História

O que foi a Idade Média? Principais características

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O que foi idade média? A Idade Média foi o período da história que se estendeu do século V ao século XV. Começou com a queda do Império Romano do Ocidente, em 476, e seu fim se deu com a tomada de Constantinopla pelos turcos, em 1453. Comumente é chamada de “Idade das Trevas”, mas os últimos historiadores revelam algumas surpresas!

Por ser um tema bastante frequente nos vestibulares, o Beduka preparou um artigo explicando o que foi a Idade Média. Clique em um dos tópicos abaixo para ir diretamente ao seu conteúdo:

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Antecedentes da Idade Média

A Idade Média foi o período da história que se iniciou no século V, após a queda do Império Romano do Ocidente. Duas das principais causas da queda foram as invasões bárbaras e as crises internas deste império.

O Império Romano era símbolo de grandiosidade no início, conseguiam manter muitas terras e diferentes povos unidos pela tolerância às culturas locais, desde que os povos também prestassem tributos ao imperador. 

Além disso, sua cultura treinava os jovens para serem guerreiros desde cedo, tendo um aspecto familiar e militar marcante. 

Porém, anos antes do cristianismo surgir, a sociedade romana deixou sua estrutura tradicional e cada grupo social vivia conforme suas próprias filosofias helenistas. A sociedade virou um caos e foi se desorganizando.

Além disso, surge o cristianismo que é duramente perseguido pelo império. A impopularidade do sistema cresce e, com as conversões dos pagãos, passam a discordar também desse modelo vigente.

Por fim, temos os povos germânicos que habitavam nas fronteiras do Império Romano. Como a estrutura familiar e militar romana foi se perdendo, os guardas das fronteiras não resistiram às invasões bárbaras que ainda tinham uma cultura militar forte.

Os bárbaros germânicos começaram a invadir e saquear as cidades romanas, levando as famílias a procurar o campo, que era considerado mais seguro. Isso tudo levou ao início de um processo de ruralização em toda a Europa ocidental.

No lugar do Império Romano, surgiram inúmeros reinos independentes e fragmentados. Mais tarde, eles formariam a sociedade feudal, onde a ruralização, o poder fragmentado e a religião seriam aspectos fortes. 

Resumo da Idade Média

Em resumo, a queda do império romano foi causada pelas crises internas e as  invasões bárbaras. Como consequência, houve uma ruralização da sociedade. Assim, é no século V que a Idade Média passa a ser contada, marcando o fim da Idade Antiga.

O medievo durou até o século XV, ou seja, teve uma duração de 1000 anos (aconteceu entre os anos de 476 e 1453).

Um erro muito comum é querer se referir a todo esse período como se fosse algo homogêneo. Na realidade, a Idade Média é heterogênea, por isso é analisada em 2 momentos diferentes: Alta Idade Média e Baixa Idade Média. 

Não deixe de conferir os exercícios sobre a Idade Média.

Resumo da Alta Idade Média

A Alta Idade Média foi um período de muita instabilidade e insegurança, que se estendeu do século V ao século IX. Alguns aspectos desse período podem ser destacados, entre eles: 

  • Reinos Germânicos: os germânicos, também conhecidos como bárbaros, se estabeleceram ao longo das fronteiras do Império Romano. Os germanos invadiam e saqueavam as cidades romanas e formaram vários Reinos Germânicos dentro do território romano.
  • O Sistema Feudal: o feudalismo se iniciou no século V, na Europa Ocidental, devido à crise do Império Romano. Os reinos eram pequenos, separados, autossuficientes e rurais. Os servos trocavam sua liberdade e trabalho pela proteção militar que os senhores feudais forneciam. Havia ainda as relações de suserania (senhor) e vassalagem (aliado), em que o dono das terras dividia seus territórios para outros governarem em troca de fidelidade militar.
  • A Igreja e o Sacro Império: A Igreja Medieval teve um papel essencial na sociedade. O grande objetivo era zelar pela uniformidade dos princípios do cristianismo e promover a conversão dos pagãos. Inclusive, um dos maiores reis da época, que foi rei da França, era um bárbaro casado com uma convertida católica. Ela conseguiu mudar o coração do marido com o tempo e ele também se converteu. Assim os territórios fragmentados começaram a se unificar.
  • Império Bizantino: estabelecido em Constantinopla, na parte oriental do Império Romano, o Império Bizantino foi a parte que sobreviveu às invasões bárbaras e perdurou por todo o período medieval.
  • Os Árabes e o Islamismo: Como resultado das guerras empreendidas por Maomé, nascem no Oriente Médio em 630, o Islão na península arábica. Aos poucos, o Islamismo se expandiu por um grande território, conquistando terras da Ásia, África e Europa. Eles matavam e saqueavam o que havia pela frente, sendo freados mais tarde, na Baixa Idade Média.

