alunos fazem aos professores, essa questão não é nem de longe a mais importante sobre o livro. E já vou adiantando: nunca teremos essa resposta!
Só se perguntássemos ao próprio Machado, mas… Além disso, talvez ele nem quisesse responder. Afinal, essa dúvida é justamente o alicerce do enredo.
Você deve estar se perguntando “Certo, mas então qual é a questão relevante?”. A análise psicológica dos personagens por meio de um narrador não confiável. Vou te explicar melhor!
Bentinho, narrador-personagem, é um homem tomado pela desconfiança e pelo ciúme, o que o torna pouco confiável. Afinal, emoções e sentimentos interferem diretamente na percepção dos fatos, podendo alterá-los consideravelmente.
E é aí que surge outra jogada de mestre do autor, para ver a realidade é preciso se distanciar de si. Então, seria uma crítica à subjetividade e egocentrismo do Romantismo e um convite para olhar o enredo sem levar em consideração as percepções emocionais de Bentinho?
Isso vou deixar para você responder! Abaixo, é possível baixar o livro na íntegra ou ler nosso resumo completo com análise. Aproveite:
Gustave Flaubert
Flaubert nasceu na França e foi justamente um infortúnio que contribuiu para que ele se tornasse um dos principais autores do Realismo. Mas não só! Ele é o criador da obra considerada inaugural do movimento no mundo.
O infortúnio foi uma crise epiléptica que o levou de volta a casa de seu pai. Por lá, ele passou a se dedicar somente à escrita. Já o livro é “Madame Bovary”, considerado imoral para a época.
Mas nem as represálias foram capazes de ofuscar o enredo que simbolizou a morte das ideias românticas e o despertar dos ideais realistas. Na história, Emma Bovary é uma mulher que tem todas as suas idealizações esmagadas por acontecimentos da vida real.
Assim, ela vai de uma adolescência marcada pelas fantasias de livros românticos ao tédio, às decepções, ao declínio e até mesmo a morte diante da realidade. Flaubert também é autor de “Memórias de um louco” e “A tentação de santo Antão”.
Aluísio de Azevedo
Apesar de ter sido um nome mais importante para o Naturalismo do que para o Realismo, Aluísio de Azevedo contribui para o início do movimento. Até porque ambas escolas literárias existiram no mesmo período e tiveram muitas ideias semelhantes, como objetividade e crítica social.
Nascido no Maranhão, Aluísio é o renomado autor de “O Mulato” e “O Cortiço”, duas obras impactantes e essenciais na literatura brasileira. Enquanto “O Mulato” aborda as heranças da escravidão, “O Cortiço” faz uma análise profunda da sociedade carioca do século XIX.
Suas obras são verdadeiros retratos da realidade da época e continuam relevantes até hoje. Por isso, o autor merece estar entre os principais autores do Realismo no Brasil.
Se você quiser entender melhor sobre a atuação do escritor no movimento naturalista, disponibilizamos alguns artigos que podem te ajudar. Confira:
- Principais características do Naturalismo;
- Principais autores do Naturalismo;
- Resumo do livro O Cortiço + análise completa.
Eça de Queiroz
Eça de Queiroz foi um importante autor português pertencente ao movimento literário realista. Escreveu “O Crime do Padre Amarao”, considerada obra inaugural do Realismo em Portugal.
Só pelo nome do livro você já pode ver a ousadia dos autores pertencentes a essa escola literária. Imagina só trazer as palavras padre e crime associadas em um título! Uma afronta ou realidade? Você decide.
Mas o enredo da obra abordava temáticas bem delicadas para época, como a influência que os padres exerciam sobre os civis. Isso abriu espaço para a discussão sobre a manipulação de pensamentos a favor de classes economicamente mais favorecidas.
Eça também é autor de “O Primo Basílio” e “ A Relíquia”. Para saber mais sobre o autor e suas obras, acesse:
Qual o contexto histórico do Realismo?
O Realismo surgiu em meio à ascensão capitalista e à Revolução Industrial, ou seja, mergulhado em profundas, rápidas e significativas transformações na sociedade. O visual das cidades estava sendo modificado com o surgimento de diversas indústrias e aglomerados habitacionais.