Resumo da Baixa Idade Média

A Baixa Idade Média é o período que vai do século X ao século XV. Podemos destacar alguns aspectos desse período, entre eles:

  • Crise do feudalismo e surgimento dos burgos (cidades);
  • As cruzadas e a expansão das sociedades cristãs;
  • O ressurgimento urbano na Europa;
  • O renascimento comercial europeu;
  • A formação das monarquias nacionais europeias;
  • A cultura medieval;
  • O Renascimento.

A Idade Média teve seu fim na queda do Império Bizantino, que aconteceu na tomada de Constantinopla pelo Império turco-otomano em 1453. A partir daí, começa a Idade Moderna.

Como era a sociedade na Idade Média?

Durante toda a Idade Média, a sociedade que prevaleceu vivia de maneira hierarquizada e a mobilidade social era rara. A posição social dos indivíduos era determinada pela posse de terras, que era a principal demonstração de poder na época. 

  • O Senhor Feudal detinha a posse da terra, o poder político, militar e até religioso, caso ele fosse um clérigo ou ameaçasse a Igreja com suas tropas. Ele era parte da nobreza
  • O clero era responsável pela salvação espiritual de todos. Era constituído por padres, bispos, monges, freis e freiras. Dependendo da ordem, podiam viver isolados, em meio ao povo fazendo obras ou no castelo do senhor feudal. Alguns camponeses tornavam-se religiosos ou capitães, assim como também nobres se tornavam membros do clero.
  • Os guerreiros eram militares com a tarefa de zelar pela segurança do reino. Quase sempre eram vindos da nobreza, pois havia toda uma questão de sangue e linhagem. Porém, há relatos de camponeses que demonstraram atos de bravura e fidelidade, podendo ser admitidos na guarda.
  • Os servos e camponeses não eram proprietários da terra, era como os cidadãos comuns da sociedade e executavam o trabalho braçal e de produção. Eles estavam presos àquele feudo por conta das obrigações impostas pelo senhor. Eles não podiam ser vendidos como os escravos antigamente, mas não podiam deixar a terra sem liberação.

Resumo das Principais Características da Idade Média

Quando falamos em Idade Média, a primeira coisa que vem à mente é o que ouvimos em história, mitos, lendas, filmes, séries e jogos. 

Independente de estarem situadas na Alta ou Baixa Idade Média, há temas bem recorrentes que caracterizam genericamente esse período:

  • Igreja Católica;
  • Inquisição;
  • Cruzadas;
  • Peste Negra;
  • Idade das trevas;
  • Teatros, poesias e contos cavaleirescos.

Vamos entender o que aconteceu em cada um desses fatos!

Peste Negra

Durante o século XIV, a peste negra devastou cerca de um terço dos habitantes da Europa, que morreram por conta da doença. A peste era transmitida através da picada de pulgas que estavam em ratos infectados

Esses ratos chegaram à Europa nos porões de navios que vinham do Oriente. As cidades durante o período medieval não possuíam condições sanitárias adequadas, por esse motivo, os ratos se espalharam rapidamente pela Europa. 

Os burgos e a urbanização começaram a surgir e tudo era espontâneo e desorganizado. Além disso, as casas eram simples, com poucas divisões internas e famílias numerosas. Esse conjunto de cenários favoreceu a proliferação da peste.

Os doentes apresentavam febre, mal estar e bolhas de sangue por todo o corpo. Após infectadas, as pessoas não resistiram por muitos dias.

A Igreja Católica na Idade Média

A Igreja Católica surgiu antes do Império Romano, mas durante esse período ainda era perseguida, ser católico cristão era proibido. Quando Constantino permitiu o culto cristão, a Igreja Católica se consolidou como a mais importante instituição da Europa.

Durante a Idade Média, a maior parte da sociedade acreditava na existência de Deus e já era católica, já que desde o império romano havia conversões em massa mesmo em meio às perseguições.

Naquele período, não havia unidade social ou política, tudo era descentralizado. O único vínculo de unidade que existia era o da fé cristã. Foi assim que a Igreja Católica se tornou o elemento de união entre os feudos, apesar da segregação.

Muitos reinos entravam em conflito entre si e estes eram amenizados a pedido da igreja, que criava o sentimento de uma cristandade unida contra os ataques islâmicos e bárbaros.

Arte e literatura medieval

Apesar das invasões bárbaras e a destruição dos patrimônios clássicos, a Igreja foi quem preservou livros importantes como os de filosofia e literatura da antiguidade. Todo o conhecimento era conservado nas bibliotecas dos mosteiros e estudado pelos clérigos.

Desde a antiguidade, era comum que a maioria da população fosse analfabeta porque dedicava tempo ao trabalho da agricultura e artesanato. Só quem nascia em família rica, (filósofos e nobres) ou quem se tornava clérigo, é que tinha tempo para alfabetização.

Os freis eram incentivados ao estudo da filosofia e teologia para compreender as Sagradas Escrituras. Assim, surge a Patrística e a Escolástica

A Igreja também fomentou a criação de universidades, que inicialmente eram para os clérigos e se tornou casa de acolhida de viajantes e troca de conhecimento. 

Havia o estudo das Artes liberais, o conjunto das disciplinas: aritmética, geometria, astronomia, música, gramática, retórica e lógica. 

A arte era usada como forma de transmitir o conhecimento aos analfabetos, sendo primeiro a Românica e depois a Gótica. Aqui foram desenvolvidos os vitrais, arquitetura e novos conceitos da escultura em metais.

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Mais ao final, os nobres produziam um tipo de literatura musical conhecida como Trovadorismo. Eles narravam os feitos dos cavaleiros, nobres e batalhas das cruzadas.

As Cruzadas

Durante a Idade Média, um movimento que ficou bastante conhecido foram as chamadas Cruzadas

Os muçulmanos e árabes haviam tomado a cidade sagrada de Jerusalém e, frente a isso, o papa Urbano II convocou a primeira Cruzada que tinha como objetivo a retomada da Terra Santa

Os cruzados, como ficaram conhecidos os expedidores, foram assim chamados por carregarem uma grande cruz estampada nas vestimentas. As cruzadas foram guerras de defesa. 

Os muçulmanos estavam matando os peregrinos cristãos que caminhavam rumo a Jerusalém, fazendo escravos e estuprando aqueles que optavam por não se casar para serem freiras ou freis.

Os cristão organizavam voluntariamente e sem financiamento os exércitos cruzados para se defender dos ataques. Foi assim que os muçulmanos foram impedidos de dominar toda a Europa, África e Ásia.

Por fim, muitos senhores feudais começaram a usar das cruzadas para financiar falsos cavaleiros. Estes iam em meio às guerras para conquistar comércio, rotas e produtos, saquear cidades e pessoas.

A Inquisição

Quando a idade média começou, os bárbaros tomaram o império romano e o catolicismo foi a única instituição que resistiu, ainda que fossem perseguidos. O cristianismo se expandia e muitos bárbaros também começaram a se converter.

Porém, a sociedade bárbara não tinha o conhecimento filosófico e a estrutura civilizacional que os romanos tinham. Mesmo convertidos, havia uma mistura muito forte de seus hábitos culturais anteriores. 

Se por um lado eles tentavam viver o que a Igreja Católica pregava, por outro eles continuavam a resolver seus conflitos com as práticas violentas anteriores. 