Esse crescimento rápido vinha acompanhado de problemas sociais como a miséria, a exploração do trabalho e a desigualdade. Consequentemente, nasciam ideias como o Socialismo e o determinismo.
O primeiro representava uma alternativa ao Capitalismo e às instituições privadas e o segundo a ideia de que o homem é influenciado pelo meio. Além disso, os avanços tecnológicos mudaram a forma como as pessoas encaravam o tempo, viviam e trabalhavam.
Diante de tudo isso, os principais autores do Realismo começaram a construir um novo caminho literário, a do objetivismo, análises psicológicas e crítica social. Logo, surgiram enredos com personagens e ambientes reais, retratando defeitos, fraquezas, pobreza e precariedade.
Quais as principais características do Realismo?
Os enredos nunca surgem do nada, há sempre ideais, anseios e preocupações por trás deles. E é justamente disso que surgem as principais características de qualquer movimento.
Por isso, é tão importante conhecê-las. A seguir, veja as particularidades que envolvem os ideais realistas e se surpreenda com o que motivou os principais escritores do Realismo!
1 – Representação objetiva da realidade: no lugar de sentimentos, emoções e idealizações, o movimento realista descreveu a realidade de forma bem objetiva, procurando retratar a vida cotidiana da maneira que ela realmente é.
2 – Observação minuciosa: para ser o mais fiel possível à realidade, os escritores realistas não pouparam detalhes, tanto psicológicos quanto físicos. Até os ambientes eram minuciosamente descritos, tudo para envolver o leitor na trama e fazê-lo entender o que de fato acontecia.
3 – Crítica social: as principais obras realistas trazem em seus enredos questões políticas e sociais da época. Por isso, os artistas do movimento ficaram conhecidos por denunciar expor injustiças e desigualdades.
4 – Enfoque nos personagens comuns: pessoas reais têm defeitos, e muitos! E os principais autores do Realismo faziam questão de deixar isso bem claro em seus enredos. Assim, mostravam tanto o lado bom quanto o lado ruim de seus personagens.
5 – Linguagem clara e objetiva: os escritores realistas não empregavam subjetivismo e sentimentalismo em seus enredos justamente para não criar idealizações ou duplas interpretações. A ideia era mostrar a realidade de forma clara, sem expectativas e também popularizar a escrita, possibilitando que qualquer um pudesse ler e entender o que estava sendo dito.
Está curtindo saber quais foram os principais autores do Realismo? Conheça também as principais obras do Romantismo.
Quais as principais obras do Realismo?
Não tem como entender sobre os principais autores do Realismo e o que os motivaram sem conhecer suas obras. Por isso, listamos as principais e mais cobradas em vestibulares como o Enem.
Não esqueça de dar uma atenção especial a elas! Confira:
- Madame Bovary (1857), de Gustave Flaubert
- Crime e castigo (1866), de Fiódor Dostoiévski
- Middlemarch (1872), de George Eliot (Mary Ann Evans)
- O crime do padre Amaro (1875), de Eça de Queirós
- Memórias póstumas de Brás Cubas (1881), de Machado de Assis
- Pedro e João (1888), de Guy de Maupassant
- Effi Briest (1895), de Theodor Fontane
- O pai Goriot (1897), de Honoré de Balzac
- Dom Casmurro (1889), Machado de Assis
- O Ateneu (1888), Raul Pompéia
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Entender sobre os principais autores do Realismo vai te ajudar muito nos vestibulares. Afinal, é uma das escolas literárias favoritas de quase todas as instituições. Mas não basta conhecer um assunto, sem entender como ele é cobrado.
Pois o vestibular é cheio de pegadinhas! Para não cair nelas, faça o Simulado Beduka!
Ele utiliza o método TRI, o mesmo do Exame. Ou seja, a nota que você tirar no simulado será muito semelhante à que você tiraria na prova.
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Obrigado por ler até o fim este artigo sobre os principais autores do Realismo. Sucesso e bons estudos!