Com a propagação do conhecimento em maior escala, muitos grupos que se diziam católicos começaram a desenvolver novas ideias para mudar a Igreja Católica, estes eram chamados de hereges.

A população que queria permanecer fiel à Igreja, começou a fazer justiça com as próprias mãos contra os hereges. Ou eles saíam da Igreja e do reino para viver segundo suas convicções, ou eles se convertiam ou seriam mortos. 

Vendo este retorno aos hábitos bárbaros, a Igreja recorreu ao Direito Romano para instituir um tribunal. O tribunal da Inquisição julgava somente os católicos acusados de heresia, instituindo o direito à legítima defesa e a presunção de inocência.

A partir de então, apenas os católicos desobedientes seriam avaliados conforme a evidência dos fatos. Se confirmasse a heresia, seria dada a chance de conversão ou uma punição proporcional.

Contudo, alguns reis usavam de seu poder para comprar bispos e padres infiéis do tribunal eclesial. Institui-se então o tribunal secular, em que as penas eram exageradas e desviavam os ensinamentos cristãos em prol do rei e dos clérigos infiéis.

Aqui surgem as primeiras condenações injustas e acompanhadas de tortura. Ainda assim, as máquinas de tortura que vemos nos filmes não datam da Idade Média, mas do seu fim que corresponde ao início da Idade Moderna (sec XVII – XVIII). 

Malleus Maleficarum foi um livro de caça às bruxas lançado em 1484 pelos inquisidores medievais Heinrich Kraemer e James Sprenger, mas foi prontamente recusado e excomungado pela Igreja. 

Inclusive, a campanha de caça às bruxas só foi institucionalizada na Idade Moderna. Elas tomaram grandes proporções quando os protestantes fizeram um vasto uso na colônia Inglesa (Salem). 

Mais tarde, a Igreja transformou o tribunal da Inquisição no que hoje chamamos de Congregação para a Doutrina da Fé, afastando os clérigos e governantes que queiram intervir injustamente e a carga preconceituosa que ficou.

Porque Idade das Trevas?

Quando pensamos em Idade Média, sempre vem à mente o termo Idade das Trevas. Há um grande abismo entre o medievo retratado nos filmes, ora com muito terror e ora com muita emoção e aventuras.

Para entendermos isso, é preciso saber que no fim da Idade Média surgem o Absolutismo, o Renascimento, o Iluminismo e a Reforma Protestante. Nessa época, a imprensa foi inventada e a razão e o homem considerados mais importantes do que a fé.

Como a obrigatoriedade escolar e o prestígio universitário surgem como proposta de reis absolutistas de diversas correntes ideológicas, o conhecimento que se produz nessa época é influenciado por isso. 

Portanto, grande parte da historiografia que usamos vem da Idade Moderna, e seu conteúdo sobre a Idade Média está influenciado pelo seu contexto histórico. 

A população medieval era muito apegada a sua fé, seria preciso diminuir esse fator para que os reis tivessem poder absoluto e a burguesia prosperasse sem impedimentos morais.

O próprio nome “Idade Média” é um exemplo disso. Médio é aquilo que está entre duas coisas (a Antiguidade Clássica e o Renascimento de seus valores). Portanto, o que houve nesse meio, não foi importante para as referências da Idade Moderna.

Além disso, o final da Idade Média foi marcado pela Peste Negra, pelo mau uso da Inquisição e pela mistura da fé católica com as superstições bárbaras. Tudo isso cria uma visão negativa, como explicamos nos tópicos anteriores.

Porém, precisamos lembrar que qualquer Idade Histórica não deve ser reduzida a estereótipos. O Medievo teve maus e bons acontecimentos, como o surgimento das universidades, hospitais, conservação dos clássicos e início das artes liberais e científicas.

Historiadores contemporâneos têm se dedicado a estudar melhor a Idade Média, usando fontes de outras épocas além da Modernidade. É assim que, aos poucos, muitos mitos têm sido esclarecidos.

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Redação Beduka
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